MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
28)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Outros comparsas de
Gregório também pediram
ajuda a Gúbio?
R.: Sim. Além de uma
multidão que buscou a
ajuda do Instrutor,
antes que o dia
expirasse começaram a
surgir na casa vários
elementos da equipe de
Gregório afirmando-se
dispostos à renovação de
caminho. Um deles,
bastante emocionado,
suplicou socorro,
dizendo não suportar
mais as atrocidades que
ele era constrangido a
praticar, por ordem dos
juízes cruéis e de
Gregório. "Ajudem-me!
Aspiro à nova estrada,
com o bem", rogou, após
aludir à transformação
de Saldanha, de que
tomara conhecimento.
(Libertação, cap. XVII,
pp. 216 e 217.)
B. Que relato fez a
André a mulher que, por não
suportar a morte do
marido, se suicidara?
R.: Havia quinze anos
que ela vagueava sem
pouso, como ave
imprevidente que
aniquilasse o ninho.
Imaginara ela, antes da
morte, que o suicídio a
levaria a reencontrar o
esposo querido, ou a
desaparecer para sempre.
Nem uma coisa nem outra
aconteceu. Despertou no
plano espiritual sob
denso nevoeiro de lama e
cinza e debalde clamou
por socorro. Coberta de
chagas, como se o
veneno ingerido lhe
atingisse a própria
alma, gritou e lamentou,
em vão. André
indagou-lhe se ela
conseguira retornar ao
lar terreno. Sim, ela
fora até lá; porém,
quando tocou seus filhos
amados, que ela confiara
a parentes próximos,
esse toque provocou
neles aflição e doença.
"As irradiações de minha
dor lhes alcançavam os
corpos tenros – disse a
suicida –,
envenenando-lhes a carne
delicada, através da
respiração." "Quando
compreendi que a minha
presença lhes inoculava
pavoroso vírus
fluídico, deles fugi
aterrada." (Obra
citada, cap. XVII, pp.
218 e 219.)
C. Quem magnetizava as
pessoas para
prejudicá-las pode
valer-se do magnetismo
para ajudar a outrem?
R.: Sim. Foi o que
ocorreu com Leôncio, o
ex-hipnotizador de
Margarida. "Opera,
aliviando", falou-lhe
Gúbio. "Eu? eu?" –
perguntou o convertido,
semiapalermado –
"merecerei a graça de
transmitir alívio?" O
Instrutor asseverou,
sem hesitar: "Serviço
construtivo e atividade
destrutiva constituem
problema de direção. A
corrente líquida,
devastadora, que derruba
e mata, pode sustentar
uma usina de força
edificante". "É
imperioso reconhecer,
contudo, que o bem é a
nossa porta redentora. O
maior criminoso pode
abreviar longos anos de
pena, entregando-se ao
resgate próprio, através
do serviço benéfico aos
semelhantes." Leôncio
não mais vacilou, e
magnetizou o enfermo
dementado que, poucos
minutos depois,
silenciou, em profundo
repouso. Desde esse
instante, Leôncio passou
a atuar ao lado de
André, desempenhando as
funções de excelente
companheiro. (Obra
citada, cap. XVII, pp.
222 e 223.)
Texto
para leitura
114. A
legião dos pedintes
- O grupo de Gregório
retirou-se, mas daí a
pouco outros elementos
assomaram à entrada,
assustadiços e
insolentes, com a
repetição dos mesmos
quadros. Gúbio colocou,
então, sinais luminosos
nas janelas, indicando a
nova posição daquele
abrigo doméstico, e,
naturalmente atraídos
por eles, Espíritos
sofredores e
perseguidos, mas bem
intencionados,
apareceram em grande
número. A primeira
entidade a aproximar-se
foi uma senhora que se
ajoelhou, suplicando:
"Benfeitores de Cima,
que vos congregastes
nesta casa, em serviço
de luz, livrai-me da
aflição!... Piedade!
piedade!..." Gúbio
permitiu-lhe a passagem.
Ela relatou, aos
prantos, que estava há
muito tempo, em prédio
próximo, segregada por
verdugos impassíveis que
lhe exploravam antigas
disposições mórbidas
para o vício. Pretendia,
porém, outra vida, outro
rumo. Implorava, por
isso, asilo e socorro.
Surgiram depois dois
velhos, rogando pousada.
Ambos haviam
desencarnado em extrema
indigência num hospital
e estavam ainda
aterrorizados, porque
não se conformavam com a
morte, temiam o
desconhecido e padeciam
de verdadeira loucura. A
corrente dos pedintes
não parou aí. Parecia
que a missão de Gúbio se
convertera, de repente,
numa avançada
instituição de
pronto-socorro
espiritual. Eram dezenas
de criaturas
desencarnadas que agora
se alinhavam ao lado da
casa de Margarida, aos
cuidados do Instrutor.
Aconteceu então que,
antes que o dia
expirasse, começaram a
surgir vários elementos
da equipe de Gregório,
afirmando-se dispostos à
renovação de caminho. Um
deles, bastante
emocionado, suplicou
socorro, dizendo não
suportar mais as
atrocidades que ele era
constrangido a praticar,
por ordem dos juízes
cruéis e de Gregório.
"Ajudem-me! Aspiro à
nova estrada, com o
bem", rogou, após aludir
à transformação de
Saldanha, de que tomara
conhecimento. (Cap.
XVII, pp. 216 e 217)
115. O caso da mãe
suicida - Elói e
André foram incumbidos
por Gúbio de prestar aos
enfermos a assistência
possível, a fim de se
prepararem para as
orações da noite. André
organizou os irmãos que
lhe cabia atender em uma
assembleia fraternal,
mas, como os
necessitados
continuavam a chegar,
era imperioso abrir
novos lugares no extenso
grupo de ouvintes. Lá
fora, muitas entidades
em desequilíbrio
reclamavam acesso, mas
só se permitia a entrada
dos que se mostravam
conscientes das próprias
necessidades. André há
muito aprendera "que uma
dor maior sempre consola
uma dor menor" e, por
isso, limitou-se a
pronunciar frases
curtas, para que os
infelizes ali
congregados pudessem
encontrar reconforto,
uns com os outros, sem
necessidade de
doutrinação de sua
parte. Foi assim que uma
das irmãs presentes, em
deploráveis condições
perispiríticas, expôs a
todos a sua experiência.
Era uma suicida, mãe de
dois filhos, que não
suportara a solidão que
a vida lhe impusera com
a morte do marido
tuberculoso. Havia
quinze anos que
vagueava sem pouso,
como ave imprevidente
que aniquilasse o ninho.
Imaginara ela, antes da
morte, que o suicídio a
levaria a reencontrar o
esposo querido, ou a
desaparecer para sempre.
Nem uma coisa nem outra
aconteceu. Despertou no
plano espiritual sob
denso nevoeiro de lama e
cinza e debalde clamou
por socorro... Coberta
de chagas, como se o
veneno ingerido lhe
atingisse a própria
alma, gritou e lamentou,
em vão... André, vendo
que a mulher estava
muito emocionada,
indagou-lhe se ela
conseguira retornar ao
lar terreno. Sim, ela
fora até lá; porém,
quando tocou seus filhos
amados, que ela confiara
a parentes próximos,
esse toque provocou
neles aflição e doença.
"As irradiações de minha
dor lhes alcançavam os
corpos tenros -- disse a
suicida --,
envenenando-lhes a carne
delicada, através da
respiração". "Quando
compreendi que a minha
presença lhes inoculava
pavoroso `vírus
fluídico', deles
fugi aterrada." Era
preciso poupar-lhes o
sofrimento sem motivo.
(Cap. XVII, pp. 218 e
219)
116. O escritor
fracassado -
Após confortar a pobre
mulher, que se sentou
mais calma, André viu
que um dos irmãos
presentes desejava
falar algo. Ele possuía
nos olhos um brilho
singular; parecia
alucinado, abatido; e
com a expressão típica
da loucura cronicificada,
perguntou a André: "Que
é o pensamento?" "O
pensamento é, sem
dúvida, força criadora
de nossa própria alma e,
por isso mesmo, é a
continuação de nós
mesmos" -- respondeu-lhe
André. "Através dele,
atuamos no meio em que
vivemos e agimos,
estabelecendo o padrão
de nossa influência, no
bem ou no mal." O
cavalheiro, um tanto
atormentado, perguntou
então se isso
significava que as
nossas ideias
exteriorizadas criam
imagens, tão vivas
quanto desejamos. Como
André respondesse
afirmativamente, ele
indagou como devemos
fazer para destruir
nossas próprias obras,
quando interferimos,
erroneamente, na vida
mental dos outros. André
pediu-lhe primeiramente
que ele relatasse seu
caso. O interlocutor
expôs então, com frases
incisivas, quentes de
sinceridade e dor, a sua
experiência. Fora um
homem de letras, mas
nunca se interessou pelo
lado sério da vida.
