ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
O Porquê da Vida
Léon Denis
(7ª Parte)
Damos
prosseguimento
ao estudo do
clássico O
Porquê da Vida,
de Léon Denis,
focalizando
nesta edição o
que essa obra
nos traz sobre
as cartas que
João Gaspar
Lavater enviou
no final do
século 18 à
Imperatriz Maria
Feodorawna,
esposa do
Imperador Paulo
I da Rússia. |
Questões
preliminares
A. Quem foi Lavater e em que época ele se correspondeu com a
Imperatriz Maria
Feodorawna?
R.: João Gaspar Lavater
foi teólogo, filósofo e
pastor nascido em
Zurique, Suíça. Suas
cartas dirigidas à
Imperatriz Maria foram
escritas no período de
1796 a 1798. Reunidas
num único volume, as
cartas foram publicadas
em Petersburgo, em 1858,
sob o título “Cartas
de João Gaspar Lavater à
Imperatriz Maria
Feodorawna, esposa do
Imperador Paulo I da
Rússia”. (O
Porquê da Vida, pp. 55 e
56.)
B. Que é que Lavater escreveu sobre o estado da alma depois da
morte?
R.: De forma resumida,
eis o que ele escreveu
sobre o assunto: I - o
mundo invisível deve ser
penetrável para a alma
separada do corpo, assim
como ele o é durante o
sono; II - a alma
aperfeiçoa em sua
existência material as
qualidades do corpo
espiritual, veículo com
que continuará a existir
depois da morte e pelo
qual conceberá e obrará
em sua nova existência;
III - o estado da alma
depois da morte será
fundado sempre neste
princípio geral: o
homem colhe o que houver
plantado; IV - cada
alma, separada do seu
corpo, se apresenta a si
própria, depois da
morte, tal como ela é na
realidade; V - seu peso
intrínseco, como que
obedecendo à lei de
gravitação, atraí-la-á
aos abismos insondáveis
ou às regiões luminosas,
fluídicas e etéreas; VI
- o bom Espírito
elevar-se-á para os bons
e o perverso será
empurrado para os maus,
atendendo à lei das
afinidades. (Obra
citada, pp. 58 a 63.)
C. Lavater admitia claramente as comunicações com o mundo
invisível?
R.: Sim. E previu,
também, que no futuro,
se Deus o permitisse, as
comunicações com o mundo
invisível seriam mais
frequentes. Anexa à
carta em que fez essa
previsão, Lavater
enviou à Imperatriz uma
outra comunicação
mediúnica na qual o
comunicante diz que para
enviar a mensagem
foi-lhe preciso obter
licença especial, pois
os Espíritos nada podem
fazer sem permissão. (Obra
citada, pp. 81 a 83.)
Texto
para leitura
79. No castelo
grão-ducal de Pawlowsk,
situado a vinte e quatro
milhas de Petersburgo,
onde o Imperador Paulo,
da Rússia, passou os
anos mais felizes de sua
vida e que se tornou
depois a residência
favorita da Imperatriz
Maria, sua viúva,
acha-se uma seleta
biblioteca na qual se
encontra um maço de
cartas de Lavater,
que passaram ignoradas
dos biógrafos do célebre
filósofo suíço. (N.R.:
Johann Kaspar Lavater
{1741-1801}, teólogo e
filósofo suíço nascido
em Zurique, foi pastor
em sua cidade natal e é
considerado o fundador
da fisiognomonia -- a
arte de conhecer o
caráter das pessoas
pelos traços
fisionômicos.) (P.
55)
80. Essas cartas --
seis, ao todo -- foram
escritas no período de
1796 a 1798 e enviadas
de Zurique. Dezesseis
anos antes, em Zurique e
em Schaffhouse,
Lavater teve ocasião
de ser apresentado ao
Conde e à Condessa do
Norte, títulos usados
então pelo Grão-Duque da
Rússia e sua esposa em
sua viagem pela Europa.
(PP. 55 e 56)
81. Lavater
estabelece nessas cartas
que a alma, depois de
deixar o corpo, pode
inspirar ideias a
qualquer pessoa que
esteja apta a
receber-lhe a luz, e
assim fazer-se comunicar
por escrito a algum
amigo deixado na Terra.
(P. 56)
82. Reunidas num único
volume, as cartas foram
publicadas em
Petersburgo, em 1858,
sob o título “Cartas
de João Gaspar Lavater à
Imperatriz Maria
Feodorawna, esposa do
Imperador Paulo I da
Rússia”. Editada à
custa da biblioteca
imperial, a obra foi
oferecida em homenagem à
Universidade de Iena.
(P. 56)
83. A correspondência
oferece duplo interesse
por causa da alta
posição das personagens
envolvidas e da
especialidade do
assunto. As ideias
expressas por Lavater
sobre o estado da
alma após a morte
aproximam-se muito das
que foram emitidas pelos
teósofos do seu tempo e
sua concordância com a
Doutrina Espírita é um
fato digno de nota. Além
disso, as cartas provam
que a crença nas
relações entre o mundo
material e o mundo
espiritual germinava na
Europa desde o fim do
século XVIII. (P. 57)
84. Na primeira carta,
datada de 1o
de agosto de 1796,
Lavater fala sobre
o estado da alma depois
da morte. (P. 58)
85. Em resumo, nesta
carta Lavater diz
que: I, o mundo
invisível deve ser
penetrável para a alma
separada do corpo, assim
como ele o é durante o
sono; II, a alma
aperfeiçoa em sua
existência material as
qualidades do corpo
espiritual, veículo com
que continuará a existir
depois da morte e pelo
qual conceberá e obrará
em sua nova existência;
III, o estado da alma
depois da morte será
fundado sempre neste
princípio geral: o
homem colhe o que houver
plantado; IV, cada
alma, separada do seu
corpo, se apresenta a si
própria, depois da
morte, tal como ela é na
realidade; V, seu peso
intrínseco, como que
obedecendo à lei de
gravitação, atraí-la-á
aos abismos insondáveis
ou às regiões luminosas,
fluídicas e etéreas;
VI, o bom Espírito
elevar-se-á para os bons
e o perverso será
empurrado para os maus,
atendendo à lei das
afinidades. (PP. 58 a
63)
86. Na segunda carta,
datada de 18-8-1798,
Lavater assevera
que: I, as necessidades
experimentadas pelo
Espírito durante o seu
desterro no corpo
material ele continua a
senti-las depois de o
abandonar; II, a
necessidade mais natural
que pode nascer numa
alma imortal é a de
aproximar-se cada vez
mais de Deus e de
assemelhar-se ao Pai;
III, quando essa
necessidade predominar
em nós, nenhum receio
deveremos nutrir a
respeito do nosso futuro
após a morte; IV, os
bons são atraídos para
os bons e somente as
almas elevadas sabem
gozar da presença de
outras almas delicadas;
V, nenhuma alma vil e
hipócrita pode sentir-se
bem ao contacto de uma
alma nobre e enérgica
que lhe penetrou os
sentimentos; VI, o
egoísmo é que produz a
impureza da alma e
acarreta o seu
sofrimento; VII, o
egoísmo é combatido por
alguma coisa de puro e
divino que existe em
toda alma: o sentimento
moral; VIII, da
concordância e da
harmonia que se
estabelece no homem
entre ele mesmo e sua
lei íntima, dependem sua
pureza, sua aptidão para
receber a luz, sua
ventura, seu céu e seu
Deus; IX, estando rotos
os laços da matéria, o
amor purificado deve dar
ao Espírito uma
existência feliz, um
gozo contínuo de Deus e
um poder ilimitado para
fazer ditosos todos os
que são aptos para a
felicidade. (PP. 64 a
71)
87. Na terceira carta,
firmada em 1o
de setembro de 1798,
Lavater diz que: I,
despojado do corpo, cada
Espírito será afetado
pelo mundo exterior de
um modo correspondente
ao seu estado de
adiantamento, isto é,
tudo lhe aparecerá tal
qual ele é em si mesmo;
II, os bons Espíritos se
acercarão das almas
bondosas, os maus
atrairão a si as
naturezas ruins; III,
tudo segue marcha
incessante que,
impelindo todas as
coisas para diante, faz
que nos aproximemos de
um objetivo que, aliás,
não é o final; IV, o
Cristo é o herói, é o
centro, a principal
personagem nesse drama
imenso de Deus,
admiravelmente simples e
complicado ao mesmo
tempo; V, à medida que
nossa alma melhorar-se,
nós veremos o Cristo
sempre mais formoso,
porém nunca pela última
vez. (PP. 71 a 75)
88. Na quarta carta, de
14-9-1798, Lavater
afirma que: I,
apesar da existência de
uma lei geral, eterna e
imutável de castigo e
felicidade, cada
Espírito, segundo seu
caráter, terá de sofrer
penas depois da morte do
corpo, ou gozará de
felicidades apropriadas
às suas qualidades; II,
embora todos os
Espíritos estejam
submetidos à ação da lei
das afinidades, é
presumível que o seu
caráter substancial,
pessoal ou individual
lhes dê um gozo ou
sofrimento
essencialmente diversos
de um para outro
Espírito; III, Deus se
colocou e igualmente
dispôs o Universo no
coração de cada ser
humano; IV, todo homem é
um espelho particular do
Universo e do seu
Criador; devemos
empregar todo o nosso
esforço em conservar
esse espelho tão puro
quanto possível, para
que Deus possa ver-se
refletido na sua bela
criação. (PP. 75 a 77)
89. Anexa à carta
precedente, Lavater
enviou à Imperatriz
Maria uma mensagem
enviada por um Espírito
a um amigo da Terra, na
qual fala sobre o estado
