MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
24)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que disse o Instrutor
Gúbio a respeito da
fortuna?
A fortuna, disse ele, é
uma coroa pesada demais
para a cabeça que não
sabe sustentá-la “e
costuma arrojar à
poeira, através do
cansaço e da desilusão,
todos aqueles que a
senhoreiam, sem
horizontes largos de
trabalho e
benemerência". “A
felicidade – aduziu o
conhecido Instrutor
espiritual – “não está
metida em cofres que a
ferrugem consome.”
(Libertação, cap. XIV,
pp. 187 e 188.)
B. O magnetismo pode ser
usado tanto para o bem
como para o mal?
Sim. Afirma Gúbio: "O
magnetismo é uma força
universal que assume a
direção que lhe
ditarmos. Passes
contrários à ação
paralisante
restituí-lo-ão à
normalidade. Tal
operação, contudo, exige
momento adequado". "Há
necessidade, no feito,
de recursos
regeneradores
intensivos, suscetíveis
de serem encontrados
junto a serviços de
grupo, em que a
colaboração de muitos se
entrosa a favor de um
só, quando necessário."
Ele se referia com essas
palavras a Gaspar, um
dos obsessores de
Margarida. (Obra
citada, cap. XIV, pp.
191 e 192.)
C. Para inspirar o
marido de Margarida,
como Gúbio procedeu?
Gabriel, o marido da
enferma, entrou no
aposento e abeirou-se da
esposa. Gúbio
aproximou-se e colocou
sobre a fronte dele a
destra paternal,
dominando-lhe, no
cérebro, as zonas
diretas da inspiração e
dando curso,
naturalmente, a forças
magnéticas suscetíveis
de inclinar o problema a
solução favorável. Pouco
depois, o marido, de
olhos iluminados por
indefinível esperança,
disse à enferma: "Ouve!
Uma ideia súbita me
brotou no pensamento”.
As palavras que se
seguiram foram fruto
direto da ação
inspiradora do
Instrutor. (Obra
citada, cap. XV, pp. 192
a 194.)
Texto
para leitura
98. Nossos atos
arquitetam nossos
destinos -
Depois de breve pausa,
Gúbio convidou Felício a
aproximar-se:
"Aproxima-te. Vem a nós.
Perdeste a capacidade
de amar? Leôncio é teu
amigo, nosso irmão". O
enfermeiro gritou com
visível expressão de
angústia: "Quero ser
bom, mas não posso...
Tento melhorar-me e não
consigo..." E, com a voz
entrecortada pelos
soluços, acrescentou: "E
o dinheiro? como
resgatarei os débitos
contraídos? sem o
casamento com Avelina, a
solução é
impraticável!" O
Instrutor o abraçou e
aduziu: "E acreditas
solver compromissos
financeiros provocando
dívidas morais que te
atormentarão por tempo
indeterminado? Ninguém
te proíbe o casamento,
nem Leôncio, o
organizador dos bens
materiais de que
pretendes dispor,
discricionariamente, te
poderia induzir à
abstenção nesse sentido.
Os atos de cada homem e
de cada mulher
arquitetam-lhes os
destinos. Somos
responsáveis por todas
as deliberações que
perfilharmos ante os
programas do Eterno e
não poderíamos
interferir em teu livre
arbítrio, mas te pedimos
concurso em benefício
desta vida frágil que
deve continuar..." Gúbio
falou-lhe, então, que a
fortuna -- que ele tanto
ambicionava -- "é uma
coroa pesada demais para
a cabeça que não sabe
sustentá-la e costuma
arrojar à poeira,
através do cansaço e da
desilusão, todos aqueles
que a senhoreiam, sem
horizontes largos de
trabalho e
benemerência". A
felicidade –
afirmou-lhe o Instrutor
– não está metida em
cofres que a ferrugem
consome. Era
fundamental, porém, que
ele poupasse o corpo
tenro do menino e
aguardasse o futuro, sem
trazer para o reino da
morte semelhante
delito, que confinaria o
seu espírito a furnas
trevosas de expiação
regeneradora. "Casa-te,
esbanja as reservas
preciosas deste lar se
não souberes entender a
tempo a sagrada missão
do dinheiro, sobe aos
píncaros da vida social
transitória, adorna-te
com os títulos
convencionais com que o
mundo inferior se
habituou a premiar as
criaturas sagazes que
sobem a ladeira da
dominação inútil ou
ruinosa",
asseverou-lhe Gúbio; no
entanto, "ajuda o
pequenino a
restabelecer-se". (Cap.
XIV, pp. 187 e 188)
99. Felício
promete proteger a
criança - Dito
isso, Gúbio olhou para
Leôncio e acentuou: "Não
é bem isto, Leôncio,
quanto desejamos?" O
ex-hipnotizador de
Margarida, envolto em
lágrimas enternecidas,
confirmou: "Sim, o
dinheiro não importa e
agora reconheço que
Avelina é tão livre
quanto eu mesmo. Mas se
meu filhinho continuar
na Terra, tenho
esperanças em minha
própria regeneração.
Terei nele um
companheiro e um amigo,
ligado à minha memória,
em cuja capacidade de
servir poderei encontrar
bendito campo de serviço
espiritual". "Este
menino, por enquanto, é
o único meio de que
disponho para retomar a
crença no bem de que me
havia afastado." Gúbio
abraçou-o e asseverou:
"Leôncio, Jesus crê na
cooperação dos homens,
tanto assim que nos
tolera as imperfeições
renitentes até que
aceitemos o imperativo
de nossa conversão
pessoal ao supremo bem.
