CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Você, de
novo?!...
Parece
brincadeira...
mas exatamente
esta cena, entre
cômica e
dramática,
poderia
acontecer entre
inimigos de
vidas passadas
que, no
presente, se
reconhecessem de
uma hora para
outra, com
consequências
imprevisíveis.
Muita gente se
pergunta, e me
pergunta sempre
sobre isso.
Ainda esta
semana um amigo
comentava esta
questão. Mas a
realidade é que
a própria
atividade
mediúnica nos
ensina, enquanto
ainda por aqui,
na vida
material, a
parte prática -
os
inconvenientes
sérios disso nas
mais variadas
situações, o que
vem mais uma vez
provar que as
Leis regentes
dos nossos
destinos através
da eternidade
são sábias.
Imaginemos a
cena,
hipoteticamente:
um clima de
guerra familiar,
onde dois irmãos
de sangue jamais
se entenderam -
de graça! Pois
ambos foram
criados dentro
dos mesmos
critérios e
referências de
valores pelos
pais, sob os
mesmos
princípios de
orientação para
a vida... Nada
obstante, a
desavença é
eterna.
Discordam
agressivamente
em tudo, apesar
de toda a
diretriz de
harmonia e
concórdia
exemplificada no
âmbito
doméstico; a
antipatia, o
impulso de se
molestarem
mutuamente
vencem,
irresistivelmente,
todo o esforço
dos pais para
harmonizá-los,
superando as
diferenças
mútuas. Nada
parece
funcionar, de
fato...
Até que um dia,
sem mais nem
menos, um deles
se recorda, de
abrupto, daquele
irmão num
contexto de
vidas
anteriores, como
um seu inimigo
ferrenho, que,
de quebra, ainda
lhe tirara a
vida em
circunstâncias
trágicas...
Olha para o
outro, que, a
esta altura, de
dentro da mais
absoluta
inocência e
ignorância do
fenômeno
insólito que se
passa no íntimo
daquele irmão
difícil, nem
imagina a nuvem
de tempestade a
se armar, feroz,
sobre a sua
cabeça. E
desfecha,
encolerizado,
furioso diante
do seu
estarrecimento
mudo, as
palavras do
título deste
artigo:
– Você??!! De
novo??!!...Outra
vez perto de
mim, desgraçado,
depois de ter me
tirado a vida e
saído
impune?!!...
Seria
inevitável!
Malograria todo
o esforço atual
de entendimento
entre estes
graves desafetos
do passado que,
com o benefício
do esquecimento
das vidas
anteriores, e
convivendo no
presente como
irmãos, ao menos
ensaiariam um
esforço de
compreensão
mútua, de afeto,
sob a orientação
madura dos pais
e o respaldo da
consanguinidade,
que lhes
ensejaria a
chance de um
mínimo de
aproximação que
fosse...
Talvez mesmo
que, com esta
recordação
abrupta e
extemporânea, os
problemas entre
os dois, gerados
pelos sucessos
críticos de suas
diferenças,
viessem a se
agravar, já que
todo o episódio
regressivo
implica na
retomada
inevitável da
bagagem
emocional
intensa das
épocas
esquecidas, que
reflui,
impetuosa, para
a tona da nossa
sensibilidade –
já que somos um
e o mesmo ser em
qualquer século,
tendentes a
conservar as
mesmas bases
emotivas no
terreno dos
relacionamentos.
De fato, se
amamos ou
odiamos alguém,
ainda que se
passem três
décadas – e se
continuidade de
convivência não
houve por um ou
outro motivo,
propiciadora das
transformações
naturais da
passagem dos
dias que,
infalivelmente,
modificam pontos
de vista e
opiniões
arraigadas sobre
os alvos de
nossa
afetividade
amigável ou
avessa –, em
casos assim, em
nada se
modificará o
nosso sentimento
quanto aos
personagens do
nosso passado
distante, ainda
mesmo que nos
esqueçamos deles
por dilatado
intervalo de
tempo!
O que vem
explicar,
também, a
situação
inversa, mas de
efeitos
idênticos: que
dor talvez não
nos dilaceraria
o lembrarmo-nos,
de repente, de
um profundo amor
nosso do
passado, ao dar
com ele,
atualmente,
envolvido com
outras
vivências, e,
amorosamente,
com outras
pessoas,
cumprindo o
traçado de seu
aprendizado
rápido nas
paisagens
materiais
conforme o
planejamento
necessário,
antes da
reencarnação?!
Saberíamos
compreender com
a devida
sabedoria?!
Saberíamos nos
manter isentos,
desapegados, já
que o amor,
sendo
verdadeiro, não
se apaga do
nosso coração, a
qualquer tempo?
Estaríamos aptos
a olhar para a
situação do alvo
do nosso amor
sob o prisma
mais amplo, com
o alcance de
consciência
devido que nos
privasse da
ainda tão
arraigada
escravidão da
posse e do ciúme
nos nossos
Espíritos,
quanto a estes
que assim
amamos?!...
É tema propício
à reflexão, já
que a própria
sequência dos
dias nos oferece
fartura de
situações que
nos demonstram,
na prática,
enigmas de
solução
aparentemente
inexistente,
passíveis de nos
atormentar e
consumir o
coração se nos
atermos à lógica
confinada ao
imediatismo
desta nossa
curta passagem
pelo mundo.
Tentemos encarar
sob esta ótica
as próximas
ocasiões em que
nos depararmos
com antipatias
grandes e
gratuitas no
nosso círculo de
convivências;
ou,
repentinamente,
com aquele
alguém que você
sente
instantaneamente,
no mais profundo
da sua alma,
tratar-se de um
grande amor,
estranhamente
distanciado de
seus dias de um
modo
aparentemente
arbitrário;
recordemo-nos de
que nada se dá
sem razão no
equilíbrio
perfeito com que
o universo foi
criado; da
fugacidade de
nossos dias por
aqui perante a
eternidade, e de
que todo amor
autêntico de
fato é eterno,
ninguém nos
arrebata; e que
inimizades
grandes, estas
não o precisam
ser para sempre,
também, já que
tudo e todos
mudam sempre!...