14. Prosseguindo seus
comentários, Kardec
acrescenta: I) Para
curar pela ação
fluídica, os fluidos
mais depurados são os
mais saudáveis. II) Ora,
desde que esses fluidos
benéficos são dos
Espíritos superiores,
então é o concurso
destes que é preciso
obter. III) Por isto, a
prece e a invocação são
necessárias, mas, para
orar com fervor, é
preciso fé. IV) Para que
a prece seja escutada, é
preciso seja feita com
humildade e dilatada por
um real sentimento de
benevolência e de
caridade. Ora, não há
verdadeira caridade sem
devotamento, nem
devotamento sem
desinteresse. V) Sem
estas condições, o
magnetizador - privado
da assistência dos bons
Espíritos - fica
reduzido às próprias
forças. Daí, para os
médiuns dedicados a essa
tarefa, a necessidade de
trabalhar o seu
melhoramento moral. (P.
9)
15. Os médiuns curadores
tendem a multiplicar-se,
com o objetivo de
propagar o Espiritismo,
pela impressão de que
esta nova ordem de
fenômenos não deixará de
produzir nas massas,
porque não há quem não
ligue para sua saúde.
(P. 10)
(N.R.: Vê-se que Kardec
chamava de “médiuns
curadores” aos que hoje,
usualmente, chamamos de
“médiuns passistas”.)
16. Ao concluir seu
relato a respeito do
caso de possessão da
srta. Júlia, Kardec
afirma que, se há um
gênero de mediunidade
que exija uma
superioridade moral, é,
sem contradita, o trato
da obsessão, pois é
preciso ter o direito de
impor sua autoridade ao
Espírito. (P. 11)
17. No caso de Júlia e
em todos os casos
análogos, o magnetismo
simples, por mais
enérgico que fosse,
seria insuficiente. Era
preciso agir sobre o
Espírito obsessor, para
o dominar, e sobre o
moral da doente. (P. 12)
18. Constitui também
erro dos mais graves não
ver na ação magnética
mais que simples emissão
fluídica, sem levar em
conta a qualidade íntima
dos fluidos. Na maioria
dos casos, o sucesso
repousa inteiramente
nestas qualidades. (P.
13)
19. A magnetização pode,
em certos casos, ser até
mesmo funesta, como
Hahnemann disse a Kardec
no caso da srta. Júlia.
Erasto confirmou o
ensinamento, reafirmando
que, naquela
circunstância, era
necessária uma ação
material e moral e,
ainda, uma ação
puramente espiritual.
(P. 16)
20. Asseverou Erasto:
“Isto vos demonstra o
que deveis fazer d’agora
em diante, nos casos de
possessão manifesta. É
indispensável chamar em
vossa ajuda o concurso
de um Espírito elevado,
gozando ao mesmo tempo
de força moral e
fluídica, como o
excelente cura d’Ars”.
(P. 16)
21. O ponto essencial,
como observa Kardec, era
levar o Espírito
obsessor a emendar-se, o
que necessariamente
deveria facilitar a
cura. E foi o que se
fez, evocando-o e lhe
dando conselhos. (PP. 16
e 17)
22. Dois diálogos
mantidos com o Espírito
de Fredegunda mostram
como a oração, quando
feita pelo próprio
Espírito, auxilia o
tratamento espiritual.
Em nota aposta no final
do segundo diálogo,
Kardec afirma que nos
casos de fascinação a
dificuldade do
tratamento é muito maior
do que na subjugação.
(P. 20)
23. Aludindo a mais um
grupo espírita
constituído em Lyon, a
Revue informa que
ele surgiu com um duplo
objetivo: a instrução e
a beneficência.
Relativamente à
instrução, o grupo se
propõe consagrar uma
parte menor às
comunicações mediúnicas,
dedicando mais tempo às
instruções orais, com
vistas a desenvolver e
explicar os princípios
espíritas. No tocante à
beneficência, a
sociedade se propõe a
auxiliar pessoas
necessitadas, por meio
de dádivas in natura
e visitas domiciliares
aos pobres doentes. (P.
24)
24. A caridade e a
fraternidade - lembra
Kardec - se reconhecem
pelas obras e não pelas
palavras. Pedra de toque
do Espiritismo, quando
se fala de caridade,
sabe-se que não se fala
apenas daquela que dá,
mas também da que
esquece e perdoa, que é
benevolente e indulgente
e que repudia todo
sentimento de ciúme e
rancor. “Toda reunião
espírita que não se
fundar sobre o princípio
da verdadeira caridade,
será mais prejudicial
que útil à causa, porque
tenderá a dividir, em
vez de unir”, acrescenta
o Codificador. (P. 25)
25. Falando sobre as
primeiras encarnações
dos Espíritos, Kardec
diz que os próprios
Espíritos ignoram as
condições em que elas
ocorrem. Sabe-se apenas
que as almas são criadas
simples e ignorantes,
tendo todas o mesmo
ponto de partida, e que
o livre arbítrio se
desenvolve pouco a
pouco, após numerosas
evoluções na vida
corpórea. (P. 26)
26. É um erro admitir
que as primeiras
encarnações humanas
ocorram na Terra. “A
Terra foi, mas não é
mais, um mundo
primitivo; os mais
atrasados seres humanos
encontrados na sua
superfície já se
despojaram dos primeiros
cueiros da encarnação e
os nossos selvagens
estão em progresso”,
afirma Kardec. (PP. 26 e
27)
(Continua
no próximo número.)