VLADIMIR POLÍZIO
polizio@terra.com.br
Jundiaí, São Paulo
(Brasil)
A grande
transformação
Uma das importantes
afirmações da Doutrina
dos Espíritos está
voltada para a faixa
etária da adolescência,
quando faz ver aos pais
a necessidade de se
compreender a grande
transformação que se
processa entre os 15 e
18 anos.
Quando os filhos começam
a afastar-se da proteção
natural que os pais
oferecem é o momento de
compreender que não há
rebeldia nessa atitude,
mas sim que está se
despontando a
autoafirmação da
personalidade.
Como não se trata de
algo estabelecido em
lei, com prazo e tempo
definidos para o
cumprimento das
formalidades, é por isso
mesmo que não há
precisão nem rigor na
idade. Poderá começar
antes ou mesmo depois
dessa idade, já que esse
importantíssimo
acontecimento na vida de
todos será desencadeado
sempre de acordo com a
influência do ambiente
em que se acha.
Que ela ocorrerá não há
dúvida nesse sentido, e
os pais, como os
colegas, o ambiente de
trabalho, a escola, os
parentes e a própria
mídia, exercerão um peso
considerável na formação
do caráter.
Quando os Espíritos
dizem que ‘Nem todos
podem enxergar a vida
por nossos olhos ou
aceitar o mapa da
jornada terrestre,
através da cartilha dos
nossos pontos de vista’,
não há nisso nenhum
exagero, pois que cada
um tem seu horizonte a
partir do ponto em que
se encontra
posicionado.
Aliás, abordar a
personalidade implica
falar do Espírito, esse
Eu interior.
Mas, primeiramente, há
que se separar um e
outro.
Em princípio, num
primeiro momento, poderá
parecer que há algo de
estranho nisso, se
considerarmos que os
filhos herdam dos pais
somente a
consanguinidade, pois é
através da comprovação
do DNA, que se
estabelece o parentesco,
a procedência. Portanto,
sabe-se que o corpo
físico, como matéria,
está biologicamente
ligado aos pais, mas não
ao Espírito.
Se o Espírito nascesse
juntamente com o corpo,
como dizem algumas
religiões, certo seria
que também trouxesse
consigo as mesmas marcas
e as características
psíquicas dos pais. Mas
sabe-se que isso não é
verdade.
É só uma questão de
observação prática.
Na medida em que a
implantação da
personalidade se
processa, o que se nota
é a confirmação de que o
Espírito abrigado nesse
corpo absolutamente nada
tem de continuidade dos
pais, ou seja, não há
hereditariedade na
questão da essência
espiritual. Cada um é o
que é e como é.
É por isso que se
costuma dizer que tal
pessoa pouco ou nada se
parece com os pais, ou
que se parece mais com
essa ou com aquela
pessoa, que muitas das
vezes nada tem a ver com
a família.
Os ditados populares nem
sempre expressam a
realidade. Como exemplo,
quando se diz numa
referência à necessidade
do filho ser igual ao
pai, afirmando que
‘filho de peixe,
peixinho é’ ou
‘tal pai, tal filho’,
afirmações estas não
verdadeiras, pois que
nem sempre o filho ou a
filha herda as integrais
qualidades que os pais
apresentam, sejam elas
positivas ou
expressamente
negativas.
Ora, desnecessário seria
se alongar para explicar
que, não sendo o
Espírito ou a parte
psíquica de origem
terrena, obviamente veio
de algum lugar,
diferentemente de onde
veio o corpo. Sendo
assim, é um sinal
evidente de que essa
‘personalidade’ já
existia anteriormente ao
próprio corpo, o que nos
leva a compreender, na
prática, aquilo que
Jesus disse: “O que é
nascido da carne, é
carne; o que é nascido
do espírito, é espírito”
(João, 3, 6).
Não há nada de estranho
compreender a
independência de cada um
e ao mesmo tempo
constatar a existência
de vínculos que se
estabelecem com o passar
do tempo, pois somos
racionais e, como tais,
com inteligência
evolutiva, pois ninguém
vive só e nem é
autossuficiente para
viver isolado e não
precisar dos
outros.