Freud no divã
A Ciência não é
mais que o
conjunto das
concepções de um
século, que a
Ciência do
século seguinte
ultrapassa e
submerge. (Léon
Denis)
Introdução
É muito comum a
uma classe de
detratores do
Espiritismo se
apoiar no pai da
Psicanálise,
Sigmund Freud
(1856-1939),
como base para
explicar os
fenômenos
espirituais.
Esse grupo é
composto de
pseudoparapsicólogos,
todos de origem
Católica, que,
não tendo
elementos na
Parapsicologia
para refutar a
realidade da
manifestação
espiritual,
recorrem ao tal
de “Freud
explica”, usando
e abusando do
inconsciente
individual e do
coletivo, como
poderosos
armamentos que,
segundo eles,
aniquilariam as
teses
espíritas.
A ligação que
estamos fazendo
à Igreja
Católica não tem
o sentido de
denegrir
|
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essa
milenar
instituição
religiosa,
mas
apenas
mostrar
a
contradição
desses
nossos
sistemáticos
opositores.
Apesar
do
catecismo
católico
ensinar
que o
homem
tem uma
alma e
que ela
após a
morte do
corpo
físico,
futuramente,
quando
do dia
do
juízo,
irá
ressuscitar,
eles, os
pseudo-parapsicólogos
católicos,
em tese
contrária,
dizem
que “não
existem
espíritos
humanos
sem
corpo
material
ou
ressuscitado”.
Veja
bem,
caro
leitor,
como
tais
idéias
se
justapõem
às dos
materialistas
que não
acreditam
em
qualquer
coisa
espiritual. |
Oportuno seria
colocarmos as
observações de
J. Herculano
Pires, que, em
vida, foi um
estudioso da
Parapsicologia,
sobre essas
pessoas:
Quando,
pois, um
pretenso
parapsicólogo se
propõe a
“ensinar” que a
parapsicologia
nega a
existência de
espíritos, de
comunicações
espirituais, de
princípios
religiosos e
filosóficos,
como da
reencarnação e o
da existência de
Deus, os seus
diplomas e
certificados não
têm sequer o
valor de
atestado de
informação sobre
o assunto.
(PIRES, 1987, p.
25).
É interessante
como certas
coisas
acontecem.
Vejamos:
Os fenômenos
espíritas, que
revelavam
inteligência,
não eram simples
efeitos dos
processos
biológicos e
fisiológicos.
Eram fenômenos
muito mais
complexos, que
podiam provir da
mente ou das
entranhas
humanas, mas
também podiam
ser produzidos
por forças ainda
não
suficientemente
conhecidas, como
o magnetismo
natural, a
eletricidade,
energias e
elementos
procedentes de
regiões ainda
não devassadas
da própria
consciência
humana. O
inconsciente era
uma incógnita.
Kardec o abordou
quando Freud
estava ainda na
primeira
infância. Kardec
deu à Revista
Espírita, órgão
que fundou para
divulgar seus
trabalhos e
pesquisas de
opiniões, o
subtítulo de
Jornal de
Estudos
Psicológicos,
provando já
estar convencido
de que
enfrentava os
problemas do
psiquismo
humano. (PIRES,
1988, p. 54).
Tendo a
Parapsicologia
como origem os
fenômenos
espíritas, como
explicar que
alguns
parapsicólogos
hodiernos vêm
negar tais
fenômenos? A
explicação é
fácil, assim
como o
Espiritismo
nasceu na
França, também
veio de lá a
Parapsicologia
reducionista de
Robert Amadou,
católico-tomista.
Ela é a
preferida dos
nossos
contraditores
católicos que
tentam, por
todos os meios
que lhes são
possíveis,
combater o
Espiritismo, mas
nós sabemos o
por quê disso,
pois “é fato
bastante
conhecido que o
ponto de vista
de cada qual
influi
fortemente sobre
o ponto de vista
de cada qual! Em
outras palavras,
o que se vê
quando se
observa, está
condicionado
pelo ponto em
que nos
colocamos quando
observamos”.
