JANE MARTINS
VILELA
limb@sercomtel.com.br
Cambé, Paraná
(Brasil)
Reparação e amor
Certo dia, uma
jovem senhora
levou a nós seu
bebê recém
nascido para
avaliação.
Enquanto
conversávamos,
notamos uma
tristeza no seu
semblante,
diferente da
grande maioria
das mães, que se
revelam muito
felizes com a
chegada do bebê.
Perguntamos a
ela se estava
triste e ela
negou, mas aí
fomos
conversando,
deixando que ela
tivesse uma
certa confiança,
enquanto
verificávamos o
bebê – lindo e
em ótimo estado,
muito bem
cuidado. Ao
terminarmos,
enquanto
conversávamos
mais um pouco,
voltamos ao
ponto: “Não
adianta você
dizer que não
está triste. O
seu rosto mostra
isso. O que
houve? Algum
problema?”
“Não é nada com
o bebê. Estou
feliz com ele.
São problemas em
casa.”
“Algum problema
com o marido?”,
insistimos,
porque, na
verdade, esse
tem sido um dos
maiores
sofrimentos com
que temos nos
deparado em
relação às
mulheres.
“Meu marido
sempre foi muito
bom comigo. O
problema é que
faz um mês que
ele foi preso.”
Perguntamos o
porquê, o que
ele havia feito
para ser preso.
Ela respondeu
que ele não fez
nada; que foram
pegos de
surpresa.
Estavam em casa,
tranquilos,
quando a polícia
chegou,
acusando-o de
mandante de um
assassinato.
Tanto ela quanto
ele se
assustaram. Não
adiantou ele
alegar inocência
– nem sabia do
que se tratava!
Estava preso há
um mês e o
advogado estava
tentando
retirá-lo da
prisão.
Por isso ela
estava triste.
Conversamos
bastante. Ela
disse ter
certeza da
inocência do
marido e nós
comentamos que
era bem melhor
para ele se
fosse inocente,
apesar da
dificuldade,
porque,
inocente, ele
não teria agido
contra a própria
consciência. Ela
concordou.
Observamos o
bebê. Sereno...
Que sofrimento
emocional deve
ter passado
quando a mãe viu
o pai ser levado
preso...!
O espírito
reencarnante
sofre as
angústias
maternas quando
está no útero,
sofre com os
pensamentos em
desalinho e se
alegra com as
alegrias, com os
pensamento de
amor. Isso é bem
comentado nas
obras espíritas
e bem avaliado
pelos psicólogos
da atualidade.
Os trabalhos de
pré-natal das
gestantes têm
enfocado muito
esse lado,
incentivando as
mães a
dialogarem com
os filhos no
útero, passarem
a mão na
barriga, o pai
fazer isso, os
irmãos também,
para que o
espírito se
sinta bem vindo
a esse Mundo.
Numa certa
ocasião, vimos
uma menininha de
dois meses
chorando e seu
irmãozinho de 3
anos se
aproximando e
falando
carinhosamente
com ela. Ela
parou o choro
imediatamente. A
mãe nos disse
então que isso
acontecia
sempre, que ela
acalmava ao
ouvi-lo e que
ele, durante a
gravidez,
conversava muito
com ela e
beijava a
barriga da mãe.
São as
afinidades
espirituais, os
amores que se
reencontram no
parentesco
espiritual, e
confirmando, na
prática, o que
muitos pais
notam: o
espírito no
útero ouve e
entende.
É fato que, de
uns dois ou três
anos para cá,
vem nascendo uma
geração de bebês
mais calmos,
menos agitados
do que a geração
atual. Isso é
fruto da
observação.
Quanto ao bebê
da mãe que
sofreu, pedimos
a ela que
conversasse com
ele,
principalmente
no sono, dizendo
que ele é amado,
querido, que as
apreensões fazem
parte da vida e
que o amor
divino a todos
envolve.
O pai estava em
dificuldades.
Ela, triste, mas
não era com ele,
mas com a
situação, que
esperava fosse
logo resolvida.
O pai, alegando
inocência,
talvez passando,
ele e a família
numa hora como
essa, pela Lei
de Causa e
Efeito, quem
sabe, reparando
males que podem
ter ficado
impunes antes,
ou uma provação
pedida para
galgar degraus
de luz no
sofrimento.
“Melhor ser
inocente hoje”.
Melhor ser
vítima, hoje, do
que agressor.
Estamos vendo
tanta
agressividade
hoje, tanta
ausência de
paciência...! É
preciso amar um
tanto mais. É
preciso
desenvolver mais
paciência,
lembrar da
gentileza,
porque as horas
da agressividade
estão com os
dias contados. O
amanhã será de
paz, de
fraternidade.
Mas até chegar,
muitos amanhãs,
muitas auroras
ainda passarão.
Muitos ainda
deverão quitar o
passado para
conquistarem a
paz almejada.
Nesse mundo de
provas e
expiações, de
aprendizado,
todos ainda
carregamos
mazelas do ontem
que enodoam
nosso
perispírito.
Para que ele
brilhe, como
certa ocasião
disse Jesus –
“brilhe vossa
luz”, necessário
agigantar-se no
amor, na
afetividade, na
compaixão, no
exercício
cotidiano de
tratar os outros
com o mesmo amor
que gostaríamos
de receber.
Assim se vence a
agressividade e,
um dia,
realmente a
aurora de paz se
fará, quando o
planeta sofrido
entender que o
caminho para a
felicidade é o
amor.