MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(9a
Parte)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como são considerados
os homens de cultura que
não utilizam seus
conhecimentos em
benefício dos outros?
R.: No julgamento
post-mortem, o homem que
ajunta letras e livros,
teorias e valores
científicos, sem
distribuí-los a
benefício dos outros, é
irmão infortunado
daqueles que amontoam
moedas e apólices,
títulos e objetos
preciosos, sem ajudar a
ninguém. São tratados,
pelas leis eternas, como
o são os avarentos.
(Libertação, cap. V, pp.
75 e 76.)
B. O Espírito Seletor
usava pequeno
instrumento cristalino.
Que aparelho era aquele?
R.: Gúbio disse
tratar-se de um captador
de ondas mentais. Como a
seleção individual
exigiria longas horas,
as autoridades que
dominavam a região
preferiam a apreciação
em grupo, o que era
possível pelas cores e
vibrações do círculo
vital que rodeia cada
um. O instrumento não
era, porém, suscetível
de marcar a posição das
mentes que já se
transferiram para uma
esfera espiritual mais
elevada. Era recurso
para a identificação de
perispíritos
desequilibrados e não
atingia a zona superior.
(Obra citada, cap. V,
pp. 76 a 78.)
C. As entidades
desencarnadas daquela
região exercem alguma
influência sobre os
encarnados?
R.: Sim; uma influência
considerável, visto que,
segundo Gúbio, a
determinadas horas da
noite, três quartos da
população da Crosta se
acham nas zonas de
contacto com os
Espíritos e a maior
percentagem permaneciam
detidos em círculos de
baixas vibrações, como
aquele. "Por aqui --
disse ele --, muitas
vezes se forjam
dolorosos dramas que se
desenrolam nos campos da
carne. Grandes crimes
têm nestes sítios as
respectivas nascentes e,
não fosse o trabalho
ativo e constante dos
Espíritos protetores que
se desvelam pelos homens
no labor sacrificial da
caridade oculta e da
educação perseverante,
sob a égide do Cristo,
acontecimentos mais
trágicos estarreceriam
as criaturas." (Obra
citada, cap. VI, pp. 79
e 80.)
Texto
para leitura
35. A
materialização
- A mulher com forma de
animal ficaria assim
indefinidamente? Gúbio
considerou: "Ela não
passaria por esta
humilhação se não a
merecesse. Além disso,
se se adaptou às
energias positivas do
juiz cruel, em cujas
mãos veio a cair, pode
também esforçar-se
intimamente, renovar a
vida mental para o bem
supremo e afeiçoar-se à
influenciação de
benfeitores que nunca
escasseiam na senda
redentora". "Tudo,
André, em casos como
este, se resume a
problema de sintonia.
Onde colocamos o
pensamento, aí se nos
desenvolverá a própria
vida." Ao redor do
grupo, as lamentações se
fizeram estridentes.
Espanto e dor dominavam
a todos. O juiz
determinou silêncio e
censurou, asperamente,
a atitude dos queixosos.
Avisou, em seguida, que
os Espíritos Seletores
se materializariam, em
breves minutos, e que os
interessados poderiam
solicitar deles as
explicações desejadas.
Ergueu então as mãos em
mímica reverencial e fez
uma invocação em alta
voz. Terminada a
alocução, vasto lençol
nebuloso, semelhante a
uma nuvem móvel,
apareceu na tribuna que
se mantinha, até então,
despovoada. Três
entidades tomaram forma
perfeitamente humana,
apresentando uma delas
-- a de maior hierarquia
espiritual -- pequeno
instrumento cristalino
nas mãos. Suas túnicas
eram da cor do amarelo
vivo e seu halo era
afogueado, mais
acentuadamente vivo em
torno da fronte, a
desferir radiações
perturbadoras, que
lembravam o ferro em
brasa. Os dois acólitos
da entidade central ali
materializada tomaram
folhas de apontamento
num cofre próximo e
desceram até as vítimas,
agora mais quietas. O
chefe daquele trio
espiritual mostrava
infinita melancolia em
sua fisionomia. Diante
do primeiro grupo,
formado de 14 homens e
mulheres de vários
tipos, ele alçou o
instrumento cristalino e
efetuou observações que
André não conseguiu
registrar. Nesse
momento, dois dos réus
avançaram rogando
socorro: "Justiça!
justiça!! -- suplicou o
primeiro -- estou punido
sem culpa... Fui homem
de pensamento e de
letras, entre as
criaturas encarnadas...
