CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Legalização da
morte
A trágica
história da
menina de
Pernambuco nos
compele a, ainda
uma vez, abordar
o tema.
Legalização da
morte para
preservar a
vida: desde Nero
à nossa era de
lutas insólitas,
onde forças
contrárias se
embatem contra e
a favor deste
despautério,
esta sempre foi
a grande
desculpa de
todos os
tiranos.
Em todos os
tempos
os homens mobilizaram
ferramentas legais
para
a justificativa
do instrumento
do assassínio,
estranhamente
alegando
fatores que
envolvem a
preservação da
vida e da paz.
Em todas as
épocas
promoveram-se
guerras e
chacinas em
países alheios,
justamente em
prol da paz,
e notadamente em
nossos tempos,
no chamado
"combate ao
terror".
Formaliza-se a
pena de
morte como
punição máxima,
contraditoriamente,
visando coibir
os desmandos
insanos da
prática, contra
o próximo, da
violência
extrema, da
crueldade e da
morte.
E agora
se empenham encarniçadamente em legalizar,
mais uma vez, a
morte,
pretensamente em
favor da vida!
Trucidando-se
barbaramente
inocentes
indefesos,
crianças ainda
em formação no
ventre materno!
É o paroxismo de
terror dos
nossos tempos,
sequela e
sinalização
indiscutível dos
extremos de
insensatez a que
chegou uma
civilização
cujos valores
morais, estes,
sim, de há muito
abortados, para
dar lugar a toda
espécie de
excessos comportamentais que
venham não
solucionar
qualquer
problema social
ligado à miséria
ou à própria
violência, mas
somar
mais violência e
intolerância à
vida humana.
Há dias
publiquei neste
espaço, e a
Globo transmitia,
em reportagem do
noticiário das
dezenove horas,
matéria
referindo
ao exemplo da
Família
Santa Clara, um
casal empenhado
– em Vargem
Grande, no Rio
de Janeiro, e
contando apenas
com a própria
grandeza d'alma
e com subsídios
de amigos que se
aliam à nobre
causa – em
acolher dezenas
e dezenas de
menores em
situação de
indigência,
desvalidos
ou segregados
socialmente,
oferecendo-lhes
tudo o que é
necessário a
uma vida digna,
antes de tudo de
direito:
educação,
reintegração
sadia na
família, lazer,
cultura, amparo
material,
emocional e
espiritual – amor!
Uma das
múltiplas demonstrações
inquestionáveis
de que a solução
mais cabível,
mais bem-vinda
para os nossos
grandes
desafios é a
autêntica
preservação e
valorização da vida em
cada indivíduo!
Não a
disseminação
de mais morte
como o querem
os fatalistas e
precipitados de
plantão,
imaturos de
espírito,
desejosos de
impor a
problemas
criados pelos próprios
desvarios de
nossa sociedade
soluções fáceis,
práticas e
irresponsáveis
– para não
referir:
hediondas! Pois,
para
confirmá-lo,
basta que
procurem,
por alto, dar
uma vista d'
olhos, em
imagens fotográficas
ou em vídeo, no
terror que é o
aborto!
Conversem um
pouco com quem
priva
de perto com tal
realidade
espúria! E
depois que se
discuta o
assunto em
consciência
e com
propriedade!
Já foi
comprovado
cientificamente
que o feto sente
dor. E em nada
ajudaria
a legalização
desta prática,
ao contrário do
que se pensa,
para sanar os
problemas das
populações
socialmente
desfavorecidas.
Para tanto,
educação, sim, é
a chave – um
investimento a
longo prazo
que às
autoridades não
interessa muito,
de uma ótica
imediatista e
eleitoreira, na
questão do
controle de
natalidade, já
que não faz
estardalhaço
como as "Cidades
da Música" e o
acolhimento da
Copa de 2014.
Muito mais fácil
e mais prático
matar, forjando
o ardil das
justificativas
socialmente
louváveis
e números
estatísticos
mentirosos de
apoio da
população neste
sentido,
pois é notório
em qualquer
forum sobre o
assunto que
a maioria ainda
se posiciona
contra este ato
de absoluta
insanidade,
crueldade e
incompetência
para se resolver
problemas sérios
à coletividade,
de modo sensato
e saudável,
gerados antes
pelas
desigualdades
sociais que
encontram suas
causas
na questão da
educação
deficitária,
como foi dito, e
nos
descalabros de
ordem econômica
vigentes no
mundo.
O caso da menina
de Pernambuco
foi mais uma
entre as muitas
tragédias
semelhantes e
cotidianas no
nosso país.
Impossível
formular, a
nível
individual,
qualquer
julgamento
de valor em
relação à
infeliz
família envolvida;
e, neste caso,
consideramos
que, sim, a dita
excomunhão da
Igreja Católica
é autêntica
mostra de
insensatez.
Todavia,
saibamos separar
as coisas: a
Igreja erra no
momento em que
se arvora em
inquisidora e
excomunga – pois
nem o Criador o
faz, renovando
os dias para a
devida
reformulação de
atitudes de
todos, algozes e
vítimas;
mas não erra ao
defender
ferrenhamente a
vida!
Busquem-se,
então, soluções
viáveis, neste
como noutros
casos extremos,
de defesa real
da Vida!
Adote-se,
encaminhe-se à
guarda e amparo
adequado crianças cujas
mães, por uma ou
outra razão, se
vejam
impossibilitadas
material e
emocionalmente
de acolher os
pequenos.
Mas não, e
nunca!,
o
assassínio, pois
não há
justificativa
que endosse a
matança
sanguinária,
ainda que
legalizada, de
crianças! De
bebês! Dos
nossos futuros filhos,
completamente
vulneráveis e
ainda em
formação!