PEDRO
DE ALMEIDA LOBO
lobocmemtms@terra.com.br
Campo Grande, Mato
Grosso do Sul
(Brasil)
Na
oratória, cuidado
com os meios
auxiliares
A palavra oratória
vem de “oro”, que,
em última análise,
quer dizer boca. Daí
a designação
anatômica para a
entrada do tubo
digestivo: “cavidade
oral”.
No sentido de
exposição pela fala,
oratória é
considerada a “arte
de falar em
público”.
Muitos estudiosos do
comportamento humano
afirmam que o pior
medo do ser humano é
exatamente falar em
público, por razões
que variam do
acanhamento ao
egoísmo.
A oratória religiosa
tem por objetivo
principal a
divulgação da
filosofia que
sustenta sua
existência, a
divulgação dos seus
postulados e a
credibilidade na
execução da crença
aceita ou tida como
verdadeira. Para
tanto é lícito
utilizar-se dos mais
variados meios
auxiliares, da velha
cartolina ao
data-show.
Entretanto, a
maneira como se
utiliza é de capital
importância para que
se atinjam
resultados
satisfatórios que
não induzam ao mal
maior ou causem
malefícios
incontornáveis.
Veja este exemplo
concreto, negativo e
tenebroso.
Certa feita,
alhures, determinado
grupo religioso, na
maior das boas
intenções, resolveu
demonstrar, através
de imagens, via fita
de vídeos, algumas
das técnicas
homicidas na
execução da prática
do aborto,
demonstrando, com
detalhes, os
momentos dolorosos
em que um ser humano
indefeso, no útero
materno, sentia as
dores no momento em
que sua cabecinha
era perfurada pela
lanceta ou o
desespero quando lhe
faltava oxigênio
para respirar.
Durante esse crime
nefando, na ocasião
em que essas
atitudes covardes
iam-se processando,
alguém narrava os
acontecimentos
enfatizando a
maldade e o desamor
tanto de quem
executava quanto da
mulher-mãe que
permitia.
No final, a título
de esclarecimento às
pessoas,
evidenciam-se os
malefícios físicos e
espirituais
inerentes à mãe e os
compromissos que
todos assumiam
perante o Código
Divino.
Diz um provérbio
chinês: “Entre o céu
e a Terra, não há
uma força mais
poderosa para o ser
humano do que a
intenção de fazer”.
Entretanto há de
precaver-se com o
resultado da
intencionalidade
executada.
Neste caso concreto,
as intenções eram
excelentes.
Entretanto, na
prática, pela
maneira como foi
exteriorizada, salvo
melhor juízo, não
foi das mais
recomendáveis.
Pensando bem, como
fica uma mãe que
porventura tenha
consentido um aborto
e se arrependeu, ao
tomar conhecimento
comprovado dos
sofrimentos
vivenciados pelo seu
filho que poderia
estar “vivo”?
Resposta:
arrependimento,
remorso,
ressentimento,
depressão e
auto-obsessão,
podendo culminar até
em suicídio.
Em quaisquer
atitudes envolvendo
o ser humano, antes
da sua realização, é
de bom alvitre que
se pense no
custo-benefício para
evitar que se
cometam atrocidades,
por vezes
irreversíveis, no
uso dos meios
auxiliares no campo
da oratória.