Hospital
Luís Delfino dos Santos
Hospital! Praia viva dos
efeitos,
És foro das causas
esquecidas,
Reduto generoso de mil
vidas,
No espinheiral dos
trilhos imperfeitos.
Incompreendida dor!
Benditos leitos!
Ninho-prisão de loucos e
suicidas
Dantes livres nas largas
avenidas
Do egoísmo e do orgulho,
vis e estreitos.
Em teu regaço, as
lágrimas são hinos...
Alguém te vela o clima,
atento e mudo:
O médico no leme dos
destinos...
Dá-nos, templo da
angústia transitória,
O florão da humildade
por escudo,
O laurel do trabalho por
vitória!...
Luís
Delfino nasceu em
Florianópolis (SC) em 25
de agosto de 1834 e
faleceu no Rio de
Janeiro (RJ) em 31 de
janeiro de 1910. Médico,
ele soube, desde cedo,
servir-se dos pequenos
lazeres da clínica para
escrever os magistrais
sonetos da sua obra
imponente, na qual
conseguiu refletir “os
três movimentos poéticos
do século: o romantismo,
o parnasianismo e o
simbolismo”. O soneto
acima integra o livro
Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira.