RICARDO BAESSO
DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora,
Minas Gerais
(Brasil)
Basta mudar a si
mesmo?
No livro A
Mosca Azul,
Frei Betto faz
um belo estudo
sobre o poder,
detalhando todos
os malefícios
que o poder pode
trazer para as
almas incautas.
O autor não se
restringe a esse
tema e tece
considerações
sérias sobre o
homem e seus
valores.
Examinando a
derrocada do
socialismo, ele
escreveu: "Ao
revolucionar a
sociedade, o
socialismo não
mudou
radicalmente as
pessoas. Prova
disso é que,
após setenta
anos de nova
sociedade,
bastou a União
Soviética ruir
para que a
sociedade russa
apresentasse sua
face cruel, da
rede mundial de
pedófilos, via
internet, além
do fato de
Moscou superar
Nova York em
número de
bilionários do
dólar”.
Os excessos e
abusos cometidos
por aqueles que
pregavam o fim
das regalias,
mostraram que o
que desejavam na
verdade era o
acesso ao poder,
para fazerem
exatamente o que
combatiam nos
outros. Osho
afirmava que
quem deseja o
poder não é para
fazer o bem,
pois para fazer
o bem ninguém
precisa do
poder.
O Espiritismo
esclarece que as
mudanças sociais
e o sonho de
igualdade de
direitos e
oportunidades só
se realizarão
quando
instalarmos
dentro de nós o
princípio da
justiça e da
bondade.
Mas mostra
também frei
Betto, no livro
citado acima,
que a simples
formação
religiosa não
produz força
suficiente para
operar as
mudanças
aspiradas pela
sociedade.
Escreveu: "A
formação
religiosa, se
dotada de força
de conversão,
modifica hábitos
pessoais,
elimina vícios,
aprimora
virtudes, incute
valores e alarga
o horizonte
ético. Mas não
induz
necessariamente
à crítica
estrutura da
sociedade.
Antes, adequa
melhor o
convertido aos
valores vigentes
na ordem social.
E nem sempre são
valores
positivos, como
é o caso da
competitividade,
antagônica ao
preceito
evangélico da
solidariedade.
Quem opera
mudanças em sua
vida pessoal não
o faz
imperiosamente
na vida social".
A reforma íntima
não pode
promover no
cristão uma
alienação, antes
deve levá-lo a
uma integração
íntima com o
meio, procurando
torná-lo mais
justo com as
pessoas,
sensibilizando-as
para a
autossuperação.
Lembra o autor
que o caminho se
faz ao caminhar.
A pessoa muda
também à medida
que transforma o
mundo.