(WILKINSON,
2003, p. 210).
Esse fato nos
faz acreditar
ainda mais nos
princípios
espíritas, pois
pensamos que se
o Espiritismo
não tivesse
realmente algo
de valor não
seria tão
sistematicamente
atacado. E como
cremos que a
verdade não
necessita ser
imposta, que os
que querem
convencer aos
outros que estão
com ela, na
realidade não
estão, pois ela
é tão cristalina
que não
necessita de
absolutamente
nada para
convencer a não
ser ela mesma.
Temos dito que
se não existir
alguma coisa
após a nossa
morte qual seria
a utilidade de
nascermos numa
família?
Poderíamos muito
bem ter um
comportamento
igual ao dos
animais, que
nenhum vínculo
familiar
estabelece com
sua prole e em
sua maioria o
relacionamento
com os parceiros
se resume apenas
no ato de
procriar.
Interessante
também é que a
maioria desses
contraditores
devem se julgar
os únicos
dotados de
inteligência, já
que só as teses
que defendem são
as verdadeiras,
apesar de não
estarem
alinhadas,
primeiro com
seus princípios
religiosos,
segundo com os
da
Parapsicologia
moderna.
Opiniões
irretorquíveis
sobre o
Espiritismo
O professor
Charles Richet,
da Academia de
Medicina de
Paris, criador
da Metapsíquica,
origem da atual
Parapsicologia,
conforme Léon
Denis, termina o
seu artigo sob o
título “Deve-se
estudar o
Espiritismo”,
publicado nos
“Annales des
Sciences
Psychiques”, em
1905, dessa
forma:
“1º -
Não há
contradição
alguma entre os
fatos e teorias
do Espiritismo e
os fatos
positivos
estabelecidos
pela Ciência. 2º
- O número dos
escritos,
memórias,
livros,
narrações,
notas,
experiências, é
tão considerável
e firmado por
autoridades
tais, que não é
lícito rejeitar
esses inúmeros
documentos sem
um estudo
aprofundado. 3º
- A nossa
ciência
contemporânea se
acha tão pouco
adiantada ainda
relativamente ao
que serão um dia
os conhecimentos
humanos, que
tudo é possível,
mesmo o que mais
extraordinário
se nos
afigura... Em
lugar, portanto,
de parecer
ignorarem o
Espiritismo, os
sábios o devem
estudar.
Físicos,
químicos,
fisiologistas,
filósofos,
cumpre que se
deem ao trabalho
de tomar
conhecimento dos
fatos espíritas.
Um longo e árduo
estudo é
necessário. Será
indubitavelmente
frutuoso”.
(DENIS, 1987, p.
33).
E falando sobre
as experiências
de Willian
Crookes, o
renomado sábio
inglês, afirma
Richet que elas
“são de granito”
(PIRES, 1987, p.
83). Crookes
realizou
experiências
relacionadas às
materializações
de Espíritos,
tendo inclusive
tirado várias
fotografias
daquele que se
apresentava com
o nome de Katie
King, através da
mediunidade de
ectoplasmia de
Florence Cook.
Herculano Pires
nos informa que:
Charles
Richet, prêmio
Nobel de
Fisiologia e
fundador da
Metapsíquica,
discordante de
Kardec, declarou
no seu próprio
Tratado de
Metapsíquica,
que Kardec era
quem mais havia
contribuído para
o aparecimento
das novas
ciências, e
lembrou que
Kardec jamais
fizera uma
afirmativa que
não estivesse
provada em suas
pesquisas.
(PIRES, 1987, p.
55).
Deve-se a Joseph
Banks Rhine,
professor
catedrático de
filosofia e
psicologia na
Universidade de
Duke, EUA, o
surgimento da
Parapsicologia.
Sua esposa, Sra.
Louisa Rhine,
colaboradora de
sua obra,
publicou o livro
Os canais
ocultos do
espírito, em
que “reconhece
que uma parte
significativa
dos fenômenos
psíquicos
somente pode ser
explicada
através da
hipótese
espirítica” (LOEFFLER,
2003, p. 312),
conclusão que
teve o apoio do
próprio J. B.
