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Estudando a série André Luiz
Ano 3 - N° 115 – 12 de Julho de 2009

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  
 

Libertação

André Luiz

(Parte 26)

Damos continuidade ao estudo da obra Libertação, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1949 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Que medidas socorristas foram providenciadas para o lar de Margarida?

R.: Além da doutrinação da entidade que a perturbava, era preciso socorrer-lhe a casa, até que ela mesma incorporasse à própria individualidade, em cará­ter definitivo, os benefícios recolhidos na Casa espírita. Foram ajustados, pois, com Sidônio a colaboração, por dez dias sucessivos, de doze companheiros espirituais incorporados ao grupo com o objetivo de reforçar as ativi­dades defensivas de sua moradia, uma vez que, segundo Saldanha e Leôncio, a partir do dia seguinte eles estariam em guerra aberta com os asseclas de Gregório. (Libertação, cap. XV, pp. 200 a 202.)

B. Por que faz mal projetar-nos nas faixas inferiores de vibrações?

R.: Foi Sidônio quem explicou esse fato dizendo que o servidor acordado para o bem, quando se projeta em determinada faixa de vibrações inferiores durante o dia, marca quase sempre uma entrevista pessoal, para a noite, com os seres e as forças que a povoam. "Enquanto a criatura é vulgar e não se destaca por aspirações de ordem superior, as inteligências pervertidas não se preocupam com ela; no entanto, logo que demonstre propósitos de sublimação, apura-se-lhe o tom vibratório, passa a ser notada pelos característicos de elevação e é naturalmente perseguida por quem se refugia na inveja ou na rebelião silenciosa, visto não conformar-se com o progresso alheio." (Obra citada, cap. XVI, pp. 203 e 204.)

C. A lei de Deus nos concede o direito de errar?

R.: Evidentemente, embora no caso de Isaura tenha André ficado surpreso com tal direito. "Educação não vem por imposição", elucidou Sidônio. "Cada Espírito deverá a si mesmo a ascensão sublime ou a queda deplorável." (Obra citada, cap. XVI, pp. 206 a 208.)

Texto para leitura

106. Gaspar comunica-se e é atendido - A jovem en­ferma passou a demons­trar sinais de alívio e Gaspar pôs-se a gemer, qual se houvera acor­dado de intenso e longo pesadelo. Nesse momento, Gúbio preparou D. Isaura, senhora daquele santuário doméstico e médium do culto fami­liar, adestrando-lhe a faculdade de incorporação, por intermédio de passes magnéticos sobre a laringe e, em particular, sobre o sistema nervoso. Ao iniciar-se o intercâmbio mediúnico, os orientadores aproximaram Gaspar da médium, a fim de que ele pudesse recolher algum benefício ao contacto dos companheiros materializados na experiência física. Os sentidos do insensível perseguidor ganharam inesperada per­cepção. Visão, audição, tato e olfato foram nele subitamente acordados e intensificados. Gaspar parecia um sonâmbulo despertando, e, à medida que se casavam suas forças às energias da médium, mais se acentuava o fenômeno de reavivamento sensorial. Apossando-se provisoriamente dos recursos orgânicos da médium, em visível processo de "enxertia psí­quica", o hipnotizador gritou e chorou lamentosamente. Gaspar mistu­rava blasfêmias e lágrimas, palavras comovedoras e palavras menos dig­nas, entre a penitência e a rebeldia. Escutando agora, com aguçada sensibilidade, pôde conversar detidamente com Silva, o doutrinador, que lhe fez sentir a necessidade de renovação espiritual em edificante lição que tocou as fibras mais íntimas de todos os presentes. Depois de sessenta minutos de exaustivo debate emocional, Gaspar foi condu­zido por duas entidades ao lugar que lhe correspondia, ou seja, à posição de demente com retorno gradativo à razão. Imensa alegria trans­bordava de todos os corações, ao término da reunião, mas Gúbio obser­vou que o triunfo essencial ainda não viera. "Margarida recebeu amparo imediato, mas precisamos agora -- disse o Instrutor -- socorrer-lhe a casa, até que ela mesma incorpore à própria individualidade, em cará­ter definitivo, os benefícios aqui recolhidos." Ajustou, depois, com Sidônio a colaboração, por dez dias sucessivos, de doze companheiros espirituais incorporados ao grupo com o objetivo de reforçar as ativi­dades defensivas na moradia de Gabriel, uma vez que, segundo Saldanha e Leôncio, a partir do dia seguinte eles estariam em guerra aberta com os asseclas de Gregório. (Cap. XV, pp. 200 a 202)

107. O caso Isaura - Finda a reunião, André notou que a médium Isaura, que mostrara radiações brilhantes em derredor do cérebro, durante os trabalhos, cercara-se depois de emissões de substância fluídica cin­zento-escura, qual se houvesse apagado, repentinamente, alguma lâmpada invisível. Sidônio explicou que a médium encontrava-se debaixo de ver­dadeira tempestade de fluidos malignos que lhe estavam sendo desfecha­dos por entidades menos esclarecidas com as quais se sintonizou, inad­vertidamente, pelos fios negros do ciúme. Enquanto ela se achava sob a influência direta dos mentores do grupo, sobretudo nos trabalhos espi­rituais de ordem coletiva, em que agia como válvula captadora das for­ças gerais dos assistentes, desfrutava bom ânimo e alegria, visto que o médium é sempre uma fonte que dá e recebe, quando em função entre os dois planos. Finda, porém, a tarefa, Isaura voltava às tristes condições a que se relegou. Como ajudá-la? -- perguntou André. Sidônio informou que ela estava sendo ajudada pelo grupo e só não sucumbira ainda, porque eles não a abandonaram. Era preciso, porém, num processo dessa natureza, agir com cautela, sem humilhá-la e sem feri-la. Isaura, portadora de qualidades apreciáveis e dignas, não perdera ainda a noção de exclusivismo sobre a vida do companheiro e, através dessa brecha que a induzia a violentas vibrações de cólera, perdia ex­celentes oportunidades de servir e elevar-se. Naquele dia mesmo, ela vivera um dos seus dias mais infelizes e reclamava, assim, o concurso ativo dos assistentes espirituais, visto que "cada servo acordado para o bem, quando se projeta em determinada faixa de vibrações inferiores durante o dia, marca quase sempre uma entrevista pessoal, para a noite, com os seres e as forças que a povoam". "Enquanto a criatura é vulgar e não se destaca por aspirações de ordem superior -- disse Si­dônio --, as inteligências pervertidas não se preocupam com ela; no entanto, logo que demonstre propósitos de sublimação, apura-se-lhe o tom vibratório, passa a ser notada pelos característicos de elevação e é naturalmente perseguida por quem se refugia na inveja ou na rebelião silenciosa, visto não conformar-se com o progresso alheio." (Cap. XVI, pp. 203 e 204)

108. O bem não necessita de escravos - André pediu permissão para obser­var naquela noite o conflito vivido por Isaura. Foi informado então, por Sidônio, que aquela casa -- que era também a residência da médium -- estava sob a guarda de entidades espirituais dedicadas ao bem e, por isso, os Espíritos perturbadores ou criminosos ali não tinham acesso. Isaura, porém, transtornada pelo ciúme, ia, ela mesma, nos mo­mentos do sono, ao encalço dos maus conselheiros. Duas horas depois, o senhor Silva, já desligado do corpo físico, acenou-lhes de porta próxima. Um dos auxiliares de Sidônio o acompanhou em proveitosa ex­cursão de estudos. O irmão Silva alegou, pesaroso, que desejava tanto que Isaura fosse com eles, mas ela não lhe atendeu aos apelos. "Deixa-a! -- observou Sidônio, com inflexão de energia na voz -- naturalmente ainda hoje não se acha preparada para atender às lições." Silva saiu e, pouco depois, Isaura, fora do corpo físico, surgiu-lhes à vista, revelando o perispírito intensamente obscuro. Ela passou rente a André e Sidônio sem prestar-lhes a mínima atenção, mostrando-se encarcerada em absorvente ideia fixa. Sidônio disse-lhe algumas palavras amigas, que não foram absolutamente ouvidas. Tentou tocá-la com a destra lumi­nosa, mas Isaura precipitou-se em desabalada carreira, deixando-os perceber que sua presença ali constituía para ela aflitiva tortura. Incapaz de assinalar a presença de Sidônio, sentia-lhe as vibrações, mas demonstrava temer o contato espiritual com ele. Evidentemente, se quisesse, o Instrutor poderia constrangê-la a ouvi-lo; contudo, seme­lhante atitude implicaria a supressão indébita das possibilidades edu­cativas. Senhora do próprio destino, Isaura tinha o direito de errar, para melhor aprender -- o mais acertado caminho de defesa da própria felicidade. Ele ali estava para ajudá-la, mas não para algemá-la a atitudes com que ainda ela não concordava espontaneamente. O bem "não reclama escravos em sua ação e, sim, servidores livres, contentes e otimistas", acentuou Sidônio. (Cap. XVI, pp. 205 e 206)

109. Ciúmes - André ficou surpreso com o "direito" de errar que se asse­gurava a Isaura. "Educação não vem por imposição", elucidou Sidônio. "Cada Espírito deverá a si mesmo a ascensão sublime ou a queda deplo­rável." A médium chegou até uma velha casa desabitada, onde dois mal­feitores desencarnados a esperavam, com o propósito deliberado de in­toxicar-lhe o pensamento. Sem perceber a presença de André e Sidônio, abeiraram-se de Isaura, amistosos e macios. Um deles, apresentando na voz mentiroso acento de compaixão, disse-lhe que ela vinha sofrendo muito em seus respeitáveis sentimentos de mulher... Isaura, satisfeita por encontrar alguém que se associasse às suas dores imaginárias, res­pondeu: "Ah! meu amigo, então, o senhor também sabe?" "Como não? -- comentou o obsessor -- sou um dos Espíritos que a `protegem' e sei que seu esposo lhe tem sido desalmado verdugo. A fim de `ajudá-la', tenho seguido o infeliz, por toda parte, surpreendendo-lhe as traições aos compromissos domésticos". Isaura, em lágrimas, lamentou a própria in­felicidade, e o verdugo prosseguiu: "Reconheço, reconheço a extensão de seus padecimentos morais, vejo-lhe o esforço e o sacrifício e não ignoro que seu marido eleva a voz nas preces, através das sessões ha­bituais, para simplesmente acobertar as próprias culpas. Por vezes, em plena oração, entrega-se a pensamentos de lascívia, fixando senhoras que lhe frequentam o lar". E, envolvendo a médium imprevidente com suas palavras melífluas, aduziu: "É um absurdo! Dói-me vê-la algemada a um patife mascarado de apóstolo". Isaura concordou, dizendo encon­trar-se rodeada de gente desonesta. "Nunca sofri tanto!", gemeu a mé­dium. (Cap. XVI, pp. 206 a 208) (Continua no próximo número.)   
 

 


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