MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
16)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Os médicos da Terra
contam com amigos
espirituais que os
ajudam?
R.: Evidentemente.
"Todos os médicos –
disse Maurício a André
Luiz –, ainda mesmo
quando materialistas de
mente impermeável à fé
religiosa, contam com
amigos espirituais que
os auxiliam. A saúde
humana é dos mais
preciosos dons divinos".
Ele explicou então que,
por parte de quantos
ajudam a marcha humana,
na esfera espiritual, há
sempre medidas de
proteção à harmonia
orgânica, para que a
saúde das criaturas não
seja prejudicada.
Aludindo aos erros
tremendos que se
verificam na medicina,
disse que os protetores
invisíveis não os podem
evitar. "Nossa
colaboração não pode
ultrapassar o campo
receptivo daquele que se
interessa pela cura
alheia ou pelo próprio
reajustamento.
Entretanto, realizamos
sempre em favor da saúde
geral quanto nos é
possível."
(Libertação, cap. X, pp.
130 e 131.)
B. O Espírito da
falecida esposa do
psiquiatra rondava seu
lar?
R.: Sim. A primeira
esposa permanecia ligada
à organização doméstica,
que considerava sua
propriedade exclusiva.
Os dois filhos que
deixara, em conflito com
o pai e com a madrasta,
concorriam para mantê-la
presente no lar e, por
isso, o duelo mental na
casa era enorme. Ninguém
cedia, ninguém
desculpava e o combate
espiritual permanente
transformava o recinto
numa arena de trevas.
(Obra citada, cap. X,
pp. 131 a 133.)
C. A beleza física
reproduz a beleza da
alma encarnada?
R.: Nem sempre. É o que
André mostra na obra em
foco. Diz ele que a
segunda esposa do médico
impressionava pelo apuro
da apresentação. A
pintura do seu rosto era
admirável. O traje
elegante e sóbrio, as
joias discretas e o
penteado harmonioso
realçavam-lhe a
profundeza do olhar, mas
ela rodeava-se de
substância fluídica
deprimente, de um halo
plúmbeo que denunciava
sua posição de
inferioridade.
Terminado o almoço, após
uma infeliz discussão
com o marido, a jovem
mulher buscou repousar
num divã largo e macio,
onde adormeceu. André
viu, então, que seu
perispírito estampava no
semblante os sinais das
bruxas dos velhos contos
infantis. A boca, os
olhos, o nariz e os
ouvidos revelavam algo
de monstruoso. A própria
esposa desencarnada,
ali presente, por medo,
recuou semi-espavorida,
tentando ocultar-se
junto do filho. A cena
lembrou a André o livro
de Oscar Wilde que conta
a história do retrato de
Dorian Gray. Maurício
esclareceu: "Sim, meu
amigo, a imaginação de
Wilde não fantasiou. O
homem e a mulher, com os
seus pensamentos,
atitudes, palavras e
atos criam, no íntimo, a
verdadeira forma
espiritual a que se
acolhem. Cada crime,
cada queda, deixam
aleijões e sulcos
horrendos no campo da
alma, tanto quanto cada
ação generosa e cada
pensamento superior
acrescentam beleza e
perfeição à forma
perispirítica, dentro da
qual a individualidade
real se manifesta,
mormente depois da morte
do corpo denso". "Há
criaturas belas e
admiráveis na carne e
que, no fundo, são
verdadeiros monstros
mentais, do mesmo modo
que há corpos torturados
e detestados, no mundo,
escondendo Espíritos
angélicos, de celestial
formosura." (Obra
citada, cap. X, pp. 133
a 135.)
Texto
para leitura
66. Auxílio aos
médicos - A
entidade espiritual
pousou a destra na
fronte do médico e este,
embora relutasse
bastante, sugeriu ao
esposo aflito: "Por que
não tenta o Espiritismo?
Conheço ultimamente
alguns casos intrincados
que vão sendo
resolvidos, com êxito,
pela psicoterapia..." O
esposo de Margarida
recebeu com simpatia o
conselho do psiquiatra,
que, havendo receitado
alguns medicamentos,
logo se retirou, sob o
riso escarninho de
Saldanha, que dominava
amplamente a situação.
Gúbio, após ligeira
conversa com o diretor
da falange, pediu a
André que acompanhasse
o médico, retornando a
casa dentro de algumas
horas. Distanciado
dali, André acercou-se
da entidade que assistia
o médico de perto e
entabulou com o novo
amigo amistoso diálogo.
Tratava-se de Maurício,
que fora enfermeiro do
esculápio e agora,
desencarnado, recebera
a tarefa de ampará-lo
nos empreendimentos
profissionais. "Todos
os médicos -- asseverou
o amigo ---, ainda mesmo
quando materialistas de
mente impermeável à fé
religiosa, contam com
amigos espirituais que
os auxiliam. A saúde
humana é dos mais
preciosos dons divinos".
Explicou então que, por
parte de quantos ajudam
a marcha humana, na
esfera espiritual, há
sempre medidas de
proteção à harmonia
orgânica, para que a
saúde das criaturas não
seja prejudicada.
Aludindo aos erros
tremendos que se
verificam na medicina,
disse que os protetores
invisíveis não os podem
evitar. "Nossa
colaboração não pode
ultrapassar o campo
receptivo daquele que se
interessa pela cura
alheia ou pelo próprio
reajustamento.
Entretanto, realizamos
sempre em favor da saúde
geral quanto nos é
possível." E, numa
expressão profundamente
significativa,
acentuou: "Ah! se os
médicos orassem!" (Cap.
X, pp. 130 e 131)
67. Conflitos no
lar - A
residência confortável
onde morava o psiquiatra
transbordava de fluidos
desagradáveis. O clima
doméstico era
perturbador. Maurício
elucidou estar sumamente
interessado em que seu
amigo se enfronhasse no
trato com as magnas
questões da alma, para
aperfeiçoar-se na tarefa
junto à enferma. Para
isso, encaminhara, de
forma indireta, livros e
publicações sobre o
assunto até aquela casa;
entretanto, os
preconceitos da classe
médica e a influência
perniciosa de sua
segunda esposa agiam
contra tais propósitos.
O médico, não
suportando a viuvez,
desposara cinco anos
antes uma jovem que lhe
exigia pesado tributo à
maturidade respeitável.
Além disso, a primeira
esposa permanecia ligada
à organização doméstica,
que considerava sua
propriedade exclusiva.
Os dois filhos que
deixara, em conflito com
o pai e com a madrasta,
concorriam para mantê-la
presente no lar e, por
isso, o duelo mental na
casa era enorme. Ninguém
cedia, ninguém
desculpava e o combate
espiritual permanente
transformava o recinto
numa arena de trevas. De
fato, André viu a
ex-esposa, sem o corpo
físico, em singular
posição de revolta,
abraçada a um dos
filhos, moço com
presumíveis dezoito
anos, que fumava
nervosamente. Via-se
nele a condição de vaso
receptivo da perturbada
mente materna. Ideias
inquietantes e
delituosas povoavam a
mente do jovem. Fios
muito tênues de força
magnética ligavam-no à
mãe infeliz. Embora o
socorro de Maurício, nem
ele, nem aquela que fora
a sua genitora, se
mostravam suscetíveis à
influenciação
restauradora. O campo
era efetivamente
refratário ao
espiritualismo de ordem
superior, explicou
Maurício. Nesse
instante, o médico
chegou a casa e logo
recebeu de seu filho
recriminações acerbas,
em vista de se haver
demorado para o almoço.
Iniciava-se novo "round"
de vibrações
antagônicas. A ex-esposa
veio sobre o esculápio,
furiosamente. O dono da
casa não lhe assinalou
os punhos ativos no
rosto, mas o sangue
concentrou-se-lhe na
região das têmporas,
tingindo-se-lhe a
máscara fisionômica de
cólera indisfarçável.
Resmungou então algumas
palavras saturadas de
indignação e perdeu, de
todo, o contacto
espiritual com seu
protetor. (Cap. X, pp.