Rhine em O
Novo Mundo da
Mente
(PIRES, 1987, p.
25).
Continuando com
o pensamento de
Herculano Pires:
Convém
deixar bem claro
que alguns
parapsicólogos
de renome
mundial, sérios
e altamente
capacitados,
chegaram a
sustentar, com
base nas ilações
que tiraram de
suas
investigações, a
supervivência da
mente após a
morte física. O
Prof. Whately
Carington, da
Universidade de
Cambridge,
responsável
pelas famosas
experiências de
telepatia com
desenhos que
forneceram as
primeiras provas
científicas da
precognição,
chegou a
formular uma
teoria
parapsicológica
da existência
post-mortem. O
Prof. Harry
Price,
catedrático de
lógica da
Universidade de
Oxford, sustenta
a mesma tese
afirmando que a
mente humana
sobrevive à
morte e tem o
mesmo poder da
mente do homem
vivo, de influir
sobre outras
mentes e sobre o
mundo material.
O Prof. Soal, da
Universidade de
Londres,
realizou com
êxito
experiências com
“voz-direta”,
nas quais a voz
do comunicante
vibra no espaço
independentemente
do sensitivo ou
médium. (PIRES,
1987, p. 25).
Loeffler,
citando Louisa
Rhine,
transcreve, do
livro dela já
mencionado,
passagens nas
quais ela avalia
a hipótese da
sobrevivência:
“Viverá
depois da morte
alguma parte do
Homem? Certas
experiências de
psi sugerem
respostas
afirmativas.
Realmente, a
idéia da vida
post mortem
viu-se reforçada
pelas
ocorrências
psíquicas que
sugerem atuação
de pessoas
desaparecidas.”
(p. 233).
“É
razoável supor
que, se existem
personalidades
desencarnadas
capazes de
influir sobre os
vivos e com eles
manter
comunicação,
assim o farão
com certo grau
de frequência. É
possível que a
prova esteja à
mão, sendo
necessária
tão-somente
abrir os olhos
para vê-la. (p.
254).
“À
proporção que
compreendemos
ser o mundo mais
vasto do que
parece, e que
somos mais do
que os mortais
acorrentados aos
sentidos que o
estádio
mecanicista da
ciência pretende
nos convencer de
que somos,
apreciaremos o
universo
expandido.
Veremos que, se
dispomos desse
potencial, o
universo será
maior do que se
afigura.
Compreenderemos
que, pelo menos
logicamente, há
espaço bastante
para continuação
da parte da
personalidade
depois de terem
cessado de
funcionar os
sentidos. (p.
258)”. (LOEFFLER,
2002, p.
313-314).
Freud no divã
A primeira
contestação a
Freud surgiu de
um de seus
discípulos,
chamado C. G.
Jung, que acabou
formando uma
escola dentro da
Psicanálise. Sua
opinião está
expressa no
livro
Psicologia do
Inconsciente,
onde a certa
altura diz:
“A
teoria sexual da
neurose
freudiana
fundamenta-se,
portanto, num
princípio
verdadeiro e
real. Comete, no
entanto, o erro
da
unilateralidade
e da
exclusividade,
além da
impudência de
querer apreender
Eros, que nunca
se deixa
capturar numa
grosseira
terminologia
sexual. Neste
ponto Freud é
também um dos
representantes
da sua época
materialista,
que nutria a
esperança de
resolver todos
os enigmas do
mundo num tubo
de ensaio. O
próprio Freud,
depois de velho,
reconheceu essa
falta de
equilíbrio de
sua teoria e
contrapôs a
Eros, que chamou
de libido, o
instinto de
morte, ou de
destruição”.
(JUNG, 2001, p.
20).
No Prefácio
desse livro,
encontramos uma
opinião de Jung
que não
poderemos deixar
de citar,
porquanto, ela
vem reforçar
este nosso
estudo; leiamos:
“Matérias
difíceis e
complexas como a
psicologia do
inconsciente não
se prestam
apenas a novas
descobertas, mas
também a
equívocos.
