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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo - Espanhol  Inglês
Ano 3 - N° 110 – 7 de Junho de 2009

 


Enfermidade providencial

 

Pedrinho brincava com seus amigos no jardim jogando bolinhas de gude. Eram garotos levados, mas Pedrinho gostava deles. Cansado da brincadeira, um deles disse, fazendo careta: 

— Que dia mais chato! Nada temos para fazer. 

Chutando umas pedras, Pedrinho concordou: 

— Chato mesmo. Que tal se nós brincássemos de pega-pega? 

Dedé, balançando a cabeça, respondeu: 

— Outra vez? Já fizemos isso hoje! 

— Que tal amarrarmos o rabo do gato e atearmos fogo para vê-lo correr? — sugeriu Joãozinho, maldoso, com os olhos brilhando de animação. 

— Nada feito! — retrucou Dedé — Esqueceram que já fizemos isso? Meu gato está todo queimado e minha mãe ficou muito brava comigo. 

Pedrinho concordou: 

— É verdade. Temos que inventar coisas diferentes. 

— Mas, o quê? — Dedé perguntou. — Já jogamos bola, corremos atrás do cachorro do Pedrinho, sujamos as roupas do varal da dona Antonia, tomamos sorvete... 

— Já sei! — falou Joãozinho com ar inteligente e maroto — Vamos roubar frutas na chácara do velho Simão. 

Todos bateram palmas. Afinal, tinham encontrado algo diferente para fazer. Nisso, a mãe de Pedrinho chamou-o para tomar banho e jantar. Como fosse tarde, resolveram deixar a brincadeira para o dia seguinte. 

À noite, Pedrinho colocou o pijama e deitou-se. Sua mãe veio dar-lhe boa-noite e juntos fizeram uma prece. 

Naquele momento, envolvido pelas bênçãos da prece, Pedrinho sentiu remorso de tudo o que fizera e desejoso de realmente mudar. 

O garoto orou a Jesus pedindo-lhe que o transformasse num menino bonzinho e o livrasse das tentações do mal.  

Todavia, lembrando que os amigos ficariam esperando por ele, pediu à mãe que o acordasse cedo, e explicou: 

— Combinei encontrar-me com o Dedé e o Joãozinho. 

A mãezinha, preocupada, aconselhou: 

— Olha lá, meu filho, o que vão fazer. Não gosto que ande na companhia desses meninos. São muito arteiros. 

— Não se preocupe, mamãe. Não vamos fazer nada errado. 

A mãe despediu-se, dando-lhe um beijo no rosto: 

— Está bem, meu filho. Boa noite! Que o seu anjo da guarda o proteja e lhe inspire bons pensamentos. 

Na manhã seguinte, Pedrinho amanheceu muito  indisposto. Passou  mal  à noite,  teve

febre, calafrios. A mãe examinou-o e, pelas manchas no corpo, achou que poderia ser catapora, pois tinha ouvido dizer que várias crianças estavam com essa doença.  

Pedrinho não conseguiu levantar-se para ir ao encontro dos amiguinhos.  

Mais tarde, um vizinho veio vê-lo e perguntou: 

— Vocês sabem da novidade? Hoje pela manhã dois garotos entraram no pomar do velho Simão para roubar frutas e foram apanhados pelos cachorros quando tentavam pular o muro. 
 

Preocupada, a mãe de Pedrinho perguntou: 

— E os meninos? 

— Estão bem, embora um pouco machucados. Levaram um susto terrível! Poderiam até ter morrido! 

Pedrinho, assustado, ouvia a conversa. Depois, não se conteve e começou a chorar, falando com voz entrecortada de pranto: 

— Ainda bem que fiquei doente! 

E confessou tudo para sua mãe, que o ouviu em silêncio. 

— Está vendo, meu filho, do que você se livrou? Agradeça a Jesus e ao seu anjo da guarda que o protegeram. Lembra-se da prece que fez ontem ao deitar? A oração nos protege sempre, e é ajuda preciosa nas dificuldades e perigos deste mundo. Procure sempre ser bom para merecer o amparo dos Amigos Espirituais. 

— É verdade, mamãe. Procurarei ser um menino diferente de hoje em diante, eu prometo. 

E completou com um suspiro aliviado: 

— Bendita catapora!

                                                        Tia Célia   


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita