MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
26)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que medidas
socorristas foram
providenciadas para o
lar de Margarida?
R.: Além da doutrinação
da entidade que a
perturbava, era preciso
socorrer-lhe a casa, até
que ela mesma
incorporasse à própria
individualidade, em
caráter definitivo, os
benefícios recolhidos na
Casa espírita. Foram
ajustados, pois, com
Sidônio a colaboração,
por dez dias sucessivos,
de doze companheiros
espirituais incorporados
ao grupo com o objetivo
de reforçar as
atividades defensivas
de sua moradia, uma vez
que, segundo Saldanha e
Leôncio, a partir do dia
seguinte eles estariam
em guerra aberta com os
asseclas de Gregório.
(Libertação, cap. XV,
pp. 200 a 202.)
B. Por que faz mal
projetar-nos nas faixas
inferiores de vibrações?
R.: Foi Sidônio quem
explicou esse fato
dizendo que o servidor
acordado para o bem,
quando se projeta em
determinada faixa de
vibrações inferiores
durante o dia, marca
quase sempre uma
entrevista pessoal, para
a noite, com os seres e
as forças que a povoam.
"Enquanto a criatura é
vulgar e não se destaca
por aspirações de ordem
superior, as
inteligências
pervertidas não se
preocupam com ela; no
entanto, logo que
demonstre propósitos de
sublimação, apura-se-lhe
o tom vibratório, passa
a ser notada pelos
característicos de
elevação e é
naturalmente perseguida
por quem se refugia na
inveja ou na rebelião
silenciosa, visto não
conformar-se com o
progresso alheio."
(Obra citada, cap. XVI,
pp. 203 e 204.)
C. A lei de Deus nos
concede o direito de
errar?
R.: Evidentemente,
embora no caso de Isaura
tenha André ficado
surpreso com tal
direito. "Educação não
vem por imposição",
elucidou Sidônio. "Cada
Espírito deverá a si
mesmo a ascensão sublime
ou a queda deplorável."
(Obra citada, cap.
XVI, pp. 206 a 208.)
Texto
para leitura
106. Gaspar
comunica-se e é atendido
- A jovem enferma
passou a demonstrar
sinais de alívio e
Gaspar pôs-se a gemer,
qual se houvera
acordado de intenso e
longo pesadelo. Nesse
momento, Gúbio preparou
D. Isaura, senhora
daquele santuário
doméstico e médium do
culto familiar,
adestrando-lhe a
faculdade de
incorporação, por
intermédio de passes
magnéticos sobre a
laringe e, em
particular, sobre o
sistema nervoso. Ao
iniciar-se o intercâmbio
mediúnico, os
orientadores aproximaram
Gaspar da médium, a fim
de que ele pudesse
recolher algum benefício
ao contacto dos
companheiros
materializados na
experiência física. Os
sentidos do insensível
perseguidor ganharam
inesperada percepção.
Visão, audição, tato e
olfato foram nele
subitamente acordados e
intensificados. Gaspar
parecia um sonâmbulo
despertando, e, à medida
que se casavam suas
forças às energias da
médium, mais se
acentuava o fenômeno de
reavivamento sensorial.
Apossando-se
provisoriamente dos
recursos orgânicos da
médium, em visível
processo de "enxertia
psíquica", o
hipnotizador gritou e
chorou lamentosamente.
Gaspar misturava
blasfêmias e lágrimas,
palavras comovedoras e
palavras menos dignas,
entre a penitência e a
rebeldia. Escutando
agora, com aguçada
sensibilidade, pôde
conversar detidamente
com Silva, o
doutrinador, que lhe fez
sentir a necessidade de
renovação espiritual em
edificante lição que
tocou as fibras mais
íntimas de todos os
presentes. Depois de
sessenta minutos de
exaustivo debate
emocional, Gaspar foi
conduzido por duas
entidades ao lugar que
lhe correspondia, ou
seja, à posição de
demente com retorno
gradativo à razão.
Imensa alegria
transbordava de todos
os corações, ao término
da reunião, mas Gúbio
observou que o triunfo
essencial ainda não
viera. "Margarida
recebeu amparo imediato,
mas precisamos agora --
disse o Instrutor --
socorrer-lhe a casa, até
que ela mesma incorpore
à própria
individualidade, em
caráter definitivo, os
benefícios aqui
recolhidos." Ajustou,
depois, com Sidônio a
colaboração, por dez
dias sucessivos, de doze
companheiros espirituais
incorporados ao grupo
com o objetivo de
reforçar as atividades
defensivas na moradia de
Gabriel, uma vez que,
segundo Saldanha e
Leôncio, a partir do dia
seguinte eles estariam
em guerra aberta com os
asseclas de Gregório.
(Cap. XV, pp. 200 a 202)
107. O caso Isaura
- Finda a reunião, André
notou que a médium
Isaura, que mostrara
radiações brilhantes em
derredor do cérebro,
durante os trabalhos,
cercara-se depois de
emissões de substância
fluídica
cinzento-escura, qual
se houvesse apagado,
repentinamente, alguma
lâmpada invisível.
Sidônio explicou que a
médium encontrava-se
debaixo de verdadeira
tempestade de fluidos
malignos que lhe estavam
sendo desfechados por
entidades menos
esclarecidas com as
quais se sintonizou,
inadvertidamente, pelos
fios negros do ciúme.
Enquanto ela se achava
sob a influência direta
dos mentores do grupo,
sobretudo nos trabalhos
espirituais de ordem
coletiva, em que agia
como válvula captadora
das forças gerais dos
assistentes, desfrutava
bom ânimo e alegria,
visto que o médium é
sempre uma fonte que dá
e recebe, quando em
função entre os dois
planos. Finda, porém, a
tarefa, Isaura voltava
às tristes condições a
que se relegou. Como
ajudá-la? -- perguntou
André. Sidônio informou
que ela estava sendo
ajudada pelo grupo e só
não sucumbira ainda,
porque eles não a
abandonaram. Era
preciso, porém, num
processo dessa natureza,
agir com cautela, sem
humilhá-la e sem
feri-la. Isaura,
portadora de qualidades
apreciáveis e dignas,
não perdera ainda a
noção de exclusivismo
sobre a vida do
companheiro e, através
dessa brecha que a
induzia a violentas
vibrações de cólera,
perdia excelentes
oportunidades de servir
e elevar-se. Naquele dia
mesmo, ela vivera um dos
seus dias mais infelizes
e reclamava, assim, o
concurso ativo dos
assistentes espirituais,
visto que "cada servo
acordado para o bem,
quando se projeta em
determinada faixa de
vibrações inferiores
durante o dia, marca
quase sempre uma
entrevista pessoal, para
a noite, com os seres e
as forças que a povoam".
"Enquanto a criatura é
vulgar e não se destaca
por aspirações de ordem
superior -- disse
Sidônio --, as
inteligências
pervertidas não se
preocupam com ela; no
entanto, logo que
demonstre propósitos de
sublimação, apura-se-lhe
o tom vibratório, passa
a ser notada pelos
característicos de
elevação e é
naturalmente perseguida
por quem se refugia na
inveja ou na rebelião
silenciosa, visto não
conformar-se com o
progresso alheio." (Cap.
XVI, pp. 203 e 204)
108. O bem não
necessita de escravos
- André pediu permissão
para observar naquela
noite o conflito vivido
por Isaura. Foi
informado então, por
Sidônio, que aquela casa
-- que era também a
residência da médium --
estava sob a guarda de
entidades espirituais
dedicadas ao bem e, por
isso, os Espíritos
perturbadores ou
criminosos ali não
tinham acesso. Isaura,
porém, transtornada pelo
ciúme, ia, ela mesma,
nos momentos do sono,
ao encalço dos maus
conselheiros. Duas horas
depois, o senhor Silva,
já desligado do corpo
físico, acenou-lhes de
porta próxima. Um dos
auxiliares de Sidônio o
acompanhou em proveitosa
excursão de estudos. O
irmão Silva alegou,
pesaroso, que desejava
tanto que Isaura fosse
com eles, mas ela não
lhe atendeu aos apelos.
"Deixa-a! -- observou
Sidônio, com inflexão de
energia na voz --
naturalmente ainda hoje
não se acha preparada
para atender às lições."
Silva saiu e, pouco
depois, Isaura, fora do
corpo físico,
surgiu-lhes à vista,
revelando o perispírito
intensamente obscuro.
Ela passou rente a André
e Sidônio sem
prestar-lhes a mínima
atenção, mostrando-se
encarcerada em
absorvente ideia fixa.
Sidônio disse-lhe
algumas palavras amigas,
que não foram
absolutamente ouvidas.
Tentou tocá-la com a
destra luminosa, mas
Isaura precipitou-se em
desabalada carreira,
deixando-os perceber que
sua presença ali
constituía para ela
aflitiva tortura.
Incapaz de assinalar a
presença de Sidônio,
sentia-lhe as vibrações,
mas demonstrava temer o
contato espiritual com
ele. Evidentemente, se
quisesse, o Instrutor
poderia constrangê-la a
ouvi-lo; contudo,
semelhante atitude
implicaria a supressão
indébita das
possibilidades
educativas. Senhora do
próprio destino, Isaura
tinha o direito de
errar, para melhor
aprender -- o mais
acertado caminho de
defesa da própria
felicidade. Ele ali
estava para ajudá-la,
mas não para algemá-la a
atitudes com que ainda
ela não concordava
espontaneamente. O bem
"não reclama escravos em
sua ação e, sim,
servidores livres,
contentes e otimistas",
acentuou Sidônio. (Cap.
XVI, pp. 205 e 206)
109. Ciúmes
- André ficou surpreso
com o "direito"
de errar que se
assegurava a Isaura.
"Educação não vem por
imposição", elucidou
Sidônio. "Cada Espírito
deverá a si mesmo a
ascensão sublime ou a
queda deplorável." A
médium chegou até uma
velha casa desabitada,
onde dois malfeitores
desencarnados a
esperavam, com o
propósito deliberado de
intoxicar-lhe o
pensamento. Sem perceber
a presença de André e
Sidônio, abeiraram-se de
Isaura, amistosos e
macios. Um deles,
apresentando na voz
mentiroso acento de
compaixão, disse-lhe que
ela vinha sofrendo muito
em seus respeitáveis
sentimentos de mulher...
Isaura, satisfeita por
encontrar alguém que se
associasse às suas dores
imaginárias, respondeu:
"Ah! meu amigo, então, o
senhor também sabe?"
"Como não? -- comentou o
obsessor -- sou um dos
Espíritos que a `protegem'
e sei que seu esposo lhe
tem sido desalmado
verdugo. A fim de `ajudá-la',
tenho seguido o infeliz,
por toda parte,
surpreendendo-lhe as
traições aos
compromissos
domésticos". Isaura, em
lágrimas, lamentou a
própria infelicidade, e
o verdugo prosseguiu:
"Reconheço, reconheço a
extensão de seus
padecimentos morais,
vejo-lhe o esforço e o
sacrifício e não ignoro
que seu marido eleva a
voz nas preces, através
das sessões habituais,
para simplesmente
acobertar as próprias
culpas. Por vezes, em
plena oração, entrega-se
a pensamentos de
lascívia, fixando
senhoras que lhe
frequentam o lar". E,
envolvendo a médium
imprevidente com suas
palavras melífluas,
aduziu: "É um absurdo!
Dói-me vê-la algemada a
um patife mascarado de
apóstolo". Isaura
concordou, dizendo
encontrar-se rodeada de
gente desonesta. "Nunca
sofri tanto!", gemeu a
médium. (Cap. XVI, pp.
206 a 208) (Continua
no próximo número.)