Trata-se de uma
vasta área
virgem, em que
penetramos a
título
experimental,
onde só é
possível atinar
com o caminho
certo depois de
errar por muitos
desvios”. (JUNG,
2001, p. XI).
Mas, ao que nos
parece, hoje
alguns
parapsicólogos
(ou pelo menos é
o que dizem ser)
sabem mais que
Jung.
Em outubro/2002
a revista
Superinteressante
trouxe como
reportagem de
capa: “O fim da
Psicanálise?”,
cujo artigo está
assinado por
Rodrigo
Cavalcante, do
qual
transcrevemos:
Apesar
de tão popular,
a psicanálise
(nome que Freud
deu a esse
método, em 1896)
nunca foi alvo
de tantas
críticas como
nos últimos
anos.
Neurologistas e
estudiosos da
mente dizem que
boa parte dela
está mais
próxima da
ficção do que da
ciência e que as
obras de Freud
hoje não passam
de boa
literatura (ele
escrevia muito
bem).
Psicólogos
sociais acusam a
ênfase dada por
Freud às
relações
familiares e à
sexualidade como
modelos
limitados de
interpretação do
sofrimento
psíquico,
propondo novos
caminhos para
cuidar dos
problemas
existenciais.
[...].
“Só
quem tem pouco
bom senso
levaria hoje a
sério a maioria
das idéias de
Freud”, diz a
psicóloga Sophie,
professora da
Faculdade
Simmons, em
Boston, nos
Estados Unidos.
Sua declaração
seria mais uma
dentre o coro de
críticos de
Freud, não fosse
por um detalhe
importante. O
último nome de
Sophie é Freud.
Isso mesmo: a
neta do fundador
da psicanálise
disse à SUPER
que é bastante
cética diante
das teorias do
avô e acha que
pouca coisa de
suas teses ainda
pode ser
considerada.
(CAVALCANTE,
2002, p. 44).
(grifo nosso).
Observar que nem
a própria neta
de Freud
acredita em suas
teses, que dirá
dos que nenhum
grau de
parentesco
tiveram com ele,
não é mesmo?
Mais à frente,
diz Cavalcante:
“O próprio
Freud, em alguns
de seus textos,
aventou a
possibilidade de
que um dia a
psicanálise
talvez fosse
deixada para
trás,
substituída por
um novo
tratamento”.
(CAVALCANTE,
2002, p. 44).
Uma verdadeira e
autêntica
profecia!
Com certeza,
será substituída
por algum
tratamento que
considere que o
ser humano não
se resume
meramente a um
corpo físico,
mas que possui
um espírito que
é imortal.
Espírito esse
que já viveu
antes dessa vida
e viverá outras
vidas até
atingir a
perfeição. Isso
não está longe
de acontecer,
pois muitos
psicanalistas e
psicólogos já
perceberam essa
realidade
sustentada pelo
Espiritismo.
Por outro lado,
Freud também vem
perdendo terreno
no que se refere
à sua
interpretação
dos sonhos.
Vejamos este
trecho dum
artigo na
revista Galileu:
[…]
Pesquisadores
que estudam o
funcionamento
físico do
cérebro começam
a delinear os
mecanismos
bioquímicos que
estão por trás
da atividade
onírica (sono) e
dizem que a
coisa pouco ou
nada tem a ver
com mensagens em
linguagem
simbólica e
desejos sexuais
reprimidos
apontados por
Freud.
(GARCIA, 2003,
p. 19). (grifo
nosso).
Ao que parece
Freud talvez
tenha se
espelhado em si
mesmo para
desenvolver a
teoria dos
sonhos, pois
pensar que tudo
é sexo é, como
se diz
popularmente,
“ter o sexo na
cabeça”, por
isso passa a
achar que todo
mundo pensa da
mesma forma.
“Freud tem sido
alvo de críticas
desde que
publicou ‘A
Interpretação
dos Sonhos’, em
1899”, diz
Rafael Garcia,
autor do
artigo.
