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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 115 – 12 de Julho de 2009

VLADIMIR POLÍZIO
polizio@terra.com.br
Jundiaí, São Paulo (Brasil)


A grande transformação

 
Uma das importantes afirmações da Doutrina dos Espíritos está voltada para a faixa etária da adolescência, quando faz ver aos pais a necessidade de se compreender a grande transformação que se processa entre os 15 e 18 anos.

Quando os filhos começam a afastar-se da proteção natural que os pais oferecem é o momento de compreender que não há rebeldia nessa atitude, mas sim que está se despontando a autoafirmação da personalidade. 

Como não se trata de algo estabelecido em lei, com prazo e tempo definidos para o cumprimento das formalidades, é por isso mesmo que não há precisão nem rigor na idade. Poderá começar antes ou mesmo depois dessa idade, já que esse importantíssimo acontecimento na vida de todos será desencadeado sempre de acordo com a influência do ambiente em que se acha.  

Que ela ocorrerá não há dúvida nesse sentido, e os pais, como os colegas, o ambiente de trabalho, a escola, os parentes e a própria mídia, exercerão um peso considerável na formação do caráter. 

Quando os Espíritos dizem que ‘Nem todos podem enxergar a vida por nossos olhos ou aceitar o mapa da jornada terrestre, através da cartilha dos nossos pontos de vista’, não há nisso nenhum exagero, pois que cada um tem seu horizonte a partir do ponto em que se encontra posicionado. 

Aliás, abordar a personalidade implica falar do Espírito, esse Eu interior. 

Mas, primeiramente, há que se separar um e outro.  

Em princípio, num primeiro momento, poderá parecer que há algo de estranho nisso, se considerarmos que os filhos herdam dos pais somente a consanguinidade, pois é através da comprovação do DNA, que se estabelece o parentesco, a procedência. Portanto, sabe-se que o corpo físico, como matéria, está biologicamente ligado aos pais, mas não ao Espírito.  

Se o Espírito nascesse juntamente com o corpo, como dizem algumas religiões, certo seria que também trouxesse consigo as mesmas marcas e as características psíquicas dos pais. Mas sabe-se que isso não é verdade. 

É só uma questão de observação prática. 

Na medida em que a implantação da personalidade se processa, o que se nota é a confirmação de que o Espírito abrigado nesse corpo absolutamente nada tem de continuidade dos pais, ou seja, não há hereditariedade na questão da essência espiritual. Cada um é o que é e como é. 

É por isso que se costuma dizer que tal pessoa pouco ou nada se parece com os pais, ou que se parece mais com essa ou com aquela pessoa, que muitas das vezes nada tem a ver com a família.  

Os ditados populares nem sempre expressam a realidade. Como exemplo, quando se diz numa referência à necessidade do filho ser igual ao pai, afirmando que ‘filho de peixe, peixinho é’ ou ‘tal pai, tal filho’, afirmações estas não verdadeiras, pois que nem sempre o filho ou a filha herda as integrais qualidades que os pais apresentam, sejam elas positivas ou expressamente negativas. 

Ora, desnecessário seria se alongar para explicar que, não sendo o Espírito ou a parte psíquica de origem terrena, obviamente veio de algum lugar, diferentemente de onde veio o corpo. Sendo assim, é um sinal evidente de que essa ‘personalidade’ já existia anteriormente ao próprio corpo, o que nos leva a compreender, na prática, aquilo que Jesus disse: “O que é nascido da carne, é carne; o que é nascido do espírito, é espírito” (João, 3, 6). 

Não há nada de estranho compreender a independência de cada um e ao mesmo tempo constatar a existência de vínculos que se estabelecem com o passar do tempo, pois somos racionais e, como tais, com inteligência evolutiva, pois ninguém vive só e nem é autossuficiente para viver isolado e não precisar dos outros.                                                                           


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita