MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(6a
Parte)
Damos continuidade ao estudo da obra
Libertação,
de André Luiz, psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier e
publicada em 1949 pela Federação Espírita
Brasileira.
Questões
preliminares
A. Que considerações fez Matilde a respeito
da justiça divina?
R.: Matilde disse que só aquele que sabe
amar e suportar consegue triunfo nas
consciências que se degradaram no mal. E
acrescentou que o Senhor "nos enriquece para
que enriqueçamos a outrem, dá-nos alguma
coisa para ensaiarmos a distribuição de
benefícios que Lhe pertencem, ajuda-nos a
fim de que auxiliemos, por nossa vez, os
mais necessitados”. “Mais recolhe quem mais
semeia." (Libertação, cap. III, pp. 49 e
50.)
B. Que é que, na região trevosa, mais
impressionou André Luiz?
R.: Apesar do quadro desolador que
caracterizava aquela região, o que mais
contristou a André foram os apelos
cortantes que provinham dos charcos. Gemidos
tipicamente humanos eram pronunciados ali em
todos os tons. Mil indagações fervilhavam na
mente de André, relativamente às árvores
estranhas, às aves agoureiras e aos choros
lamentosos, mas Gúbio, à maneira de outros
instrutores, não se deteve para atender à
curiosidade improfícua. (Obra citada,
cap. IV, pp. 53 e 54.)
C. Que fizeram Gúbio e André para modificar
seu corpo espiritual?
R.:
Gúbio, Elói e André passaram a inalar as
substâncias espessas que pairavam em
derredor, como se o ar fosse constituído de
fluidos viscosos. Elói estirou-se, ofegante,
mas André, apesar de experimentar asfixiante
opressão, buscou padronizar atitudes pela
conduta do Instrutor, que tolerava a
metamorfose, silencioso e palidíssimo. A
voluntária integração com os elementos
inferiores do plano os desfigurou
enormemente. Pouco a pouco, sentiram-se
pesados e André teve a impressão de que
fora, de repente, religado outra vez ao
corpo carnal, porque, embora se sentisse
dono da própria individualidade, via-se
revestido de matéria densa, como se fosse
obrigado a envergar inesperada armadura.
(Obra citada, cap. IV, pp. 54 e 55.)
Texto para leitura
22. "Mais recolhe quem mais semeia"
- Matilde informou que o trabalho de
liberação de Gregório seria iniciado com o
abnegado concurso de Gúbio na zona abismal,
e, depois de ligeiro intervalo, aduziu:
"Atenderás Margarida que te foi filha
amantíssima e que a Gregório ainda se
encontra imantada por teias escuras do
passado, e colaborarás com o meu devotamento
materno para que na alma dele se converta a
sublevação em humildade e a frieza, em
calor". "Encontrando-o", rogou Matilde,
"veste a capa do servo prestimoso e fala-lhe
em meu nome. Sob o gelo que lhe cristaliza
os sentimentos, descansa, inapagada, a chama
do amor que nos une para sempre. Disponho,
agora, da permissão de fazer-me sentir e
acredito que, à face de tua amorosa tarefa,
mover-se-lhe-á o espírito endurecido". Em
seguida, Matilde fez notáveis considerações
sobre a justiça e a sabedoria do Pai,
explicando que "só aquele que sabe amar e
suportar consegue triunfo nas consciências
que se degradaram no mal". Disse também que
o Senhor "nos enriquece para que
enriqueçamos a outrem, dá-nos alguma coisa
para ensaiarmos a distribuição de benefícios
que Lhe pertencem, ajuda-nos a fim de que
auxiliemos, por nossa vez, os mais
necessitados. Mais recolhe quem mais
semeia..." Gúbio respondeu-lhe prometendo
toda a ajuda, considerando que estava em
jogo também, naquele caso, a felicidade de
Margarida, sua filha no passado. Matilde
informou-o, então, de que, terminada a fase
essencial da missão, ela iria ao seu
encontro nos "campos de saída" -- expressão
que define lugares-limites, entre as esferas
inferiores e superiores. Quem sabe não
ocorreria ali o seu encontro pessoal com
Gregório? "A hora é chegada", acentuou a
venerável entidade. "Há tempo de plantar e
tempo e colher. Gregório e eu semearemos de
novo. Seremos mãe e filho, outra vez!" (Cap.
III, pp. 49 e 50)
23. Um vasto domínio de sombras
- Antes de despedir-se, Matilde falou a
Gúbio: "Possam minhas lágrimas de alegria
orvalhar-te o espírito laborioso.
Seguir-te-ei a ação e aproximar-me-ei no
instante oportuno. Creio na vitória do amor,
logo resplandeça o minuto do reencontro.
Nesse dia abençoado, Gregório e os
companheiros que mais se afinarem com ele
serão trazidos por nós a círculos
regeneradores e, dessas esferas de
reajustamento, conto reorganizar elementos
ante o futuro promissor, sonhando em
companhia dele as realizações que nos
competem alcançar". Gúbio pronunciou
algumas frases de compromisso fraterno. Ele
e seus companheiros trabalhariam sem
descanso, aplicando-se com desvelo na
execução das ordens afetuosas. A singular
entrevista terminou entre preces de gratidão
ao Eterno Pai. No dia seguinte, Gúbio, André
e Elói puseram-se em marcha. Após a
travessia de várias regiões, "em descida",
com escalas por diversos postos e
instituições socorristas, eles penetraram
vasto domínio de sombras. A claridade solar
jazia, ali, diferenciada. Fumo cinzento
cobria todo o céu. A volitação fácil
tornara-se impossível. A vegetação exibia
aspecto sinistro e angustiado. As árvores
não possuíam folhagem farta e os galhos,
quase secos, davam a ideia de braços
erguidos em súplicas dolorosas. Aves
agoureiras, de grande tamanho, de uma
espécie que pode ser situada entre os
corvídeos, crocitavam em surdina,
semelhando-se a pequenos monstros alados. (N.R.:
Os corvídeos são aves passeriformes,
onívoras, que vivem nas matas e descampados,
como as gralhas.) (Cap. III e IV, pp. 50
a 52)
24. Uma singular fadiga - Não
era o quadro desolador que mais contristava
a André, mas, sim, os apelos cortantes que
provinham dos charcos. Gemidos tipicamente
humanos eram pronunciados em todos os tons.
Mil indagações fervilhavam na mente de
André, relativamente às árvores estranhas,
às aves agoureiras e aos choros
lamentosos... Mas Gúbio, à maneira de outros
instrutores, não se detinha para atender à
curiosidade improfícua. Grupos hostis de
entidades espirituais em desequilíbrio
passavam, vez por outra, indiferentes,
incapazes de registrar a presença do grupo
socorrista. Falavam em alta voz, em
português degradado, mas inteligível,
evidenciando deploráveis condições de
ignorância. Apresentavam-se em trajes
bisonhos e portavam apetrechos de luta.
Gúbio e seus amigos avançaram mais
profundamente, mas o ambiente passou a
sufocá-los. Vencidos por singular fadiga,
repousaram. Gúbio então esclareceu: "Nossas
organizações perispiríticas, à maneira de
escafandro estruturado em material
absorvente, por ato deliberado de nossa
vontade, não devem reagir contra as baixas
vibrações deste plano. Estamos na posição de
homens que, por amor, descessem a operar num
imenso lago de lodo; para socorrer
eficientemente os que se adaptaram a ele,
são compelidos a cobrir-se com as
substâncias do charco, sofrendo-lhes, com
paciência e coragem, a influenciação
deprimente". Cabia-lhes, pois, entregar a
forma exterior ao meio que os recebia, para
serem realmente úteis aos se propunham
auxiliar. Finda a transformação
transitória, poderiam ser vistos por
qualquer dos habitantes daquela região. A
oração seria, doravante, o único fio de
comunicação com o Alto. "Não estamos em
cavernas infernais, mas atingimos", disse
Gúbio, "grande império de inteligências
perversas e atrasadas, anexo aos círculos
da Crosta, onde os homens terrestres lhes
sofrem permanente influenciação". (Cap. IV,
pp. 53 e 54)
25. A
metamorfose
- Gúbio, Elói e André passaram a inalar as
substâncias espessas que pairavam em
derredor, como se o ar fosse constituído de
fluidos viscosos. Elói estirou-se, ofegante,
mas André, apesar de experimentar asfixiante
opressão, buscou padronizar atitudes pela
conduta do Instrutor, que tolerava a
metamorfose, silencioso e palidíssimo. A
voluntária integração com os elementos
inferiores do plano os desfigurava
enormemente. Pouco a pouco, sentiram-se
pesados e André teve a impressão de que
fora, de repente, religado outra vez ao
corpo carnal, porque, embora se sentisse
dono da própria individualidade, via-se
revestido de matéria densa, como se fosse
obrigado a envergar inesperada armadura.
Gúbio os conclamou a seguirem adiante.
Doravante, seriam auxiliares anônimos; não
lhes convinha, por enquanto, a identificação
pessoal. Elói indagou se isso não seria
mentir. O Instrutor explicou-lhe, com
bondade: "Não te recordas do texto
evangélico que recomenda não saiba a mão
esquerda o que dá a direita? Este é o
momento de ajudarmos sem alarde. O Senhor
não é mentiroso quando nos estende
invisíveis recursos de salvação, sem que lhe
vejamos a presença". Revelou ainda que
naquela cidade sombria trabalhavam inúmeros
companheiros do bem nas condições em que
eles agora se achavam. Se erguessem
bandeira provocante, naqueles campos, em que
95% das inteligências se encontravam
devotadas ao mal e à desarmonia, seu
programa seria estraçalhado em poucos
instantes. Centenas de milhares de
criaturas ali padeciam amargos choques de
retorno à realidade, sob a vigilância de
tribos cruéis, formadas de Espíritos
egoístas, invejosos e brutalizados,
governados então por um sátrapa de
inqualificável impiedade, que aliciou para
si próprio o pomposo título de Grande Juiz,
assistido por assessores políticos e
religiosos, tão frios e perversos quanto ele
mesmo. (Cap. IV, pp. 54 e 55)
(Continua no próximo número.)