MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
14)
Damos continuidade ao estudo da obra
Libertação,
de André Luiz, psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier e
publicada em 1949 pela Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que espécie de ação os obsessores exerciam contra Margarida?
R.: A principal era a vampirização, que se
fazia de forma incessante. As energias
usuais do corpo pareciam transportadas às
formas ovoides, que se alimentavam delas,
automaticamente, num movimento indefinível
de sucção. Em vista disso, Margarida estava
exausta e amargurada e seus olhos espantados
davam ideia dos fenômenos alucinatórios que
lhe acometiam a mente, deixando perceber o
baixo teor das visões e audições interiores
a que se via submetida. Mais alguns dias e
tudo estaria concluído, assim pensava o
diretor da falange. (Libertação, cap. IX,
pp. 115 e 116.)
B. Na igreja eram muitos os desencarnados em desequilíbrio?
R.: Sim. A turba de desencarnados, todos em
desequilíbrio, era talvez cinco vezes maior
que a assembleia de crentes encarnados, e
eles ali se achavam, evidentemente, com o
propósito deliberado de perturbar e iludir.
(Obra citada, cap. IX, pp. 116 a 118.)
C. A fé é importante em nosso processo evolutivo?
R.: Sim, mas sozinha não basta. "A confiança
no bem e o entusiasmo de viver que a luz
religiosa nos infunde -- disse Gúbio --
modificam-nos a tonalidade vibratória.
Lucramos infinitamente com a imersão das
forças interiores no sublimado idealismo da
crença santificante a que nos afeiçoamos;
todavia, o serviço real que nos cabe não se
resume só a palavras". "A profissão de fé
não é tudo." (Obra citada, cap. IX, pp.
119 e 120.)
Texto para
leitura
57. Em casa de Margarida - No
dia seguinte, Gúbio e seus amigos
dirigiram-se para confortável residência,
onde inesperado espetáculo os surpreenderia.
O edifício denunciava a condição
aristocrática dos moradores. A casa estava
cercada por entidades espirituais de aspecto
deprimente. Eram muitos os Espíritos
inferiores que afluíram à sala de entrada,
sondando-lhes as intenções, mas os
benfeitores espirituais tudo fizeram para
parecerem delinquentes vulgares. Gúbio se
fizera tão escuro, tão opaco na organização
perispirítica, que de modo algum se faria
reconhecível. Saldanha, o diretor da falange
operante, veio recebê-los. Inicialmente
fez-lhes gestos hostis, mas, ante a senha
que Gregório lhes dera, admitiu-os na
condição de companheiros importantes. "O
chefe deliberou apertar o cerco?", perguntou
Saldanha. "Sim -- informou Gúbio --,
desejaríamos examinar as condições gerais do
assunto e auscultar a doente". Eles
passaram então por um vasto corredor
atulhado de substâncias fluídicas
detestáveis. Saldanha os acompanhou, um
tanto solícito, mas também desconfiado, até
a entrada de grande quarto. Lá fora, a manhã
resplandecia, e o sol penetrava o
compartimento, através da vidraça
cristalina. Margarida, a obsidiada que Gúbio
se propunha socorrer, ali estava, mostrando
extrema palidez nas linhas nobres do
semblante digno. A seu lado, dois
desencarnados, de horrível aspecto,
inclinavam-se, confiantes e dominadores,
sobre o busto da enferma, submetendo-a a
complicada operação magnética. A surpresa
maior, porém, ocorreu quando André examinou
com atenção a cabeça da jovem.
Interpenetrando a matéria espessa da
cabeceira em que descansava, surgiam
algumas dezenas de corpos ovoides, de
vários tamanhos e cor plúmbea,
assemelhando-se a grandes sementes vivas,
atadas ao cérebro da paciente através de
fios sutilíssimos, cuidadosamente dispostos
na medula alongada. A obra dos perseguidores
desencarnados era meticulosa e cruel. (Cap.
IX, pp. 113 e 114)
58. Vampirização incessante -
Margarida estava presa não só aos
truculentos perturbadores que a assediavam,
mas também à vasta falange de entidades
inconscientes que se caracterizavam pelo
veículo mental, a se apropriarem de suas
forças, vampirizando-a em processo
intensivo. Verificava-se ali um cerco
tecnicamente organizado. Claro que as
formas ovoides haviam sido trazidas até ela
por hipnotizadores desencarnados. André
observou que todos os centros metabólicos da
enferma estavam controlados por seus
verdugos. A vampirização era incessante. As
energias usuais do corpo pareciam
transportadas às formas ovoides, que se
alimentavam delas, automaticamente, num
movimento indefinível de sucção. A
infortunada mulher deveria ter sido colhida
através do sistema nervoso central, de vez
que os propósitos sinistros dos
perseguidores se faziam patentes quanto à
vagarosa destruição das fibras e células
nervosas. Margarida estava exausta e
amargurada e seus olhos espantados davam
ideia dos fenômenos alucinatórios que lhe
acometiam a mente, deixando perceber o baixo
teor das visões e audições interiores a que
se via submetida. Gúbio, apesar do
sentimento de piedade que nutria pela
jovem, a quem amava por filha muito querida
ao coração, manteve-se impassível. Depois,
demorou o olhar bondoso em Saldanha, como a
pedir-lhe impressões mais profundas. Eles
estavam em serviço ativo havia dez dias,
informou Saldanha, e não haviam contado com
qualquer resistência. Mais alguns dias e
tudo estaria concluído, avaliou o diretor
da falange. (Cap. IX, pp. 115 e 116)
59. Na igreja - Saldanha,
atendendo a uma pergunta de Gúbio, informou
que o marido de Margarida não tinha a menor
noção de vida moral. "Não é mau homem;
todavia, no casamento foi apenas transferido
de gozador da vida a homem sério.
A paternidade constituir-lhe-ia um
trambolho e filhinhos, se os recebesse, não
passariam para ele de curiosos brinquedos",
acrescentou o diretor da falange. Pouco
depois, o esposo da vítima entrou no quarto
e ajudou-a, prestimoso, a vestir-se.
Decorridos alguns minutos, o casal,
acompanhado por extensa súcia de
perseguidores, tomou um táxi em direção de
um templo católico. Eles iam à missa, na
esperança de melhoras. O veículo parecia um
carro de festa carnavalesca. Entidades
diversas aboletavam-se dentro e em torno
dele, desde o paralamas até o teto. À porta
da igreja, André notou estranho espetáculo.
A turba de desencarnados, todos em
desequilíbrio, era talvez cinco vezes maior
que a assembleia de crentes encarnados. Eles
ali se achavam, evidentemente, com o
propósito deliberado de perturbar e iludir.
No templo comprimiam-se nada menos de sete a
oito centenas de pessoas. A algazarra dos
ignorantes desencarnados era de ensurdecer.
A atmosfera pesava e a respiração fizera-se
difícil pela condensação dos fluidos
semicarnais ali reinantes. Dos objetos e
adornos do culto emanava, porém, doce luz
que se espraiava pelos cimos da nave
iluminada pelo sol. Era perceptível a nítida
linha divisória entre as energias da parte
inferior do recinto e as do plano superior.
Dividiam-se os fluidos, à maneira de água
cristalina e azeite puro, num grande
recipiente. André estranhou no local as
imagens de escultura. Gúbio confirmou que
era, realmente, um erro criar ídolos de
barro ou de pedra para simbolizar a grandeza
do Senhor, quando nossa obrigação principal
é render-lhe culto na própria consciência. A
Bondade Divina é, porém, infinita e ali eles
se achavam perante apreciável quantidade de
mentes infantis, a quem o Senhor jamais
abandona, socorrendo-lhes sempre as
necessidades educativas. Naquela casa de
oração, os altares recebiam as projeções de
matéria mental sublimada dos crentes. Havia
quase um século que as preces fervorosas de
milhares deles envolviam-lhe os nichos e os
apetrechos de culto. Era por isso que eles
resplandeciam. (Cap. IX, pp. 116 a 118)
60. Profissão de fé não basta
- Era através daquele material que os
mensageiros espirituais distribuíam dádivas
espirituais a todos quantos sintonizavam
com o plano superior. "A luz que oferecemos
ao Céu -- disse Gúbio -- serve sempre de
base às manifestações do Céu para a Terra".
André observou, contudo, que quase todos ali
presentes, mesmo aqueles que portavam
delicados objetos de culto, revelavam-se
mentalmente muito distantes da verdadeira
adoração à Divindade. O halo vital de que se
cercavam definia pelas cores o baixo padrão
vibratório a que se acolhiam. Em grande
parte, dominavam o pardo-escuro e o
cinzento-carregado. Em alguns, os raios
rubro-negros denunciavam cólera vingativa
que não conseguiam disfarçar. Entidades
desencarnadas, em deplorável situação,
espalhavam-se em todos os recantos, nas
mesmas características. A oração exigia dos
crentes imenso esforço. Quando se iniciou a
cerimônia, André notou com grande assombro
que o sacerdote e seus ajudantes, apesar de
se dirigirem para o campo de luz do
altar-mor, envergando soberba vestimenta,
jaziam em sombras, sucedendo o mesmo aos
assistentes. Todavia, procedendo de mais
alto, três entidades de sublime posição
hierárquica se fizeram visíveis à santa
mesa, onde magnetizaram as águas expostas,
saturando-as de princípios salutares e
vitalizantes, como acontece nas sessões de
Espiritismo Cristão, e, em seguida, passaram
a fluidificar as hóstias, transmitindo-lhes
energias sagradas à fina contextura. As
entidades inferiores não percebiam, porém, a
presença dos nobres emissários espirituais.
Na plateia, pelo halo das pessoas, André
notou que muitos frequentadores se
esforçavam por melhorar sua atitude mental
na oração. Reflexos arroxeados, tendendo a
vacilante brilho, apareciam aqui e acolá;
contudo, os malfeitores desencarnados
propositadamente se postavam ao pé dos que
se candidatavam à fé renovadora e reverente,
buscando conturbá-los. Perto dali, dois
espíritos bem atrasados tentavam anular a
atenção de uma senhora que buscava alçar-se
na prece elevada, sugerindo-lhe
reminiscências de baixo teor que lhe
tornavam infrutífera a tentativa. Gúbio
aproveitou o ensejo para dizer que a
história de gênios satânicos atacando os
devotos de variados matizes era, no fundo,
verdadeira. Interessa às inteligências
pervertidas a ignorância das massas. Por
isso mesmo, a aquisição de fé demanda
trabalho individual dos mais persistentes.
"A confiança no bem e o entusiasmo de viver
que a luz religiosa nos infunde -- disse o
Instrutor -- modificam-nos a tonalidade
vibratória. Lucramos infinitamente com a
imersão das forças interiores no sublimado
idealismo da crença santificante a que nos
afeiçoamos; todavia, o serviço real que nos
cabe não se resume só a palavras". "A
profissão de fé não é tudo." (Cap. IX, pp.
119 e 120)
(Continua no próximo número.)