LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
Como
viver o Espiritismo
Quando Allan Kardec foi
questionado de que forma
poderíamos viver
o Espiritismo, ou seja,
de que maneira
poderíamos ser
espíritas
verdadeiros, a resposta
dele não deixou dúvidas:
“vós tendes uma senha
que é compreendida de um
ao outro extremo do
mundo: a caridade”. Essa
resposta nos dá a exata
medida de como deve ser
a nossa atitude em
relação à Doutrina.
Precisamos “encarnar” a
mensagem espírita em
nossas atitudes no
mundo, de maneira a
mostrar a esse mesmo
mundo a grandeza do que
abraçamos, e não somente
aparentarmos essas
atitudes pelo simples
fato de frequentarmos
uma casa espírita, ou
porque compreendemos
seus postulados.
A mensagem espírita
“Fora da caridade não há
salvação”, uma das
bandeiras do
Espiritismo, nos remete
a pensar na necessidade
de colocar em prática,
de forma urgente e
definitiva, o maior
mandamento que Jesus nos
deixou como ponto de
partida para o nosso
progresso: “Ama a Deus
sobre todas as coisas e
ao próximo como a ti
mesmo”. E não existe, no
nosso entendimento,
melhor forma de
vivenciar esse
ensinamento senão pela
prática da caridade para
com todos.
Mas, o que é caridade?
O Evangelho segundo o
Espiritismo, em seu
capítulo 13, diz que
caridade é amor em
movimento. Assim,
qualquer atitude,
palavra ou pensamento no
bem, endereçado a
alguém, é movimento de
forças do Amor em
benefício do outro e,
principalmente, de quem
o pratica.
É difícil conquistar
esse entendimento? Nem
tanto. Jesus veio em
nosso socorro quando nos
alertou para a
necessidade de nos
colocarmos no lugar do
outro antes de agirmos.
O “não faças ao outro o
que não queres que seja
feito a ti”; o “perdoai
para serdes perdoado”; o
“buscai e achareis” são
apenas alguns exemplos
do sentimento de
caridade que podemos ter
para com o outro. Assim,
percebendo as
consequências dos nossos
atos ou de nossas
palavras no coração
alheio, poderemos
avaliar o mal que
estamos fazendo, pois
nossos corações também
sangrariam se alguém
agisse da mesma maneira
conosco; perdoando
aquele que nos ofendeu,
às vezes sem perceber
que o fazia, estaremos
agindo com caridade duas
vezes: a primeira, para
conosco mesmos porque um
grande fardo sairá do
nosso coração; e, na
segunda, porque
estaremos dando ao outro
a oportunidade de se
corrigir ao ver em nós
um exemplo real de
entendimento fraterno;
e, buscando ajudar
àquele que sofre dores
morais ou físicas,
levando às vezes,
tão-somente, um sorriso
amigo, encontraremos
mais adiante alguém que
nos ajudará quando
formos nós os
necessitados de
caridade.
Pensamos quase sempre no
bem material –
necessário sem dúvida,
mas não tão importante
quanto a moral – ao nos
referirmos à caridade e,
no entanto, são inúmeras
as formas pelas quais
ela pode se manifestar:
no benefício do ombro
amigo, na carta
consoladora, nas
palavras de esperança,
no fortalecimento da fé,
na alegria
compartilhada, na
indulgência com os
enganos alheios, na
visita ao doente, no
abraço fraterno, no pão
que alimenta... São
tantas as faces pelas
quais a caridade se
manifesta que
dificilmente, por menos
recursos que tenhamos,
não deixaremos de
encontrar alguma forma
de praticá-la. Não se
poderá dessa maneira
dizer-se espírita
sem buscar essa
consciência espírita
dentro de nós, através
da renovação dos nossos
sentimentos em vista do
que aprendemos: “Fora da
caridade não há
salvação”.
O importante é não
esperarmos nos
santificar para iniciar
a tarefa. Não
necessitamos nos tornar
bons primeiro para
depois trabalhar no bem.
O dia para esse início é
hoje e o momento é
agora. Não há mais por
que adiarmos a nossa
renovação, e só
conseguiremos essa
vitória se entendermos
que a caridade se
concretiza em nossas
vidas, sobretudo em
nossos corações, quando
aprendermos a silenciar
os nossos lábios e
nossos pensamentos em
relação ao que
praticamos.
Somente Deus precisa
saber do bem que
fazemos. Somente nossa
consciência poderá nos
dizer se estamos no
caminho certo.
Bibliografia:
Kardec,
Allan – O Evangelho
segundo o Espiritismo
– Cap. 13.
Revista Internacional de
Espiritismo
– fevereiro de 2005,
Casa Editora O Clarim,
Matão, SP, pp. 20 e 21.