Vejamos agora a
opinião de um
neurofisiologista,
citado por
Garcia:
“Sonho
é só isso: uma
experiência
consciente
enquanto nós
dormimos”,
explica o
neurofisiologista
César Timo-Iaria,
da Faculdade de
Medicina da USP.
“Qualquer outro
conceito é
fantasioso”.
[…].
“No
sonho, qualquer
coisa é
possível, porque
não existe o
filtro que é
dado pelos
mecanismos de
alerta”, explica
Timo-Iaria. Para
ele, a
neurofisiologia
derruba a
tradição
freudiana, que
considera os
elementos
estranhos dos
sonhos como
símbolos para
disfarçar nossos
desejos
reprimidos”
(GARCIA, 2003,
p. 21).
Kardec já dizia
que os sonhos
são estados de
emancipação da
alma, realidade
essa que
fatalmente um
dia a ciência
também irá
confirmar.
Não só os
encarnados, mas
também os
desencarnados
dão sua opinião
sobre Freud. Nos
livros Entre
a Terra e o Céu
e Ação e
Reação,
obras ditadas
pelo Espírito
André Luiz, na
psicografia de
Chico Xavier,
encontramos:
“Freud deve ser
louvado pelo
desassombro com
que empreendeu a
viagem aos mais
recônditos
labirintos da
alma humana,
para descobrir
as chagas do
sentimento e
diagnosticá-las
com o
discernimento
possível.
Entretanto, não
pode ser
rigorosamente
aprovado, quando
pretendeu, de
certo modo,
explicar o campo
emotivo das
criaturas pela
medita absoluta
das sensações
eróticas”.
“Criação, vida e
sexo são temas
que se
identificam
essencialmente
entre si,
perdendo-se em
suas origens no
seio da
Sabedoria
Divina. Por
isso, estamos
longe de
padronizá-los em
definições
técnicas,
inamovíveis. Não
podemos, dessa
forma, limitar
às loucuras
humanas a função
do sexo, pois
seríamos tão
insensatos
quanto alguém
que pretendesse
estudar o Sol
apenas por uma
réstia de luz
filtrada pela
fenda de um
telhado.
Examinando como
força atuante da
vida, à face da
criação
incessante, o
sexo, a rigor,
palpitará em
tudo, desde a
comunhão dos
princípios
subatômicos à
atração dos
astros, porque,
então,
expressará força
de amor, gerada
pelo amor
infinito de
Deus”.
“Freud
quem definiu o
objetivo do
impulso sexual
como procura de
prazer... Sim, a
assertiva é
respeitável, em
nos reportando
às experiências
primárias do
Espírito, no
mundo físico;
entretanto, é
indispensável
dilatar a
definição para
arredá-la do
campo erótico em
que foi
circunscrita.
Pela energia
criadora do amor
que assegura a
estabilidade de
todo o Universo,
a alma, em se
aperfeiçoando,
busca sempre os
prezares mais
nobres. Temos,
assim, o prazer
de ajudar, de
descobrir, de
purificar, de
redimir, de
iluminar, de
estudar, de
aprender, de
elevar, de
construir e toda
uma infinidade
de prazeres,
condizentes com
os mais
santificantes
estágios do
Espírito.
Encontramos,
desse modo,
almas que se
amam
profundamente,
produzindo
inestimáveis
valores para o
engrandecimento
do mundo, sem
jamais se
tocarem umas nas
outras, do ponto
de vista
fisiológico,
embora permutem
constantemente
os raios
quintessenciados
do amor para a
edificação das
obras a que se
afeiçoam. Sem
dúvida, o lar
digno, santuário
em que a vida se
manifesta, na
formação de
corpos
abençoados para
a experiência da
alma, é uma
instituição
venerável, sobre
a qual se
concentram as
atenções da
Providência
Divina;
entretanto,
junto dele,
dispomos
igualmente das
associações de
seres que se
aglutinam uns
aos outros, nos
sentimentos mais
puros, em favor
das obras da
caridade e da
educação”.