Por que deverei suportar
a companhia dos
avarentos?" O segundo
declarou: "Magistrado
venerável, por quem
sois!... não pertenço à
classe dos sovinas.
Imantaram-me a seres
sórdidos e desprezíveis!
Minha vida transcorreu
entre livros, não entre
moedas... A Ciência
fascinou-me, os estudos
eram meu tema
predileto... Pode,
assim, o intelectual
equiparar-se ao
usurário?" (Cap. V, pp.
73 e 74)
36. Avareza
diferente - O
Espírito Seletor,
mostrando reservada
piedade no semblante
calmo, elucidou, firme:
"Clamais debalde, porque
desagradável vibração de
egoísmo cristalizante
vos caracteriza a todos.
Que fizestes do tesouro
cultural recebido? Vosso
tom vibratório
demonstra avareza
sarcástica. O homem que
ajunta letras e livros,
teorias e valores
científicos, sem
distribuí-los a
benefício dos outros, é
irmão infortunado
daquele que amontoa
moedas e apólices,
títulos e objetos
preciosos, sem ajudar a
ninguém. O mesmo prato
lhes serve na balança da
vida". Um outro réu,
demonstrando enorme
fúria, reclamava por ter
sido incluído entre
caluniadores confessos,
quando houvera
desempenhado o papel de
homem honrado: "Criei
numerosa família, nunca
traí as obrigações
sociais, fui correto e
digno e, não obstante
aposentado desde cedo,
cumpri todos os deveres
que o mundo me
assinalou..." O
selecionador
respondeu-lhe, sereno:
"A condenação
transparece de vós
mesmo. Caluniastes vosso
próprio corpo,
inventando para ele
impedimentos e
enfermidades que só
existiam em vossa
imaginação, interessada
na fuga ao trabalho
benéfico e salvador.
Debitastes aos órgãos
robustos deficiências e
moléstias deploráveis,
tão somente no propósito
de conquistardes repouso
prematuro. Conseguistes
quanto pretendíeis.
Empenhastes amigos,
subornastes consciências
delituosas e obtivestes
o descanso remunerado,
durante quarenta anos de
experiência terrestre em
que outra ação não
desenvolvestes senão
dormir e conversar sem
proveito. Agora, é
razoável que o vosso
círculo vital se
identifique ao de
quantos se mergulharam
no pântano da calúnia
criminosa". Num
terceiro grupo, mal
aplicara o singular
instrumento ao campo
vibratório que lhes
dizia respeito, foi o
mensageiro abordado por
uma mulher pavorosamente
desfigurada, que lhe
lançou queixas atrozes.
Ela, que se dizia dama
de nobre procedência,
dona de uma casa que a
encheu de trabalho, não
entendia por que lhe
impunham o convívio de
meretrizes. (Cap. V,
pp. 75 e 76)
37. O julgamento
de André Luiz -
O selecionador, com
grande calma, que mais
parecia frieza,
declarou-lhe sem
rodeios: "Estamos numa
esfera onde o equívoco
se faz mais difícil.
Consultai a própria
consciência. Teríeis
sido, realmente, a
padroeira de um lar
respeitável, como
julgais? O teor
vibratório assevera que
as vossas energias
santificantes de mulher,
em maior parte, foram
desprezadas. Vossos
arquivos mentais se
reportam a
desregramentos emotivos
em cuja extinção
gastareis longo tempo".
"Ao que parece, o altar
doméstico não foi bem o
vosso lugar." A senhora
gritou, gesticulou,
protestou, mas os
Espíritos Seletores
prosseguiram na tarefa a
que se impunham. Ao lado
do grupo onde estava
André, o dirigente
aplicou o instrumento,
em que se salientavam
pequeninos espelhos, e
falou para os
auxiliares,
definindo-lhes a
posição: "Entidades
neutras", o que
significava que, não
havendo sido acusados,
lhes seria possível
engajar-se no serviço
desejado. Que aparelho
era aquele? Gúbio
esclareceu: "Trata-se de
um captador de ondas
mentais. A seleção
individual exigiria
longas horas. As
autoridades que dominam
nestas regiões preferem
a apreciação em grupo, o
que se faz possível
pelas cores e vibrações
do círculo vital que nos
rodeia a cada um". Por
que eles foram
considerados neutros?