Por que havíamos então
de descrer? Confio na
renovação de Felício. De
hoje em diante, o teu
filhinho não será mais
vigiado por um
perseguidor e, sim,
protegido por desvelado
benfeitor, digno de
nosso concurso
fraterno!" O enfermeiro,
vencido por semelhantes
palavras, ajoelhou-se
diante de todos, e
jurou: "Em nome da
Justiça Divina, prometo
amparar esta criança,
como verdadeiro pai!" Em
seguida, reergueu-se e
tentou beijar as mãos de
Gúbio, que, abstendo-se
delicadamente de receber
tal homenagem, pediu a
Elói e André
conduzissem o paciente
ao corpo físico,
enquanto ele aplicaria
passes de fortalecimento
no menino enfermo.
Felício acordou no leito
em copiosas lágrimas,
mas Elói inoculou-lhe
intensa energia
magnética à esfera
ocular, que seu irmão,
apalermado, viu-os a
ambos, por alguns
segundos. Elói, então,
acercou-se dele e,
possuído por justa
indignação a
resplandecer-lhe nos
olhos, exortou-o com
toda a franqueza: "Se
assassinares este
menino, eu mesmo te
punirei". Felício
proferiu grito terrível
e deixou cair no
travesseiro a cabeça
desfalecente,
perdendo-os de vista.
(Cap. XIV, pp. 188 a
190)
100. A
força magnética assume a
direção que lhe damos
- As coisas tomaram,
assim, novo rumo no caso
de Margarida. Saldanha e
Leôncio passaram a
cooperar ativamente com
Gúbio nos preparativos
da solução do caso.
Gaspar, porém,
preocupava. O
hipnotizador, de
presença
desagradabilíssima
pelos fluidos menos
simpáticos que emitia,
continuava ausente das
conversações. Parecia
ter a alma paralisada e
o pensamento
petrificado. Afinal,
Gaspar jazia surdo,
quase cego, plenamente
insensível, e respondia
às mais longas e
importantes perguntas,
através de monossílabos,
de modo vago,
demonstrando, ainda,
insistência irredutível
no setor de flagelação à
vítima. Gúbio
esclareceu: "André, há
obsessores marcadamente
endurecidos de coração
que se petrificam quando
sob a influência de
perseguidores ainda mais
fortes e mais perversos
que eles mesmos.
Inteligências temíveis
das trevas absorvem
certos centros
perispiríticos de
determinadas entidades
que se revelam
pervertidas e ingratas
ao bem e utilizam-nas
como instrumentalidade
na extensão do mal que
elegeram por sementeira
na vida. Gaspar
encontra-se nessa
situação". Ele explicou,
então, que, hipnotizado
por entidades ligadas à
desordem e anestesiado
pelos raios
entorpecentes, perdera
ele transitoriamente a
capacidade de ver, ouvir
e sentir com elevação,
demorando-se em aflitivo
pesadelo, como um homem
comum, dentro do qual a
dilaceração de Margarida
se lhe tornara ideia
fixa, obcecante.
Evidentemente, ele
poderia reintegrar-se na
posse plena dos seus
sentidos, aduziu Gúbio:
"O magnetismo é uma
força universal que
assume a direção que lhe
ditarmos. Passes
contrários à ação
paralisante
restituí-lo-ão à
normalidade. Tal
operação, contudo, exige
momento adequado". "Há
necessidade, no feito,
de recursos
regeneradores
intensivos, suscetíveis
de serem encontrados
junto a serviços de
grupo, em que a
colaboração de muitos se
entrosa a favor de um
só, quando necessário."
(Cap. XV, pp. 191 e 192)
101. Gabriel é
intuído a buscar o
Espiritismo -
Saldanha, sem saber como
proceder na nova
situação, pediu
instruções a Gúbio. Se
ele demonstrasse
claramente seus novos
propósitos, atrairia
contra o seu esforço
terrível reação dos
adversários. O Instrutor
concordou com o
diagnóstico. Eles
estavam realmente fracos
para batalhar em
conjunto. Era
indispensável, primeiro,
que Margarida tivesse
melhoras positivas. Até
lá, convinha guardar o
ambiente doméstico sem
alterações, visto como
Gaspar era outro doente
a exigir especial
atenção, por trazer o
perispírito enfermiço e
viciado, a reclamar
caridoso concurso. Mal
fizera essa observação,
Gabriel entrou no
aposento e abeirou-se da
esposa, desalentada e
abatida. Gúbio
aproximou-se e colocou
sobre a fronte dele a
destra paternal,
dominando-lhe, no
cérebro, as zonas
diretas da inspiração e
dando curso,
naturalmente, a forças
magnéticas suscetíveis
de inclinar o problema a
solução favorável. Pouco
depois, o marido, de
olhos iluminados por
indefinível esperança,
disse à enferma: "Ouve!
Uma ideia súbita me
brotou no pensamento.
Desde muitos dias
estamos atropelados por
remédios violentos e
medidas drásticas que
não te socorreram com a
eficiência precisa.
Consentes em que eu
peça, em nosso favor, o
concurso de algum amigo
interessado em
Espiritismo Cristão?"
Tocada por aquela onda
de carinho que fluía de
Gúbio, por intermédio de
Gabriel, a doente abriu
os olhos, cheios de
interesse novo, como
quem encontrara
inesperada senda
salvadora, e concordou,
feliz: "Estou pronta.
Aceitarei qualquer
recurso que consideres
por tua vez justo e
digno". O esposo saiu,
esperançoso, acompanhado
de Gúbio, enquanto André
permaneceu ao lado de
Saldanha, no aposento de
Margarida. (Cap. XV, pp.
192 a 194) (Continua
no próximo número.)