WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)
Pais
intolerantes,
filhos...
A intolerância é
uma chaga
social. Os
sonhos de
harmonia entre
os homens batem
de frente nos
muros da
intolerância
erguidos pela
inflexibilidade
das pessoas. As
guerras, por
exemplo, são as
filhas mais
diletas da
intolerância.
Leia-se guerra
também os
embates
domésticos, que
frequentemente
ocorrem
avassalando
lares. Há tempos
é assim...
Na Idade Média,
época obscura em
que a Europa
ficou imersa na
ignorância, a
intolerância era
ainda mais
abundante.
Aqueles que não
compartilhassem
dos mesmos
pontos de vista
dos poderosos
eram perseguidos
e mortos ou
forçados a
modificar suas
opiniões e
crenças
religiosas. Já
na Idade Moderna
é ilustrativo o
caso de Galileu
Galilei. O
cientista, ao
confirmar que a
Terra não era o
centro do
universo, foi
convidado em
tribunal a
desmentir.
Galileu, a
contragosto,
teve de renegar
as suas ideias
para que
continuasse
vivo. Outro
exemplo de
intolerância
ocorreu com a
Doutrina
Espírita que
nascia na Europa
do século XIX. O
auto-de-fé de
Barcelona, em
que foram
queimados, em
praça pública,
300 livros
espíritas
enviados por
Allan Kardec ao
livreiro
Maurício
Lachâtre,
espelhou,
também, de forma
triste, a
intolerância de
algumas pessoas.
Poucos se
atentam, no
entanto, de que
as raízes da
intolerância têm morada
nos lares, na
educação das
crianças. Os
pais, não raro
exemplificam a
intolerância aos
seus filhos,
transmitindo-a
em suas
atitudes. Pais
intolerantes com
os filhos,
filhos
intolerantes
para com a vida
e o semelhante.
Digo isto porque
presenciei
triste cena em
que os pais
diziam ao filho
não admitir, de
forma alguma,
seu namoro com
jovem de outra
religião. O
jovem,
obviamente, não
compreendeu a
atitude dos
pais, no
entanto, em
virtude da
rígida educação,
foi forçado a
acatar. Terminou
o namoro por
causa da
religião, isso
em pleno século
XXI. Lamentável.
Fico a pensar:
Será que este
jovem será
atingido pela
intolerância dos
pais? Será que
irá copiá-la?
Pode ser que
sim, pode ser
que não. Porém a
família é nosso
primeiro filtro
de valores, é na
família que
aprendemos as
primeiras noções
de como viver em
sociedade. Se os
pais atuam na
educação do
filho
transmitindo
valores
distorcidos,
alimentando o
preconceito e a
intolerância,
pode ser que
esses jovens,
Espíritos em
processo de
educação,
configurem em
seu íntimo essas
irrealidades
como verdades
absolutas.
O resultado não
é difícil de
prever:
crescerão
adultos
preconceituosos
e intolerantes,
mimados e
desacostumados a
conviver com as
diferenças. E,
educados dessa
forma, os
diferentes serão
encarados como
inimigos
ferrenhos. Ou
seja, se não
pensa conforme
meus conceitos é
meu oponente.
Daí a busca pela
eliminação de
quem não lê na
mesma cartilha.
Alguns, no
emprego, puxam o
tapete; outros,
nas
instituições,
boicotam as boas
ideias, e assim
caminha a
humanidade...
Cabe, portanto,
aos pais abrir a
tela mental e
despir-se de
preconceitos e
modelos mentais
obsoletos,
porquanto, se a
intolerância
outrora era
justificada pela
ignorância, hoje
essa desculpa
não faz mais
sentido. A
principal
herança que
deixamos aos
filhos não é a
monetária, mas,
sim, a herança
moral.
Pensemos nisso.