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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 111 - 14 de Junho de 2009

CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
 

 
De que são feitos os sonhos (II)

 

 
Continuarei aqui o assunto abordado em artigo anterior sobre o que acontece durante os nossos desprendimentos do corpo físico, e de quando eventualmente guardamos alguma consciência daquilo que fizemos nestes retornos diários ao mundo maior, quando reencontramos pessoas conhecidas, ou supostamente desconhecidas, visitando lugares e exercendo atividades as mais inimagináveis.

Refiro-me acima a pessoas "supostamente" desconhecidas, e acrescento que visitamos também lugares "supostamente" desconhecidos baseando-me na própria experiência neste sentido, porque pude comprovar, há algum tempo, que lugares e pessoas que encontramos e visitamos durante o nosso período de desprendimento do corpo físico, muitas das vezes, são antes nossos antigos conhecidos, sim. Apenas que, mergulhados no condicionamento severo de percepção imposto pelas limitações da vida na matéria, não possuímos as condições para acessar integralmente a memória de todas as vivências trazidas das vidas passadas e destas incursões, por ora periódicas, nos domínios das outras dimensões da vida.

Pude constatar, no decorrer dos anos e dos estudos neste sentido, que as lembranças fiéis ao que acontece conosco nos nossos desprendimentos durante o sono não "desaparecem" com rapidez, como acontece com os sonhos comuns. São de uma nitidez impressionante, e normalmente permanecem "marcadas" vigorosamente na memória, mesmo muito tempo depois. Foi o que ocorreu comigo num episódio pitoresco e inesquecível.

Há vários anos atrás, guardei na memória com bastante nitidez um aparente "sonho", no qual eu visitava, na companhia de uma moça à primeira vista desconhecida, um lugar de cujos detalhes até hoje me recordo com clareza indiscutível. Era um prédio de tonalidade parda, com várias janelas enfileiradas em dois ou três andares, lembrando um edifício antigo. Defrontava uma espécie de largo onde se via algumas árvores, e, na hora em que lá estive, se achava iluminado e cheio de gente, como se houvesse ali, naquele momento, alguma festividade ou evento público. Entramos durante alguns instantes, sem muita demora, e saímos, o que me facultou ver também os arredores da perspectiva da saída do prédio.

A visão do lugar era, repito, de uma clareza impressionante; mas até onde eu sabia, enquanto desperta no corpo físico, tratava-se de lugar incógnito para mim, ao menos no ambiente familiar da minha cidade. Naquela época, nunca havia viajado para nenhum local distante demais do Rio de Janeiro, e mesmo hoje conheço apenas outros estados do Nordeste do Brasil, o que desautorizava uma suposição de que tal quadro fosse uma recordação de algum local visto antes, e caído no esquecimento posteriormente.

Passados vários anos, no entanto, como dito, estranhamente esta visão nunca se removeu das minhas lembranças, até que há alguns anos, empenhada em estudos do período histórico da antiguidade romana, em decorrência do teor de um livro ditado pelo meu mentor em vias de ser lançado (O Pretoriano – Mundo Maior Editora), durante uma pesquisa de imagens na internet, tomei um choque que me enregelou o estômago.

Diante de mim, no monitor, entre as fotos da rica arquitetura histórica romana, dei de cara com o prédio visto anos atrás no meu desprendimento. Idêntico! Nenhuma dúvida possível: até mesmo o ângulo de visão era o mesmo. As janelas, o largo dianteiro, as árvores, tudo! Avidamente busquei outras fotografias; escrevi ao webmaster solicitando, se possível, que me remetesse outras fotos do edifício e dados sobre o mesmo, ao que ele, gentilmente, não tardou em me atender. E o meu assombro se completou: tratava-se do Teatro de Marcello, mandado construir inicialmente por Julio Cesar, e terminado por Augusto, que lhe apôs o nome em homenagem ao seu filho Marcello.

Passado o assombro, veio-me o entendimento, indiscutível: visitei, no meu desligamento do corpo, locais onde anteriormente vivera, como é narrado nas nossas obras psicografadas que falam, dentre outras coisas, das minhas várias vidas em Roma, na antiguidade. O cérebro material, efetivamente, em não guardando registros claros disso, e não tendo eu visitado aquele país na presente vida na matéria, naturalmente não ofereceu lógica à minha compreensão em vista do que via durante aquela visita noturna. Mas o local definitivamente existe, como me foi dado constatar desta forma maravilhosa, anos depois; e foi visitado por mim durante o sono noturno, evidenciando a sublime liberdade de que desfrutamos, quando libertos do corpo, para ir e vir na pátria espiritual, na companhia de pessoas amigas, em visita saudosa ou instrutiva de locais novos ou percorridos outrora, no decorrer das nossas reencarnações em vários outros países e lugares.

Estes acontecimentos merecem registro, e a nossa mais séria dedicação ao estudo e à reflexão por guardarem, no seu significado, a constatação irrefutável daquilo que, uma vez entendido em plenitude pela humanidade num futuro talvez não tão distante, venha a consolidar uma nova era de esperança e de reformulação de propósitos, durante o tempo em que aqui nos demoramos em aprendizado e no trabalho ativo da construção de um mundo melhor, com vistas a uma harmonização definitiva entre os seres. Porque, uma vez assentada a magnitude inconteste da nossa trajetória e dos objetivos da jornada humana para além das paisagens transitórias da materialidade, talvez, afinal, se entenda, definitivamente e na prática dos nossos dias, a necessidade inadiável de uma harmonização pacífica da vida humana com vistas a um salto qualitativo do orbe físico, do atual mundo de provas e expiações para o projetado plano regenerativo, de realizações mais ricas em luz e em beleza, e mais refinadas em essência, para a felicidade do espírito humano.                  


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita