LUIS ROBERTO
SCHOLL
robertoscholl@terra.com.br
Santo Ângelo,
Rio Grande do
Sul (Brasil)
Olhos castanhos,
olhos azuis
Todo preconceito
beira a
irracionalidade,
a ignorância e o
ódio. Conceituar
pessoas pelo seu
aspecto físico,
classe
sócioeconômica
ou cultural,
implica em
separar
indivíduos entre
bons e maus,
bonitos e feios,
superiores e
inferiores,
discriminando-os
em bases
irreais.
Quando uma
criança expõe
idéias
preconceituosas
provavelmente
está refletindo
a opinião de
adultos que a
cercam ou traz
consigo
conceitos
próprios de
experimentações
das
reencarnações
passadas.
Certa vez uma
professora de
uma pequena
escola
interiorana
preocupou-se em
demonstrar o
quanto é sofrida
a discriminação,
experienciando
com seus alunos
uma situação
inédita.
Dividiu sua
classe em dois
grupos, os dos
olhos azuis e os
dos olhos
castanhos. No
primeiro dia as
crianças de
olhos azuis
seriam os seres
inferiores. No
outro dia, os de
olhos castanhos
seriam os da
classe inferior.
Com a
concordância de
todos, que
encararam aquilo
como uma
brincadeira, a
professora ditou
as regras do
jogo: como os
olhos castanhos
são superiores,
eles terão
algumas
vantagens, como
exclusividade no
uso do
bebedouro,
ocuparão os
melhores lugares
na classe, terão
um recreio
maior,
preferência nos
brinquedos do
parque...
Sob o protesto
dos olhos azuis,
inferiores, os
olhos castanhos
disseram que,
por serem “mais
inteligentes,
mais bonitos,
mais saudáveis e
espertos”, era
justo esse
privilégio.
Por volta do
meio-dia,
notava-se
nitidamente quem
pertencia à
“raça superior”
e quem era da
“raça inferior”.
Amizades se
desfizeram, as
brincadeiras se
tornaram
segregacionistas,
a tal ponto que
as crianças de
olhos azuis
estavam abatidas
e desanimadas.
Tudo nelas
demonstrava
derrota. As
outras
aparentavam
felicidade,
superioridade,
apesar de
sentirem-se
assustadas com
suas próprias
atitudes em
relação aos seus
“antigos
amigos”.
No dia seguinte,
conforme o
combinado, os
papeis se
inverteram. Os
olhos castanhos,
agora
inferiores,
sentiam-se
amargurados e
infelizes. Os
olhos azuis
exerciam seu
papel de
“superiores”
felizes, mas,
aparentemente,
não se mostravam
tão mesquinhos
como os outros,
talvez porque já
haviam sentido
na pele a
discriminação no
dia anterior.
No terceiro dia,
ocorreu um
debate entre a
professora e
seus alunos com
surpreendentes
resultados.
Alguns relataram
que, quando na
classe inferior,
sentiam-se
realmente feios,
sujos,
incapazes, sem
vontade de
estudar. Outros,
quando
superiores,
verdadeiramente
achavam-se
poderosos, acima
do bem e do mal,
com poderes de
humilhar o
próximo.
Após encerrar a
brincadeira,
sentiu-se um
alívio entre
todos. As
crianças
analisaram que
nem a cor dos
olhos, da pele,
a religião que
professam, a
classe social
que pertençam,
ou qualquer
outro fator
justificam a
discriminação
entre os seres
ou indicam a sua
índole. Todos
devem ser
respeitados e
amados pelo que
são e não pelo
que têm ou o que
aparentam.
Concluíram,
também, que o
preconceito é
altamente
pernicioso, pois
contribui para
criar e agravar
julgamentos
preestabelecidos
e provocar
sofrimentos e
dores sem
necessidade.
O “dia da
discriminação”
foi repetido
todos os anos,
com outras
turmas, sempre
com resultados
muito
semelhantes.
O preconceito é
um sentimento
que pode estar
adormecido ou
ativo dentro de
nós. Sendo ele
um entrave para
o nosso
progresso
espiritual,
devemos, através
do
autoconhecimento,
buscar suas
raízes e
eliminá-lo antes
que assuma
proporções
incontroláveis.
A reencarnação
suprime todos os
conceitos de
castas, raças,
nacionalidade,
discriminação
por causa do
sexo, cor,
etimologia etc.,
pois poderemos
reencarnar em
qualquer
situação neste
ou em outro
planeta para
aprendizado e
evolução. Brian
Weiss,
pesquisador
norte-americano,
afirmou certa
vez que a
maneira mais
segura de
reencarnarmos em
determinada
religião, raça
ou sexo é
demonstrarmos um
profundo
sentimento
discriminatório
em relação a
ela.
Se quisermos
viver em uma
sociedade justa
e fraterna
devemos
erradicar a
chaga do
preconceito,
começando o
trabalho dentro
de nós e do
nosso lar.