ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
Kardec falou em
mundo espiritual
organizado?
Sim ou não?
A inesgotável
fonte de
consulta que é a
Codificação
Espírita
permite-nos
descobrir
pérolas
escondidas ou
não percebidas
em seus textos.
Foi o que
aconteceu no
capítulo VI de
A Gênese,
especificamente
nos itens 17 a
19, que
recomendamos aos
leitores.
Quando surgiu a
produção
assinada pelo
Espírito André
Luiz, ela causou
impacto à
primeira vista e
aos poucos foi
assimilada,
compreendendo-se
a naturalidade
de suas
afirmações e
perfeita
coerência com a
Codificação de
Allan Kardec.
Embora persistam
posicionamentos
contrários,
fruto natural da
liberdade e
estágios de
entendimento, é
importante que a
pesquisa
doutrinária
continue nos
esclarecendo
sobre a
incomparável
contribuição da
conhecida
Série André Luiz.
Afinal, Kardec
falou em mundo
espiritual
organizado? Sim
ou não? Usamos
tais
questionamentos
como título da
matéria,
propositalmente,
justamente para
incentivar a
pesquisa na
fonte original.
No referido
capítulo de A
Gênese,
acima citado,
podemos
encontrar na
edição da FEB
(32ª. edição, de
12/1998,
tradução de
Guillon
Ribeiro):
a) No item 17:
“(...) A matéria
cósmica
primitiva
continha os
elementos
materiais,
fluídicos e
vitais de
todos os
universos
que
estadeiam suas
magnificências
diante da
eternidade. Ela
é a mãe fecunda
de todas as
coisas, a
primeira avó e,
sobretudo, a
eterna geratriz.
Absolutamente
não desapareceu
essa substância
donde provêm as
esferas
siderais; não
morreu essa
potência, pois
que ainda,
incessantemente,
dá à luz novas
criações e
incessantemente
recebe,
constituídos, os
princípios dos
mundos que
apagam do livro
eterno. A
substância
etérea, mais ou
menos rarefeita,
que se difunde
pelos espaços
interplanetários;
esse fluido
cósmico que
enche o mundo,
mais ou menos
rarefeito, nas
regiões imensas,
opulentas de
aglomerações de
estrelas; mais
ou menos
condensado onde
o céu astral
ainda não
brilha; mais ou
menos modificado
por diversas
combinações, de
acordo com as
localidades da
extensão, nada
mais é do que a
substância
primitiva onde
residem as
forças
universais,
donde a Natureza
há tirado todas
as coisas.
(...)”
b) No item 18:
“(...) Toda
criatura,
mineral,
vegetal, animal
ou qualquer
outra –
porquanto há
muitos outros
reinos naturais,
de cuja
existência nem
sequer
suspeitais
– sabe, em
virtude desse
princípio vital
e universal,
apropriar as
condições de sua
existência e de
sua duração.
(...)”
c) No item 19:
“(...) Até aqui,
porém, temos
guardado
silêncio sobre
o mundo
espiritual, que
também faz parte
da criação
e cumpre
seus destinos
conforme as
augustas
prescrições do
Senhor (...)”.
Todos os
destaques são de
minha autoria. A
partir deles e,
considerando a
extensão dos
itens
transcritos,
podemos
raciocinar
também em termos
de mundo
espiritual. Por
que não?
Acrescente-se a
importância do
quesito
substância
etérea, mais ou
menos rarefeita,
válido, sem
dúvida alguma,
para as
construções
organizadas do
mundo
espiritual, tão
bem descritas
por André Luiz e
outros autores
idôneos, como é
o caso da
inolvidável
Yvonne do Amaral
Pereira. E para
não ficarmos
apenas na
questão de
estrutura
organizada no
mundo
espiritual, o
quesito
todos os
universos
tem extensão
igualmente para
as atuais
pesquisas dos
chamados
buracos negros.
Na reflexão
sobre a
expressão
mais ou menos
rarefeita,
acima destacada,
ou ampliando com
a questão 36 de
O Livro dos
Espíritos,
cuja resposta
indica: “(...) o
que parece vazio
está ocupado por
uma matéria
que escapa aos
teus sentidos e
instrumentos”.
Ou ainda ao
oportunismo da
questão 181 da
mesma obra, em
cuja resposta –
válida para
essas reflexões,
claro, e
extensiva aos
diferentes
degraus
evolutivos:
“(...) Esse
envoltório,
porém, é
mais ou menos
material,
conforme o grau
de pureza a que
chegaram os
Espíritos. É
isso o que
assinala a
diferença entre
os mundos que
temos de
percorrer,
porquanto muitas
moradas há na
casa de nosso
Pai, sendo,
conseguintemente,
de muitos graus
essas moradas.
(...)”.
O destaque
igualmente é
nosso e a
questão
refere-se ao
perispírito e
também aos
diferentes tipos
de corpos
materiais – a
depender do
estágio
evolutivo –
ampliando-se,
pois, a questão
também para a
estrutura
espiritual
organizada. O
assunto,
inclusive, abre
campo imenso na
área de pesquisa
das condições da
pluralidade de
mundos
habitados.
Em tudo isso não
pode escapar ao
nosso raciocínio
a diversidade de
gradações, ou
degraus, ou
estágios, nesses
extremos
mais ou menos
materiais,
conforme
incessantemente
indicam os
Espíritos. Isso
indica
claramente a
necessidade ou
até a coerência
de mundo
espiritual
organizado, a
depender, é
claro, dos
estágios de
evolução dos
Espíritos,
indicadores de
condições mais
ou menos
materiais em
seus corpos
espirituais, o
que requisita
organização
estruturada do
mundo
espiritual.
Muito coerente,
pois, com as
descrições
psicografadas.
Por outro lado,
é importante
citar que,
quando Kardec
pergunta na
questão 22 de
O Livro dos
Espíritos se
o conceito de
matéria é o que
tem extensão e
impressiona os
sentidos, a
resposta é:
“(...) a matéria
existe em
estados que
ignorais. Pode
ser tão etérea e
sutil que
nenhuma
impressão vos
cause aos
sentidos.
Contudo é sempre
matéria. Para
vós, porém, não
o seria”.
E perguntamos,
de que matéria é
feito o mundo
espiritual do
qual nos fala
André Luiz?
E vale ressaltar
que todo o
capítulo VI de
A Gênese,
conforme
indicação de
rodapé, do
próprio
Codificador, é
textualmente
extraído de uma
série de
comunicações
ditadas à
Sociedade
Espírita de
Paris, em 1862 e
1863, sob o
título
Estudos
uranográficos,
e assinadas por
Galileu, através
do médium Camile
Flammarion. E,
aliás, o
capítulo todo é
de uma beleza
transcendental,
que recomendamos
aos leitores não
deixarem de ler.