Um mundo
novo:
onde começa?
Se eu pudesse mudar algo
no mundo (que não fosse
a mim mesmo), sinto que
hesitaria na hora H.
Ora, apesar de acreditar
que tudo deve ser
diferente, de acreditar
que deve existir mais
amor, mais justiça por
parte dos seres humanos,
sinto também que é de
cada um que isto deve
partir.
Tudo está como está
porque cada um de nós é
como é. E somos livres
para sermos o que
quisermos. Somos, no
entanto, constrangidos a
sofrer as consequências
de nossos atos.
O mundo melhor com o
qual sonhamos não pode
ser melhor apenas nas
paredes mais belas, nas
ruas mais luxuosas, nos
parques mais enfeitados.
Tem que ser na verdade a
exteriorização do nosso
mundo íntimo melhorado,
mais nobre e mais limpo
de vontade de “nos
darmos bem”.
Não posso me dar bem
sozinho. Isto é atentar
contra minha própria
felicidade. Somos um
conjunto.
O mundo novo para onde
queremos caminhar, com o
qual sonhamos e
trabalhamos, ainda que
timidamente, para ajudar
a construir, tem que
começar aqui, nas
palavras sinceras que
não posso guardar, que
escrevo para
compartilhar. Este é o
caminho, compartilhar
sempre, tudo.
E, sem contradita,
é somente a mim mesmo
que devo cobrar e
direcionar minhas
críticas. Afinal, é
somente a mim que posso
mudar, com esforços
constantes, imensos, sem
cansar e sem
desanimar.
Aliás, tenho que pensar
no próximo em primeiro
lugar, mas amar a mim
mesmo também para ao
próximo saber amar.
Ah, quero sim um mundo
melhor para criar meus
filhos. Quero vê-los
crescer num lugar onde
as pessoas saibam se
respeitar, se doar. Onde
elas não tenham medo de
confiar.
Mas quero que eles sejam
merecedores desta
maravilha, que tenham
plantado pelo menos uma
sementinha deste jardim,
para que saibam
valorizar e preservar.
Que eles saibam que a
Lua que nos ilumina é a
mesma que iluminava
Sócrates e Platão. Que
os rios são os mesmos
onde nossos índios se
banhavam. A diferença
está na alma, tem que
estar pelo menos mais
evoluída e mais
infantil.
Alma mais evoluída
implica mais consciência
e sabe valorizar o que é
imortal e o que é
perecível. Tudo tem seu
valor, apesar de serem
valores diferentes. Já a
infantilidade, aqui,
supõe apenas mais
pureza, mais graça e
simplicidade. Qualidades
que os homens, mesmo
considerados adultos,
não costumam ter.
Tenho toda convicção de
que este mundo melhor já
começou a ser
construído, está próximo
de se concretizar. Só
depende agora de mim e
de você.