Almas dilaceradas
Auta
de Souza
Quando, em dores, na
Terra inda vivia
Caminhando em aspérrimas
estradas,
Via presas do pranto e
da agonia,
Almas feridas e
dilaceradas.
Escutava a miséria que
gemia
Dentro da noite de
ânsias torturadas,
Treva espessa da senda
tão sombria
Das criaturas
desesperançadas.
E eu, que era irmã dos
grandes sofredores,
Sofria, crendo que tais
amargores
Encontrariam termos
desejados.
E confiada na crença que
tivera,
Cheguei à luz da eterna
primavera,
Onde há paz para os
pobres desgraçados.
Nascida em 12/9/1876 em
Macaíba, Rio Grande do
Norte, Auta de Souza
desencarnou em 7 de
fevereiro de 1901, em
Natal. Deixou um único
livro, Horto,
cuja primeira edição,
prefaciada por Olavo
Bilac, em outubro de
1899, apareceu em 1900 e
se esgotou em três
meses. O soneto acima
integra o livro “Parnaso
de Além-Túmulo”,
psicografado pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.