ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
Donos da verdade
Se há um
equívoco humano
onde costumamos
nos perder
intensamente,
com graves
prejuízos para
os ideais que
julgamos lutar
em favor, é nos
colocarmos como
donos da
verdade.
É quando
começamos a
achar que somos
imprescindíveis.
É quando achamos
que nosso ponto
de vista é o
mais acertado e
deve ser aceito
por todos. É
exatamente
quando nos
colocamos na
posição de impor
ideias ou
comportamentos,
esperando
adesões sem
questionamentos.
É aí que nos
perdemos
intensamente e
prejudicamos os
progressos do
conjunto. É que
nos deixamos
fascinar pela
vaidade, pela
transitoriedade
precária de um
cargo ou pela
suposta e tola
noção de
superioridade e
proteção que
julgamos
possuir.
São conhecidos
os prejuízos
históricos de
tais
comportamentos
em todas as
épocas da
humanidade. Nem
é preciso citar
qualquer
exemplo, mas o
faremos apenas
para reforçar a
presente
abordagem.
Caifás, Pilatos,
Hitler, entre
outros
personagens do
passado e do
presente, estão
entre tais
casos, de nomes
famosos ou
conhecidos e
mesmo entre
anônimos na
realidade e
intimidade de
empresas e
famílias.
Sim, tais casos
lamentáveis
estão nos
esportes, na
política, nas
artes, nas
religiões, nas
profissões, nos
relacionamentos
familiares ou
não e mesmo nos
diferentes
grupos de
diferentes
ideais.
Inclusive no
ambiente do
movimento
espírita,
infelizmente.
Ocorre dizer,
por oportuno,
que a Doutrina
Espírita nada
tem a ver com
isso. Isso é
consequência de
nossa
imaturidade ou
tentativa
desesperada de
resolver as
coisas sob o
nosso limitado e
estreito ponto
de vista.
Imaturidade que
ainda guarda os
largos conteúdos
do egoísmo,
causa que
articula a
ambição, a
inveja, o ódio e
o ciúme, entre
outros males.
Ciúme e inveja,
esses vermes
roedores da paz
humana. Para
quê? Eles
juntos,
articulados pelo
egoísmo,
perturbam as
relações
sociais,
provocam
divisões e
destroem a
tranquilidade e
a segurança,
conforme comenta
o lúcido
Codificador do
Espiritismo,
Allan Kardec,
após a resposta
dos Espíritos à
questão 917 de
O Livro dos
Espíritos.
Se trouxermos,
então, tal
questão e tais
prejuízos à
intimidade de
nossas
atividades
espíritas, já
são conhecidos
os danosos
resultados.
Não somos donos
da verdade, não
somos donos de
ninguém. Nossa
opinião, nosso
ponto de vista é
apenas um ponto
de vista
pessoal, fruto
de nossa
experiência
pessoal que é
diferente da
experiência do
outro, que não
pode ser
desprezada.
Por que
desmerecemos o
esforço alheio,
porque tentamos
paralisar
iniciativas
alheias? Por
que, finalmente,
desejamos impor
nossa vontade?
Tudo isso é
fruto de nossa
pequenez. Diante
da proposta
lúcida e
grandiosa do
Espiritismo,
alicerçado no
Evangelho de
Jesus, iniciemos
desde já o
esforço de
melhora de nós
mesmos e não dos
outros...
Vale lembrar
André Luiz,
Espírito, no
livro Conduta
Espírita1
(edição FEB,
psicografia
Chico Xavier):
“(...) Suprimir
toda crítica
destrutiva na
comunidade em
que aprende e
serve. A Seara
de Jesus pede
trabalhadores
decididos a
auxiliar (...)”.
Referência:
(1) Capítulo 20
– Perante os
companheiros,
páginas 77 a 79
da 7ª edição.