dos Espíritos
desencarnados. A
mensagem é datada de
15-9-1798 e diz, em
resumo, que: I, seu
estado atual em relação
ao que tinha na Terra é
como o da borboleta que,
depois de abandonar o
casulo da lagarta, fica
voejando nos ares; II,
uma luz invisível aos
mortais, conquanto
visível a alguns, brilha
e irradia-se docemente
do cérebro de todo homem
bom, amante e religioso;
III, a auréola imaginada
para os santos é
essencialmente
verdadeira e racional;
essa luz torna feliz
todo ser humano que a
possui; IV, nenhum
Espírito impuro pode ou
ousa aproximar-se dessa
luz santa; por meio dela
pode-se perscrutar
facilmente as almas, a
fim de serem lidas ou
vistas em toda a sua
realidade; V, cada
pensamento que parte dos
seres humanos é para os
Espíritos uma palavra e
às vezes um completo
discurso; VI, os
Espíritos respondem aos
pensamentos dos
encarnados, mas estes
ignoram que são eles -
Espíritos - que lhes
falam ou lhes inspiram
ideias; VII, sem a
mediação de uma pessoa
acessível à luz, é
impossível ao Espírito
estender-se conosco
verbalmente, ou por
escrito; VIII, o
Espírito pousa sobre a
fronte desse mediador -
médium, na terminologia
espírita - e suscita
ideias que este descreve
sob a sua inspiração,
por efeito da irradiação
do pensamento. (PP. 78 a
81)
90. Na quinta carta,
datada de 13-11-1798,
Lavater diz que,
para o futuro, se Deus o
permitir, as
comunicações com o mundo
invisível serão mais
frequentes e,
reportando-se à hora da
morte, recomenda à
Imperatriz Maria:
“Apressemo-nos em
atravessar a noite das
trevas para chegarmos à
luz -- passemos por
esses desertos para
entrarmos na terra
prometida -- suportemos
as dores desta
existência para
aparecermos na
verdadeira vida”. (PP.
81 e 82)
91. Anexa à carta,
Lavater enviou-lhe
outra comunicação
mediúnica, em que o
comunicante esclarece
que para enviar a
mensagem foi-lhe preciso
obter licença especial,
pois os Espíritos nada
podem fazer sem
permissão. (PP. 82 e 83)
92. A mensagem descreve
as sensações que o
comunicante teve no
momento de sua passagem
à vida espiritual, finda
a vida corpórea, e assim
se encerra: “Aproveita
essas minhas
comunicações e bem
depressa outras te serão
dadas. Ama e serás
amado, pois só o amor
pode fazer a felicidade.
Oh! Querido amigo, é
pelo amor somente que me
posso aproximar de ti,
comunicar contigo e mais
depressa conduzir-te ao
manancial da vida”. (P.
88)
93. Na sexta e última
carta, escrita em 16
de dezembro de 1798 e
acompanhada de nova
mensagem de origem
mediúnica, Lavater
assevera que nossa
felicidade futura está
em nossas mãos, que só o
amor nos pode dar a
suprema ventura e que só
a fé no amor divino faz
nascer em nossos
corações o sentimento
que nos torna felizes
eternamente -- fé que
desenvolve, purifica e
completa a nossa aptidão
para amar. (P. 89)
94. A mensagem
espiritual, obtida na
mesma data, dá-nos
diversos ensinamentos
sobre as relações que
existem entre os
Espíritos e os seres que
eles amaram na Terra, e
nos diz, em resumo, que:
I, a felicidade dos
Espíritos depende,
algumas vezes, do estado
daqueles que eles
deixaram na Terra e com
os quais eles entram em
relações diretas; II,
cada espécie de amor tem
um raio de luz que lhe é
peculiar. Esse raio
forma a auréola dos
santos e os torna mais
resplandecentes e
agradáveis à vista; III,
quem se torna estranho
ao amor, degrada-se no
sentido mais positivo e
literal da palavra;
torna-se mais material
e, por conseguinte, mais
inferior, mais
terrestre, e as trevas
da noite o cobrem com
seu véu; IV, por efeito
de um movimento
imperceptível, dando
certa direção à sua luz,
os Espíritos podem fazer
nascer ideias mais
humanas nas naturezas
que lhes são simpáticas
e suscitar ações e
sentimentos mais nobres
e elevados; V, não
podem, porém, forçar e
dominar alguém, ou mesmo
fazer imposições aos
homens, cuja vontade é
em tudo independente;
VI, para os Espíritos, o
livre-arbítrio dos
homens é sagrado; VII,
as naturezas degradadas,
egoístas, atraem
Espíritos grosseiros,
privados de luz e
malévolos, que mais e
mais as envenenam; VIII,
as almas bondosas se
fazem, por sua vez, cada
vez mais puras e mais
amantes pelo contacto
dos bons Espíritos; IX,
os Espíritos do bem
abundam onde se acham
almas amorosas e os
Espíritos das trevas
pululam onde há grupos
de almas impuras; X,
existem relações
imperecíveis entre os
mundos visível e
invisível, uma comunhão
constante entre os
habitantes da Terra e os
habitantes do céu, uma
ação recíproca e
benéfica de cada um
desses mundos sobre o
outro. (PP. 89 a 95)