Embora não tivesse
galgado posições de
evidência, impressionara
destrutivamente muitas
mentes juvenis,
arrastando-as a
perigosos pensamentos.
Na verdade, após a
desencarnação,
compreendera que
estivera ligado, desde a
existência terrestre, a
enorme quadrilha de
Espíritos perversos e
galhofeiros que o
tomaram por aparelho
invigilante de suas
manifestações
indesejáveis. Como ele
possuísse suficiente
material de leviandade e
malícia, acrescentaram a
seus erros os erros
maiores que, sem seu
concurso, não
conseguiriam realizar.
Livre agora do corpo
físico, era, porém,
incessantemente
procurado pelas vítimas
de suas insinuações
sutis, que não o
deixavam em paz,
enquanto outras
entidades o buscavam,
formulando ordens e
propostas referentes a
ações indignas que ele
não podia aceitar. Além
de suas vítimas,
apareciam-lhe, ainda,
as imagens vivas de tudo
o que o seu pensamento
mórbido criou, a
investir sobre ele, como
filhos rebelados contra
um pai criminoso.
Semelhantes a
personalidades
autônomas, falavam,
gesticulavam,
acusavam-no e riam-se
dele... (Cap. XVII, pp.
220 e 221)
117. Efeito da
falta de preparação para
a morte - O
pobre homem,
atormentado por
energias estranhas ao
próprio campo íntimo,
apalermado e trêmulo,
parou de falar e,
correndo para os braços
de André, bradou:
"Ei-lo! ei-lo que chega
por dentro de mim... É
uma das minhas
personagens na
literatura fescenina!
Ai de mim! acusa-me!
Gargalha irônica e tem
as mãos crispadas! Vai
enforcar-me!..." E,
alçando a destra à
garganta, denunciava,
aflito: "Serei
assassinado! Socorro!
socorro!..." Os
companheiros
perturbados ali
presentes ficaram
alarmados e alguns
tentaram fugir, mas
André, com uma simples
palavra, controlou o
tumulto. O pobre
escritor desencarnado
contorcia-se em seus
braços, sem que André
nada pudesse fazer.
Gúbio veio, então, em
seu socorro e, após
examinar o caso, pediu o
concurso de Leôncio, o
ex-hipnotizador de
Margarida. "Opera,
aliviando", falou-lhe
Gúbio. "Eu? eu?" --
falou o convertido,
semi-apalermado --
"merecerei a graça de
transmitir alívio?" O
Instrutor asseverou,
sem hesitar: "Serviço
construtivo e atividade
destrutiva constituem
problema de direção. A
corrente líquida,
devastadora, que derruba
e mata, pode sustentar
uma usina de força
edificante". "É
imperioso reconhecer,
contudo, que o bem é a
nossa porta redentora. O
maior criminoso pode
abreviar longos anos de
pena, entregando-se ao
resgate próprio, através
do serviço benéfico aos
semelhantes." Leôncio
não mais vacilou, e
magnetizou o enfermo
dementado que, poucos
minutos depois,
silenciou, em profundo
repouso. Desde esse
instante, Leôncio passou
a atuar ao lado de
André, desempenhando as
funções de excelente
companheiro. A
assembleia, no entanto,
crescia de hora a hora.
Doía observar tanta
ignorância além da morte
do corpo e ver que, na
maior parte dos
presentes, não existia o
mais leve traço de
compreensão da
espiritualidade, mas
simplesmente raciocínios
e sentimentos presos ao
chão terrestre e
vinculados a interesses
e paixões, angústias e
desencantos. (Cap.
XVII, pp. 222 e 223)
(Continua
no próximo número.)