CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
De que são feitos os
sonhos (II)
Continuarei aqui o
assunto abordado em
artigo anterior
sobre o que acontece
durante os nossos
desprendimentos do
corpo físico, e de
quando eventualmente
guardamos alguma
consciência daquilo
que fizemos nestes
retornos diários ao
mundo maior, quando
reencontramos
pessoas conhecidas,
ou supostamente
desconhecidas,
visitando lugares e
exercendo atividades
as mais
inimagináveis.
Refiro-me acima a
pessoas
"supostamente"
desconhecidas, e
acrescento que
visitamos também
lugares
"supostamente"
desconhecidos
baseando-me na
própria experiência
neste sentido,
porque pude
comprovar, há algum
tempo, que lugares e
pessoas que
encontramos e
visitamos durante o
nosso período de
desprendimento do
corpo físico, muitas
das vezes, são antes
nossos antigos
conhecidos, sim.
Apenas que,
mergulhados no
condicionamento
severo de percepção
imposto pelas
limitações da vida
na matéria, não
possuímos as
condições para
acessar
integralmente a
memória de todas as
vivências trazidas
das vidas passadas e
destas incursões,
por ora periódicas,
nos domínios das
outras dimensões da
vida.
Pude constatar, no
decorrer dos anos e
dos estudos neste
sentido, que as
lembranças fiéis ao
que acontece conosco
nos nossos
desprendimentos
durante o sono não
"desaparecem" com
rapidez, como
acontece com os
sonhos comuns. São
de uma nitidez
impressionante, e
normalmente
permanecem
"marcadas"
vigorosamente na
memória, mesmo muito
tempo depois. Foi o
que ocorreu comigo
num episódio
pitoresco e
inesquecível.
Há vários anos
atrás, guardei na
memória com bastante
nitidez um aparente
"sonho", no qual eu
visitava, na
companhia de uma
moça à primeira
vista desconhecida,
um lugar de cujos
detalhes até hoje me
recordo com clareza
indiscutível. Era um
prédio de tonalidade
parda, com várias
janelas enfileiradas
em dois ou três
andares, lembrando
um edifício antigo.
Defrontava uma
espécie de largo
onde se via algumas
árvores, e, na hora
em que lá estive, se
achava iluminado e
cheio de gente, como
se houvesse ali,
naquele momento,
alguma festividade
ou evento público.
Entramos durante
alguns instantes,
sem muita demora, e
saímos, o que me
facultou ver também
os arredores da
perspectiva da saída
do prédio.
A visão do lugar
era, repito, de uma
clareza
impressionante; mas
até onde eu sabia,
enquanto desperta no
corpo físico,
tratava-se de lugar
incógnito para mim,
ao menos no ambiente
familiar da minha
cidade. Naquela
época, nunca havia
viajado para nenhum
local distante
demais do Rio de
Janeiro, e mesmo
hoje conheço apenas
outros estados do
Nordeste do Brasil,
o que desautorizava
uma suposição de que
tal quadro fosse uma
recordação de algum
local visto antes, e
caído no
esquecimento
posteriormente.
Passados vários
anos, no entanto,
como dito,
estranhamente esta
visão nunca se
removeu das minhas
lembranças, até que
há alguns anos,
empenhada em estudos
do período histórico
da antiguidade
romana, em
decorrência do teor
de um livro ditado
pelo meu mentor em
vias de ser lançado
(O Pretoriano –
Mundo Maior Editora),
durante uma pesquisa
de imagens na
internet, tomei um
choque que me
enregelou o
estômago.
Diante de mim, no
monitor, entre as
fotos da rica
arquitetura
histórica romana,
dei de cara com o
prédio visto anos
atrás no meu
desprendimento.
Idêntico! Nenhuma
dúvida possível: até
mesmo o ângulo de
visão era o mesmo.
As janelas, o largo
dianteiro, as
árvores, tudo!
Avidamente busquei
outras fotografias;
escrevi ao webmaster
solicitando, se
possível, que me
remetesse outras
fotos do edifício e
dados sobre o mesmo,
ao que ele,
gentilmente, não
tardou em me
atender. E o meu
assombro se
completou:
tratava-se do Teatro
de Marcello, mandado
construir
inicialmente por
Julio Cesar, e
terminado por
Augusto, que lhe
apôs o nome em
homenagem ao seu
filho Marcello.
Passado o assombro,
veio-me o
entendimento,
indiscutível:
visitei, no meu
desligamento do
corpo, locais onde
anteriormente
vivera, como é
narrado nas nossas
obras psicografadas
que falam, dentre
outras coisas, das
minhas várias vidas
em Roma, na
antiguidade. O
cérebro material,
efetivamente, em não
guardando registros
claros disso, e não
tendo eu visitado
aquele país na
presente vida na
matéria,
naturalmente não
ofereceu lógica à
minha compreensão em
vista do que via
durante aquela
visita noturna. Mas
o local
definitivamente
existe, como me foi
dado constatar desta
forma maravilhosa,
anos depois; e foi
visitado por mim
durante o sono
noturno,
evidenciando a
sublime liberdade de
que desfrutamos,
quando libertos do
corpo, para ir e vir
na pátria
espiritual, na
companhia de pessoas
amigas, em visita
saudosa ou
instrutiva de locais
novos ou percorridos
outrora, no decorrer
das nossas
reencarnações em
vários outros países
e lugares.
Estes acontecimentos
merecem registro, e
a nossa mais séria
dedicação ao estudo
e à reflexão por
guardarem, no seu
significado, a
constatação
irrefutável daquilo
que, uma vez
entendido em
plenitude pela
humanidade num
futuro talvez não
tão distante, venha
a consolidar uma
nova era de
esperança e de
reformulação de
propósitos, durante
o tempo em que aqui
nos demoramos em
aprendizado e no
trabalho ativo da
construção de um
mundo melhor, com
vistas a uma
harmonização
definitiva entre os
seres. Porque, uma
vez assentada a
magnitude inconteste
da nossa trajetória
e dos objetivos da
jornada humana para
além das paisagens
transitórias da
materialidade,
talvez, afinal, se
entenda,
definitivamente e na
prática dos nossos
dias, a necessidade
inadiável de uma
harmonização
pacífica da vida
humana com vistas a
um salto qualitativo
do orbe físico, do
atual mundo de
provas e expiações
para o projetado
plano regenerativo,
de realizações mais
ricas em luz e em
beleza, e mais
refinadas em
essência, para a
felicidade do
espírito humano.