WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)
O
cientista filho
de escravos
Era negro, mas
negro cientista,
algo estranho
para o século
XIX,
principalmente
em um país como
os Estados
Unidos, onde o
preconceito
vicejava
abundante,
anunciando a
superioridade
dos brancos. E
naquela época
leis severas
promoviam a
segregação de
negros e
brancos; negros
não podiam se
sentar à mesa
com brancos,
negros não
podiam estudar,
negros não
podiam ter
atividade
cultural. Havia
hotéis proibindo
a entrada de
negros, como se
fossem
contaminar o
ambiente apenas
por terem o
invólucro
material mais
escuro. Era
mesmo lamentável
a discriminação.
Aos negros
estavam
relegados apenas
os trabalhos
braçais,
principalmente
no cultivo do
algodão.
Interessante é
que muitas vezes
parece que eles
– os negros –
acreditavam
serem mesmo
inferiores, pois
se comportavam
de maneira um
tanto conformada
com a situação.
No entanto, Deus
possui
mecanismos
perfeitos para
mostrar as
incoerências da
humanidade, e
convoca ao
renascimento,
sempre que
necessário,
almas mais
adiantadas moral
e
intelectualmente
para
desmistificar
questões
entranhadas na
vida das
pessoas, como,
por exemplo, o
lamentável
preconceito de
que alguém é
maior, melhor ou
superior apenas
por ter pele
mais clara.
E foi em terras
americanas que
reencarnou
George
Washington
Carver, o filho
de escravos que
se notabilizou
como um dos
maiores
cientistas do
mundo no século
XX. De sua mente
brilhante
brotavam
descobertas das
mais
extraordinárias.
Com o pequeno
amendoim fez
mágicas
fabulosas e
extraiu,
inclusive, leite
da pequena
semente, que,
diga-se de
passagem,
produzia também
manteiga.
Significativo
detalhe: suas
descobertas eram
também
importantes do
ponto de vista
econômico. Para
se ter uma
idéia, 100
quilos de leite
de vaca
produziam 10
quilos de
queijo, enquanto
100 quilos de
leite de
amendoim
produziam 35
quilos de
queijo.
Importante
destacar o
desprendimento
dessa criatura
que veio ao
mundo em meio à
miséria e
cercado de
condições
adversas; por
dezenas de vezes
recebeu
propostas
milionárias para
patentear as
descobertas que
fazia na pequena
oficina de Deus
– era assim que
chamava seu
laboratório –,
no entanto, não
aceitou, em sua
concepção as
descobertas
deveriam estar
ao alcance de
todos a fim de
beneficiar a
coletividade.
Dotado de enorme
senso de justiça
fazia questão de
receber pelo seu
trabalho apenas
aquilo que
considerava
justo, nem mais
nem menos.
Amante das artes
e da natureza,
confabulava
intimamente com
o Criador sobre
os mistérios que
cercam os reinos
mineral, vegetal
e animal.
Apreciava a
simplicidade,
vestia-se de
forma sóbria e
lutava
incessantemente
contra os
desperdícios.
Aliás, afirmava
o eminente
cientista que
podemos
aproveitar tudo
de tudo, não há
sobras nem
desperdícios na
natureza, tudo
foi feito na
medida exata.
Cabe-nos,
portanto, dar
asas à nossa
capacidade
inventiva e
criar.
Podemos citar
como um dos
muitos exemplos
da capacidade
criativa do Dr.
Carver a
utilização do
caroço do
algodão,
incômoda sobra
que era
sumariamente
incinerada ou
atirada nos
rios,
constituindo-se
em verdadeiro
prejuízo ao meio
ambiente. O
grande
pesquisador
conseguiu, pois,
dar múltiplas
finalidades ao
caroço do
algodão,
transformando-o
em fonte de
riquezas.
Findou-se então
o problema
ambiental
pertinente ao
caroço de
algodão de tal
forma que
algumas
indústrias
deixaram o
interesse pela
rama do algodão
para focar
atenção no
caroço.
Raciocínio
interessante:
considerando que
Deus não faz
nada sem
utilidade é
forçoso admitir
que os lixos
inexistem.
Muitas coisas –
não apenas
alimentos –
descartadas por
nós podem ainda
ser utilizadas.
Necessário nessa
questão abrir um
parêntese e
discorrer sobre
a sacola
plástica e sua
finalidade.
Saiba o caro
leitor que os
sacos plásticos,
tão duramente
combatidos pela
mídia, podem ter
fim muito mais
importante do
que o descarte
no meio
ambiente, ou
seja, dos
plásticos
podemos formar
uma gama enorme
de subprodutos a
beneficiar a
sociedade sem
agredir o meio
ambiente; basta,
para isso,
utilizarmos a
criatividade,
como fez o
inesquecível
cientista Carver.
Há, inclusive,
universidades
desenvolvendo
pesquisas
envolvendo os
plásticos e os
subprodutos que
podem dele se
originar.
Entretanto,
existe um
caminho longo a
ser percorrido,
as pessoas em
primeiro lugar
precisam
adquirir
mentalidade
ambiental para
que o plástico
deixe de ser
descartado como
lixo,
tornando-se
diferencial
econômico, como
foi o algodão,
ou melhor, seu
caroço, para os
Estados Unidos.
Enfim,
impossível falar
em simples
artigo de todas
as descobertas e
de todos os
benefícios
trazidos pela
mente do mago da
agricultura
George
Washington
Carver, que
desencarnou em
janeiro de 1943.
A realidade é
que grandes
exemplos de vida
não podem ficar
ocultos do
grande público,
este artigo tem,
portanto, o
singelo objetivo
de suscitar a
curiosidade do
leitor em
conhecer a vida
do notável
cientista negro
que acreditava
em Deus e rompia
barreiras
construídas pelo
preconceito
humano. Quem
quiser saber
mais sobre a
vida dessa
notável figura
humana, que
circulou entre
nós no século
XX, pode
procurar pelo
livro “Negritude
e Genialidade”,
publicado pela
editora
Lachâtre, do
belíssimo
escritor
Hermínio
Miranda.