131 a 133)
68. Uma bruxa em
forma de mulher
- A cena mostrava por
que é difícil aos
mentores aproximar-se,
na esfera física,
daqueles a quem se
propõem auxiliar. Um
homem intelectualizado,
como o médico, deveria
sentir santa curiosidade
diante da vida,
abstendo-se de certo
comércio mais intenso
com a satisfação
egoística da experiência
no corpo, mas a criatura
humana costuma
persegui-la até o
desgaste completo da
forma carnal. "Por mais
que a convoquemos à
preciosa viagem da
periferia para o centro,
a fim de que ela se
amolde aos imperativos
da vida que a espera,
além do sepulcro, nosso
esforço é quase sempre
considerado adiável e
inútil", asseverou
Maurício. "E observemos
que nos achamos à frente
de um homem chamado pelo
campo social ao
ministério da cura."
Posta a mesa para o
almoço, a segunda esposa
do médico impressionava
pelo apuro da
apresentação. A pintura
do rosto era admirável.
O traje elegante e
sóbrio, as joias
discretas e o penteado
harmonioso
realçavam-lhe a
profundeza do olhar, mas
rodeava-se ela de
substância fluídica
deprimente. Um halo
plúmbeo denunciava sua
posição de
inferioridade.
Socialmente, devia ser
uma dama das de mais
fino trato; contudo,
terminado o almoço,
deixou positivamente
evidenciada sua
deplorável condição
psíquica. Após uma
infeliz discussão com o
marido, a jovem mulher
buscou repousar num divã
largo e macio, onde
adormeceu. Com surpresa,
André viu que seu
perispírito estampava no
semblante os sinais das
bruxas dos velhos contos
infantis. A boca, os
olhos, o nariz e os
ouvidos revelavam algo
de monstruoso. A própria
esposa desencarnada,
ali presente, não ousou
enfrentá-la, mas recuou
semi-espavorida,
tentando ocultar-se
junto do filho. A cena
lembrou a André o livro
de Oscar Wilde que conta
a história do retrato de
Dorian Gray. Maurício
esclareceu: "Sim, meu
amigo, a imaginação de
Wilde não fantasiou. O
homem e a mulher, com os
seus pensamentos,
atitudes, palavras e
atos criam, no íntimo, a
verdadeira forma
espiritual a que se
acolhem. Cada crime,
cada queda, deixam
aleijões e sulcos
horrendos no campo da
alma, tanto quanto cada
ação generosa e cada
pensamento superior
acrescentam beleza e
perfeição à forma
perispirítica, dentro da
qual a individualidade
real se manifesta,
mormente depois da morte
do corpo denso". "Há
criaturas belas e
admiráveis na carne e
que, no fundo, são
verdadeiros monstros
mentais, do mesmo modo
que há corpos torturados
e detestados, no mundo,
escondendo Espíritos
angélicos, de celestial
formosura." (Cap. X, pp.
133 a 135)
69. É essencial o
trabalho no bem
- Atendendo à sugestão
do médico, Gabriel
conduziu a esposa
enferma ao exame de
afamado professor em
ciências psíquicas.
Gúbio não gostou nada da
ideia, porque a medida
seria improfícua.
Explicou que o professor
indicado era portador de
dons medianímicos
notáveis, mas não
oferecia proveito
substancial aos que dele
se acercavam, por
guardar a mente muito
presa aos interesses
vulgares da experiência
carnal. "Fazer psiquismo
-- disse Gúbio -- é
atividade comum, tão
comum quanto qualquer
outra. O essencial é
desenvolver trabalho
santificante." Se o
detentor desses recursos
não se acha interessado
em gastá-los a favor da
felicidade dos
semelhantes, o
conhecimento -- tal como
ocorre com o dinheiro e
todos os talentos --
apenas lhe agravará os
compromissos no egoísmo
praticado, na distração
inoperante ou na perda
lamentável de tempo.
Saldanha acompanhou os
preparativos do casal,
sem desgarrar-se da
jovem senhora. Poucos
minutos antes das 11
horas, estavam todos em
vasto salão de espera
aguardando a chamada. O
ambiente assemelhava-se
a larga colmeia de
trabalhadores
desencarnados, tal o
número dos que
acompanhavam os
encarnados ali
presentes. Entidades de
reduzida expressão
evolutiva iam e vinham,
prestando pouca atenção
a André e seus
companheiros. Como
Saldanha mantinha
Margarida sob severa
custódia, Gúbio,
alegando interesse na
sondagem do ambiente,
afastou-se um pouco,
junto com André,
detendo-se no exame
acurado dos consulentes.
(Cap. XI, pp. 136 a 138)
(Continua
no próximo número.)