Explicou Gúbio: "O
instrumento não é
suscetível de marcar a
posição das mentes que
já se transferiram para
a nossa esfera. É
recurso para a
identificação de
perispíritos
desequilibrados e não
atinge a zona superior".
Por que naquela casa se
falava em nome do
Governo do Mundo? Gúbio
pediu a André não se
esquecesse de que se
encontravam num plano de
matéria um tanto densa,
não nos círculos
santificados. Era
preciso não esquecer a
palavra "evolução" e
lembrar que os maiores
crimes das civilizações
da Terra foram cometidos
em nome da Divindade.
(Cap. V, pp. 76 a 78)
38. O Senhor não
violenta o coração
- De volta à casa de
Gregório, o grupo foi
transferido da cela
trevosa para um aposento
de janelas gradeadas,
onde tudo desagradava à
vista. Sua condição era
ainda de simples
prisioneiros. Lá fora, o
nevoeiro assaltava a
paisagem noturna, mas
era grande o movimento
na via pública, onde
grupos variados
conversavam,
referindo-se quase todos
à esfera carnal.
questões minuciosas e
pequeninas da vida
particular eram
analisadas com
inequívoco interesse,
mas as notas dominantes
caíam no desequilíbrio
sentimental e nas
emoções primárias da
experiência física.
André percebeu
diferentes expressões
nos "halos vibratórios"
que revestiam a
personalidade dos
conversadores, através
de suas cores. Gúbio
informou que, a
determinadas horas da
noite, três quartos da
população da Crosta se
acham nas zonas de
contacto com os
Espíritos e a maior
percentagem permaneciam
detidos em círculos de
baixas vibrações, como
aquele. "Por aqui --
disse Gúbio --, muitas
vezes se forjam
dolorosos dramas que se
desenrolam nos campos
da carne. Grandes crimes
têm nestes sítios as
respectivas nascentes e,
não fosse o trabalho
ativo e constante dos
Espíritos protetores
que se desvelam pelos
homens no labor
sacrificial da caridade
oculta e da educação
perseverante, sob a
égide do Cristo,
acontecimentos mais
trágicos estarreceriam
as criaturas". André
rememorou então o curso
incessante das
civilizações e percebeu
que a Bondade do Senhor
"não violenta o
coração". O Reino Divino
nascerá dentro dele,
medrará e crescerá
gradativamente, sob os
impulsos construtivos do
próprio homem. Que
temerária a concepção de
um paraíso fácil! (Cap.
VI, pp. 79 e 80)
39. Na economia da
vida nada se perde
- Gúbio confirmou as
considerações mentais de
André: "Sim, André, a
coroa da sabedoria e do
amor é conquistada por
evolução, por esforço,
por associação da
criatura aos propósitos
do Criador. A marcha da
Civilização é lenta e
dolorosa. Formidandos
atritos se fazem
indispensáveis para que
o espírito consiga
desenvolver a luz que
lhe é própria". O
Instrutor esclareceu,
então, que o homem
encarnado vive
simultaneamente em três
planos diversos. Tal
como ocorre à árvore,
guarda ele raízes
transitórias na vida
física, estende os
galhos dos sentimentos e
desejos nos círculos de
matéria mais leve, e é
sustentado pelos
princípios sutis da
mente. "Na árvore, temos
raiz, copa e seiva por
três processos
diferentes de manutenção
para a mesma vida e, no
homem, vemos corpo denso
de carne, organização
perispirítica em tipo de
matéria mais rarefeita e
mente, representando
três expressões
distintas de base vital,
com vistas aos mesmos
fins", acrescentou
Gúbio. "A vida é
patrimônio de todos, mas
a direção pertence a
cada um." Na economia do
Senhor, coisa alguma se
perde e todos os
recursos são utilizados
na química do Infinito
Bem. É por isso que
mesmo as almas caídas,
como as entrincheiradas
naqueles sítios, acabam
exercendo funções úteis,
realizando serviços que
para as almas
santificadas seria
realmente insuportável.
O Instrutor lembrou,
porém, para que não
houvesse qualquer
dúvida, que tais
criaturas, "apesar de
blasonarem inteligência
e poder, permanecerão
nos postos que ocupam
apenas enquanto perdurar
o consentimento da
Divina Direção, atento
ao princípio que
determina tenha cada
assembleia o governo
que merece". (Cap. VI,
pp. 80 a 82)
(Continua
no próximo número.)