(XAVIER, 1987,
p. 202-204 –
passim).
“Freud
vislumbrou a
verdade, mas
toda verdade sem
amor é como luz
estéril e fria.
Não bastará
conhecer e
interpretar. É
indispensável
sublimar e
servir. O grande
cientista
observou
aspectos de
nossa luta
espiritual na
senda evolutiva
e catalogou os
problemas da
alma, ainda
encarcerada nas
teias da vida
inferior.
Assinalou a
presença das
chagas dolorosas
do ser humano,
mas não lhes
estendeu
eficiente
bálsamo
curativo. Fez
muito, mas não o
bastante. O
médico do
porvir, para
sanar as
desarmonias do
espírito,
precisará
mobilizar o
remédio salutar
da compreensão e
do amor,
retirando-o do
próprio coração.
Sem mão que
ajude, a palavra
erudita morre no
ar”. (XAVIER,
1986, p. 83).
Freud analisa
Freud
A Revista Cristã
de Espiritismo
publicou, numa
matéria
intitulada
“Freud Além da
Vida”, uma
mensagem ditada
pelo pai da
psicanálise à
médium alemã Eva
Herrmann, da
qual não tivemos
como não
transcrever
estes
interessantíssimos
trechos:
[…] O
homem é a soma
final das
existências
terrenas
anteriores, que
muitas vezes se
situa séculos
antes da vida
atual. [...]
Faltou
pouco e eu teria
me tornado o
criador de uma
psicologia
válida, mas
faltou a
condição
decisiva: eu não
tinha a
autorização de o
fazer. Somente
me foi permitido
dar ao mundo um
quadro, na sua
maior parte
correto, do
inconsciente,
mas não de
esclarecer a
verdadeira
natureza da
alma. [...]
[…] Eu
odiava minha mãe
apesar de uma
forte ligação
incestuosa do
meu lado, mas
ambos os
sentimentos
corriam em
paralelo, sem se
perturbarem
mutuamente. Mais
tarde expliquei
este sentimento
pela suposta
presença de um
complexo de
Édipo, mas hoje
vejo este quadro
numa luz
completamente
diversa. Eu
odiava minha mãe
porque, numa
vida anterior,
ela me fez uma
grande injustiça
e eu carregava
esse fato
comigo, nas
profundezas do
meu ser.
Mas,
que eu além
disto a
desejava, está
ligado ao fato
que a teoria do
complexo de
Édipo está
correta quando
há uma certa
atração entre os
sexos. Não se
deve, no
entanto,
concluir que
todo o resto da
tragédia de
Sophocles pode
ou deve ser
aceita como um
todo. A teoria
acima, que na
minha obra tem
um papel
preponderante,
rejeito hoje
como uma
construção
falha. O fato de
que milhões de
pessoas a
aceitaram e
ainda hoje
aceitam, não
muda nada na
verdade de que
forças
destrutivas
idealizem este
logro que levou
mais de uma
geração a fazer
o papel de tola.
Os meus
colegas, aos
quais este
diagnóstico
parecia a
resposta correta
a dado problema,
tanto
quanto eu, foram
vítimas de uma
autossugestão
que se apodera
daquele que não
conhece uma
solução melhor.
[...]
apesar dos meus
conhecimentos
sobre o
mecanismo do
inconsciente
formarem uma
base para uma
psicologia
válida, o
restante do meu
ensino não é
somente errôneo,
e eu o confirmo
com o coração
pesado, mas é,
de certa
maneira, um
absurdo.
O que
hoje, no
entanto, sinto
mais
profundamente é
não ter
utilizado, desde
que isso me
tivesse sido
permitido, meu
tempo e trabalho
para descobrir
as verdadeiras
bases daquilo
que fazem o
homem ser como
é, ou seja,
procurar os
acontecimentos
na reencarnação
e no seu
passado, que se
perde na
escuridão, em
vez de
procurá-los na
sua infância.
[…].
[…]
começo a
compreender que
todos os
conceitos atuais
sobre o
funcionamento do
ser humano não
chegam nem perto
da realidade.
