MILTON R.
MEDRAN MOREIRA
medran@via-rs.net
Porto Alegre,
Rio Grande do
Sul (Brasil)
A
transcomunicação
permite sonhar
Sonia Rinaldi é
uma paulistana
muito corajosa.
Há mais de 20
anos resolveu
mergulhar fundo
no estudo, na
pesquisa e na
experimentação
desse fenômeno
chamado
transcomunicação
instrumental.
Para quem não
sabe, trata-se
do recurso que
permite a
comunicação
entre encarnados
e desencarnados
por meio de
aparelhos
eletrônicos.
Para Sonia e
seus
colaboradores do
Instituto de
Pesquisas
Avançadas em
Transcomunicação
Instrumental,
esse assunto,
segundo consta
de recente
entrevista
publicada na
revista
eletrônica Nova
E, “nada tem
a ver com
religião, apesar
de falar em vida
após a morte”.
Tanto assim que
ela está
otimista com uma
oportunidade
acadêmica agora
surgida. Sonia
vai defender, a
partir deste
ano, uma tese de
mestrado na PUC
(Pontifícia
Universidade
Católica), de
São Paulo, cujo
objetivo é,
simplesmente,
comprovar que,
após a morte do
corpo físico, a
consciência
sobrevive. O que
por muitos é
aprisionado no
compartimento do
mistério e da
fé, para ela é
campo aberto à
investigação e
provável
comprovação.
Na entrevista,
disse que esse
trabalho
acadêmico será,
na verdade, uma
“megatese
multidisciplinar”,
com a
participação de
engenheiros,
físicos e
matemáticos,
todos com título
de doutorado. E
que a eles, e
não à autora da
tese, caberá
avaliar, dentro
dos parâmetros
requeridos pela
ciência, que o
fenômeno é real.
É mais uma
tentativa de
deixar
cabalmente
provado esse
fenômeno da
comunicabilidade
entre encarnados
e desencarnados,
que muitos
homens de
ciência insistem
em relegar
simplesmente ao
terreno da
crença, quando,
na verdade, já
possuímos
respeitável
aporte de
recursos capazes
de demonstrar,
com razoável
nível de
comprobabilidade,
ser apenas um
fato natural.
Bem, deixemos
que as coisas
corram. Oxalá
Sonia consiga
êxito. Por
enquanto, fico
aqui a
conjecturar
sobre o quanto
se hão de
alterar os
conceitos
vigentes sobre a
vida e sobre a
morte no dia em
que, melhor
desenvolvidos e
postos a serviço
de todos, forem
massivamente
utilizados esses
recursos.
Nessa reflexão,
convido os
leitores a
fazerem uma
digressão sobre
o que, por
exemplo,
significava a
viagem de um
filho que fosse
estudar ou viver
na Europa, por
exemplo, 50 ou
100 anos atrás,
e o que isso
significa hoje.
Naquele tempo em
que uma ligação
telefônica era
dispendiosa e
poucos podiam
valer-se dela,
em que uma carta
levava dias ou
muitas semanas
para chegar, em
que, quando
precisávamos nos
comunicar com
urgência,
enviávamos um
telegrama,
pagando por
palavra, naquele
tempo, um filho
que fosse para
um outro
continente, na
prática, ficava
quase
incomunicável
com a gente.
Agora, que
estamos todos
conectados por
redes mundiais
de computadores,
a ausência
física de um
ente querido é
muito mais
suportável,
porque suprível,
em qualquer
momento, por
meios de
comunicação que
nos põem em
contato imediato
uns com os
outros, pela
palavra escrita
ou falada e até
com a interface
da imagem
projetada numa
tela a poucos
centímetros de
nossos olhos.
Por mais que
sintamos a falta
do ente querido
em nosso
ambiente
doméstico, essa
proximidade
eletrônica, real
e instantânea,
nos dá a
permanente
sensação da
proximidade. É
quase um contato
físico.
Com a morte
ocorre algo
semelhante. Por
mais que
creiamos ou que
tenhamos
fundamentos
racionais
capazes de
confortar o
princípio
filosófico da
sobrevivência do
espírito além da
vida material, a
separação e a
não
possibilidade da
comunicação com
aqueles que se
foram sempre é
algo
profundamente
penoso. As
concepções
espíritas
amenizam um
pouco isso, na
medida em que
encontramos
forma de manter
com eles algum
contato, seja
pela conexão
mental, seja
pelos meios
comumente
denominados
mediúnicos. Que
o digam as
centenas ou
milhares de mães
que receberam
inequívocas
mensagens
enviadas por
filhos
desencarnados,
na vastíssima
obra, por
exemplo, de um
Francisco
Cândido Xavier
ou de outros
médiuns que se
dedicaram a essa
consoladora
tarefa.
Mais não preciso
dizer sobre as
conjecturas que
faço acerca da
verdadeira
derrubada de
muros, no
terreno da
comunicação
encarnado/desencarnado,
que poderá
representar, no
futuro, o
domínio mais
pleno dessa área
de pesquisa e
experimentação,
chamada
transcomunicação
instrumental.
O dia – e isso,
hoje, é uma
hipótese nada
desprezível a
partir dos
esforços e das
experiências já
catalogadas – em
que pudermos, em
nossa casa,
ligar o
computador e,
ali, captarmos,
em tempo real, a
voz e a imagem
de um ente
querido que vive
em outra
dimensão, a
morte já não
será o que é
hoje. E, com
certeza, o mundo
não será o
mesmo.
Os avanços
trazidos pela
eletrônica em
tão poucos anos
revolucionaram
todos os setores
da vida. Agora,
já podemos
sonhar sejam
capazes de
revolucionar
também os mais
arraigados
conceitos sobre
a morte,
permitindo seja
ela compreendida
como um
episódio, não
mais que um
episódio, no
grandioso
fenômeno da
verdadeira vida:
a do Espírito
imortal.