MARCOS PAULO DE OLIVEIRA SANTOS
mpoliv@bol.com.br
Taguatinga, Distrito Federal (Brasil)
Fenômeno
bullying e a
Educação Espírita
A sociedade tem, de
forma geral, uma visão
idílica da escola, não
obstante as influências
exógenas que a permeiam
e que, um sem-número de
vezes, são negativas.
Tal visão, portanto, é
equivocada na medida em
que esses problemas
adentram os muros da
escola e descaracterizam
o que deveria ser o
lócus da sabedoria,
como é o caso da
violência.
A violência,
problemática grave da
sociedade contemporânea,
é mais evidente na fase
juvenil (American
Academy of Pediatrics;
American Medical
Association citado
por LOPES, 2005, pg.
S164), e a escola, nesse
contexto, é extremamente
propícia à influência,
tendo em vista que
carrega, em seu bojo,
atores sociais, jovens,
com suas respectivas
idiossincrasias, as
quais se encontram em
constante tensão.
A escola, depois do
núcleo familiar, é o
primeiro contato do
jovem com a sociedade.
E, também, representa um
local que recebe
constantemente
influências negativas,
como a violência, já
mencionada
anteriormente. Mas não
se trata somente de
violências físicas, que
têm gerado investimentos
elevados em segurança
com câmeras, seguranças
particulares, detectores
de metais, muros, grades
mais arrojadas, entre
outros. Há uma outra
forma de violência que
não se conseguiu
controlar; um tipo de
violência implícita e,
consequentemente, mais
danosa, denominada pelos
educadores e
pesquisadores como
bullying.
O fenômeno bullying,
termo de gênese inglesa,
é definido como uma
reação cruel intrínseca
nas relações
interpessoais, em que há
a sobrepujança do mais
forte sobre o mais fraco
e que muitas vezes
constituem objetos de
diversão e prazer,
denominados erroneamente
de “brincadeiras”, mas
que em realidade denotam
o propósito de maltratar
e intimidar (FANTE,
2005, pg. 29).
A despeito da
terminologia nova, o
fenômeno é antigo, e ao
fazermos um escorço
histórico, constatamos
que os primeiros estudos
sistematizados tiveram
início nos anos de 1970,
na Suécia.
Posteriormente, na
Noruega, aprofundaram-se
os estudos, no final de
1982, em função de os
educadores procurarem
compreender a causa do
suicídio de três
crianças.
O precursor dos estudos
sobre o fenômeno
bullying foi Dan
Olweus, que elaborou
meios para detectar a
problemática de forma
eficaz e não dar margens
a interpretações outras,
em que se consideraria
tal ação de maneira
minimizada como
brincadeiras e gozações
e, portanto, inerentes e
naturais ao
desenvolvimento juvenil.
Com o aumento
estatístico de casos,
houve a necessidade de
variados estudos
ocorrerem em diversas
partes do mundo. E
constatou-se a
existência de
protagonistas do
fenômeno com papéis bem
definidos: a vítima, o
agressor e o espectador.
O agressor compraz-se em
oprimir, humilhar,
subjugar os mais fracos.
Geralmente, pertence a
uma família
desestruturada,
apresenta carência
afetiva, tem
dificuldades de se
adaptar às normas, entre
outros. Ele também é
impulsivo, vangloria-se
diante da sua
“superioridade” física e
adota constantemente
condutas antissociais
(Idem, 2005, pg. 73).
O papel de vítima é
dividido em três, a
saber (Ibidem, 2005, pg.
71-72):
– a vítima típica: é a
pessoa que sofre
constantemente agressões
físicas e/ou morais;
– a vítima provocadora:
é a pessoa que atrai ou
provoca as reações
agressivas para si, mas
não consegue resolver a
situação. Geralmente é
uma pessoa de costumes
irritantes e que fomenta
a celeuma no ambiente em
que se encontra;
– a vítima agressora: é
a pessoa que reproduz as
agressões físicas e/ou
morais sofridas.
Obviamente que em
indivíduos mais frágeis.
Por fim, há também o
espectador, que apenas
assiste a tudo de
maneira tácita (lei do
silêncio) e não defende
a vítima por medo de uma
represália, nem se junta
ao agressor por não
coadunar com seu
comportamento.
Todos os protagonistas
do fenômeno bullying,
em maior ou menor grau,
apresentam problemas
para o resto da vida. A
indiferença ou o
desconhecimento por
parte dos educadores e
pais são responsáveis
pela deserção escolar
(SEGREDO et al.,
2006, pg. 145).
Problemas psicofísicos
inúmeros que podem levar
aos casos extremos de
suicídio e/ou
assassinatos também
existem nos casos em que
estão os envolvidos do
fenômeno bullying.
A Educação Espírita,
relevante e necessária
ao desenvolvimento
juvenil para os embates
da vida, propicia uma
ferramenta imbatível
contra o fenômeno
bullying: O amor.
Investir na
evangelização espírita,
na mocidade espírita e,
por consequência, nos
estudos sistematizados
da Doutrina Espírita
(ESDE) são as chaves
para uma comunidade
escolar mais solidária e
fraterna.
A violência, de gênese
multifatorial, rodeia o
jovem carente da atenção
familiar, que está
exposto aos filmes
violentos, aos jogos
violentos, aos esportes
violentos... e que acaba
por manifestar tal
comportamento forjado na
sua intimidade por um
largo período.
Resgatar os valores
inefáveis do grupo
familiar, primeira
escola por excelência,
também é o papel do
Espiritismo, que, em
suma, luta pela
transformação moral do
ser humano.
“O Espiritismo tem como
máxima lapidar Fora
da Caridade não há
salvação, que se
fundamenta no pensamento
e exemplificação de
Jesus, quando esteve
conosco na Terra. Assim,
os postulados que se
derivam dos Seus ensinos
e que foram muito bem
estudados por Allan
Kardec são as diretrizes
de segurança que não
podem ser
desconsideradas.”
(Vianna de Carvalho,
1999, pg. 161.)
Referências:
FRANCO,
Divaldo Pereira.
Atualidade do Pensamento
Espírita. 3 ed.
Salvador, BA: Livraria
Espírita Alvorada
Editora, 1999.
LOPES
NETO, Aramis A. Bullying:
comportamento agressivo
entre estudantes. J.
Pediatr. (Rio J.), Porto
Alegre, v. 81, n.
5, 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S002175572005000700006&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 3 de janeiro
de 2009.
SEGREDO,
Cajigas de. et. al.
Agresión entre pares (bullying)
en un centro educativo
de Montevideo: estudio
de las frecuencias de
los estudiantes de mayor
riesco.
In:
Revista Médica del
Uruguay. 2006; 22:
143-151. Disponível em:
<http://www.rmu.org.uy/revista/2006v2/art9.pdf>.
Acesso em: 3 de janeiro
de 2009.