[...]
[…]
entendo hoje sob
religiosidade
algo bem
diferente de uma
observação cega
de um ritual, ou
de um fanatismo
religioso. [...]
[…] No
mundo de cá não
podem existir
ilusões sobre a
condição da
própria alma, já
que lhes está
contraposto um
posicionamento
objetivo e
inexorável.
[...]
[…] As
colaborações
acima mostravam
o homem de um
entoque com uma
tônica sexual
unilateral, o
que desviou a
atenção de uma
geração inteira
para conceitos
que não
correspondiam à
realidade, ou
que não tinham a
abrangência
universal, como
eu o proclamei.
Visto
subjetivamente,
do ponto de
vista de alguém
que perdeu as
escamas diante
dos olhos, houve
um engano do meu
lado,
favorecido, de
certo modo, pela
disposição
interna de
querer chocar o
mundo. [...]
Não sei
julgar em quanto
tempo poderei,
com a ajuda dos
outros,
reabilitar o
homem como uma
criação de Deus,
cuja
sexualidade, com
exceção de casos
patológicos,
perfaz uma parte
importante de
sua vida
terrena. [...]
[…] Não
é possível
desfazer o
acontecido e
assim a gente
experimentar, de
um modo ou de
outro, compensar
o erro cometido,
por algo de bom
que não elimina
a injustiça, mas
de certa forma a
compensa. Meu
trabalho atual é
este. Consiste,
com primeiro
passo, no
reconhecimento e
na avaliação da
injustiça
cometida. Isto
não é fácil para
alguém que, como
a grande maioria
da humanidade,
está acostumado
a mentir para si
mesmo. […]
(REBELO, 1999,
12-18 – passim).
Nós, os
espíritas, que
acreditamos na
vida após a
morte e na
possibilidade de
intercâmbio
entre os dois
planos da vida,
achamos
perfeitamente
cabível essa
mensagem de
Freud. Mas em
hipótese alguma
poderemos
afirmar isso
categoricamente.
Deixaremos ao
encargo do
leitor se
reportar à
revista e ler
toda a mensagem,
analisando-a em
estilo e
conteúdo para
julgar, por si
mesmo, sobre sua
procedência, se
poderia ser
mesmo do autor
que a assina.
Conclusão
Aos que buscam
em Freud um
apoio às suas
idéias para
combater o
Espiritismo,
diremos que
busquem outra
base, pois essa
está sendo
demolida
dia-a-dia, além
de que está de
muito defasada:
Outra teoria,
muitas vezes
invocada pelos
contraditores da
idéia espírita,
é a do
inconsciente, ou
do ego
inconsciente. A
ela se reportam
numerosos
sistemas,
obscuros e
complicados.
Segundo
essa teoria,
dois seres
coexistiriam em
nós: um
consciente, que
se conhece e se
possui; outro
inconsciente,
que a si próprio
ignora, como é
por nós ignorado
e que, todavia,
possui
faculdades
superiores às
nossas, pois que
lhe são
atribuídos todos
os fenômenos do
magnetismo e do
Espiritismo; e
não somente
haveria um
segundo “nós
mesmos”, mas um
terceiro, um
quarto e mais
até, porque
certos teóricos
admitem no homem
a existência de
grande número de
personalidades,
de consciências
diferentes. Esse
sistema é
conhecido sob o
nome de
policonsciência.
Conforme
demonstrou o Sr.
Charles Richet
no seu livro “O
homem e a
inteligência, o
sonambulismo
provocado”, o
que se denomina
a dupla
personalidade
representa,
simplesmente, os
diversos estados
de uma única e
mesma
personalidade.
Assim também o
inconsciente não
é mais que uma
forma de
memória, o
despertar em nós
de lembranças,
de faculdades,
de capacidades
adormecidas. Os
teoristas do
inconsciente
pretendem, por
esse meio,
combater o
maravilhoso e
inventam um
sistema ainda
mais fantástico
e complicado do
que tudo o que
colima. Não só a
sua teoria é
ininteligível,
mas não explica
absolutamente os
fenômenos
espíritas,
porque não se
pode compreender
como o
inconsciente
produziria
formas de
finados,
comunicações
inteligentes por
meio de sons ou
de pancadas, e
todos os fatos
outros atestados
por
experimentadores
de todos os
países.
Também
se pretendeu
atribuir as
mensagens
ditadas em
sessão a uma
espécie de
consciência
coletiva, que se
desprendesse do
conjunto dos
assistentes.
Concepção
ilógica, se
assim fosse.
Pode-se
perguntar em
virtude de que
acordo universal
esses
inconscientes
ocultos no
homem, que se
ignoram entre si
e a si próprios
se ignoram, são
unânimes, no
curso das
manifestações
ocultas, em se
dizerem
Espíritos dos
mortos.
Pelo
menos, é o que
temos podido
verificar nas
inúmeras
experiências em
que temos tomado
parte durante
mais de trinta
anos, em tão
diversos pontos,
na França e no
estrangeiro. Em
parte alguma se
apresentaram os
seres invisíveis
como
inconscientes,
ou “egos”
superiores dos
médiuns e de
outras pessoas
presentes, mas
sempre como
personalidades
diferentes, na
plenitude de sua
consciência,
como
individualidades
livres, tendo
vivido na Terra,
conhecidos dos
assistentes, na
maioria dos
casos com todos
os caracteres do
ser humano, suas
qualidades e
defeitos, suas
fraquezas e
virtudes, e
dando frequentes
provas de
identidade.
O que
há de mais
notável nisso,
convenhamos, é a
argúcia, a
fecundidade de
certos
pensadores, sua
habilidade em
arquitetar
teorias
fantasistas, no
intuito de se
esquivarem a
realidades que
lhes desagradam
e os incomodam.
(DENIS, 1987b,
p. 200-202).
O que podemos
ainda dizer é
que, se a
ciência
conseguisse
ficar livre dos
preconceitos
religiosos de
alguns para
pesquisar
detidamente a
questão da
sobrevivência da
alma,
encontraria
fortíssimo
material para,
finalmente,
tratar o homem
em sua
verdadeira
natureza que é a
de ser um
Espírito
imortal, que
pelos desígnios
do Criador se
vincula a um
corpo físico,
onde, por
esforço próprio,
tem a
possibilidade de
aprendizado e
progresso,
objetivando
chegar ao
patamar máximo
que a vontade de
Deus permite
evoluir o ser
humano.
Devemos ainda
ressaltar a
incoerência dos
religiosos que
se apoiam em
Freud, já que o
criador da
psicanálise não
tinha uma visão
que viesse a
justificar o
sentimento
religioso como
coisa natural,
antes, ao
contrário,
conforme nos
informa Dora
Incontri em seu
livro Para
entender Kardec:
Já,
para Freud, a
religião é uma
projeção dos
desejos humanos.
Na Obra “O
futuro de uma
ilusão” (1997),
o fundador da
psicanálise
admite que o ser
humano cria
ilusões
metafísicas e
religiosas para
suprir uma
necessidade
psíquica. Na
concepção de
Freud, o ser
humano é
irremediavelmente
um ser em
conflito,
portanto
neurótico, que
encontra no
imaginário
religioso uma
forma de
conforto. Ele vê
aquilo que quer
ver, crê naquilo
que imagina,
para satisfazer
suas carências.
(INCONTRI, 2004,
p. 77). (grifo
nosso).
Parece-nos que
há nisso tudo
algo de
contraditório,
uma vez que
existem inúmeras
provas de que as
manifestações
não são produto
do inconsciente,
enquanto os
contraditores,
que dizem ser
produto do
inconsciente,
não apresentaram
uma só de que a
sua hipótese, se
não verdadeira,
pelo menos é
viável. Falar
que é produto do
inconsciente
torna-se forma
fácil de negar
os fatos,
entretanto, que
provem que o
inconsciente os
produz que nos
renderemos às
evidências.
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