78. A
Revue registra o
surgimento em Turim do
periódico Annali
dello Spiritismo in
Italia e de um novo
jornal espírita na
França: O Salvador
dos Povos, jornal do
Espiritismo, de
Bordeaux, de
periodicidade semanal.
Kardec observa, quanto a
este último: “Se vier
trazer uma pedra útil ao
edifício, se vier, como
diz, unir em vez de
dividir, se a verdadeira
caridade de palavras e
de ação é seu guia para
seus irmãos em crença,
se a sua polêmica com os
adversários de nossa
doutrina não se afastar
aos limites da moderação
e de uma discussão leal,
será bem-vindo e seremos
felizes de o encorajar e
o apoiar”. (PP. 94 a 96)
79. A
primeira edição de O
Evangelho segundo o
Espiritismo, que
apareceu com um título
diferente: “Imitação do
Evangelho segundo o
Espiritismo”, é
destacada no volume de
abril de 1864, que
transcreve parte da
introdução da mencionada
obra, em que Kardec
explica por que o ensino
moral contido nos
Evangelhos foi por ele
escolhido para objeto
exclusivo do livro. Como
sabemos, o Codificador
elege o ensino moral do
Cristo uma regra de
conduta, o princípio de
todas as relações
sociais baseadas na
justiça e, acima de
tudo, a rota infalível
da felicidade futura.
(PP. 97 e 98)
80. Na parte final da
introdução transcrita
pela Revue,
Kardec é enfático:
“Graças às comunicações
de ora em diante
estabelecidas de maneira
permanente entre os
homens e o mundo
invisível, a lei
evangélica, ensinada em
todas as nações pelos
próprios Espíritos, não
mais será letra morta,
porque cada um a
compreenderá e
necessariamente será
solicitado a pô-la em
prática, a conselho de
seus guias espirituais”.
(P. 99)
81. Reafirmando que o
Espiritismo não tem
nacionalidade, Kardec
assevera que é a
universalidade do ensino
dos Espíritos que
constitui a força da
doutrina espírita e a
causa de sua rápida
propagação. Em face
disso, adverte o
Codificador que, para
tudo quanto esteja fora
do ensino exclusivamente
moral, as revelações que
cada um pode obter têm
um caráter individual
sem autenticidade e
devem ser consideradas
como opinião pessoal
desse ou daquele
Espírito, sendo
imprudente aceitá-las e
promulgá-las
levianamente como
verdades absolutas. (PP.
100 e 101)
82. O primeiro controle
do ensino dos Espíritos
é, sem dúvida, o da
razão, à qual é preciso
submeter tudo quanto
venha dos Espíritos, sem
qualquer exceção. “Toda
teoria em manifesta
contradição com o bom
senso, com uma lógica
rigorosa e com os dados
positivos que se
possuem, por mais
respeitável que seja a
sua assinatura, deve ser
rejeitada.” (P. 101)
83. Como esse controle
é, em muitos casos,
incompleto, devido à
insuficiência das luzes
de certas pessoas e da
tendência de muitos a
tomar seu próprio
julgamento por único
árbitro da verdade, a
concordância no ensino
dos Espíritos deve ser
verificada, mas é
preciso que se dê em
certas condições. (PP.
101 e 102)
84. A
única garantia séria
está, então, na
concordância que exista
entre as revelações
espontâneas, feitas por
grande número de médiuns
estranhos uns aos outros
e em diversas regiões.
“Prova a experiência -
diz Kardec - que quando
um princípio novo deve
ter a sua solução, é
ensinado
espontaneamente em
diversos pontos ao mesmo
tempo e de maneira,
senão na forma, ao menos
no fundo.” (P. 102)
85. Esse controle
universal, segundo o
Codificador, é uma
garantia para a futura
unidade do Espiritismo e
anulará todas as teorias
contraditórias. É aí
que, no futuro, será
procurado o critério da
verdade e é o que fez o
sucesso da doutrina
formulada no Livro
dos Espíritos e no
Livro dos Médiuns,
visto que por toda a
parte cada um pode
receber dos Espíritos,
diretamente, a
confirmação do que eles
encerram. (P. 102)
86. Concluindo o artigo,
Kardec afirma que não é
à opinião de um homem
que se aliarão os
Espíritos, nem será um
homem que fundará a
ortodoxia espírita, nem
um Espírito, mas sim a
universalidade dos
Espíritos,
comunicando-se em toda a
Terra, por ordem de
Deus. “Aí está - diz o
Codificador - o caráter
essencial da doutrina
espírita; aí está a sua
força e a sua
autoridade.” (P. 104)
87. Em vinte e dois
tópicos, a Revue
publica uma instrução
intitulada “Resumo da
Lei dos Fenômenos
Espíritas”, dirigida às
pessoas que não possuem
qualquer noção do
Espiritismo. “Nos grupos
ou reuniões espíritas
onde se acham
assistentes noviços, ela
pode ser útil ao
preâmbulo das sessões”,
afirma Kardec. (P. 105)
88. No preâmbulo do
Resumo, o
Codificador afirma que
um sério estudo prévio é
o único meio de levar
alguém à convicção e
muitas vezes isto mesmo
basta para mudar
inteiramente o curso das
ideias. Contudo, em
falta de uma instrução
completa, que não pode
ser dada em poucas
palavras, um resumo
sucinto da lei que rege
os fenômenos bastará
para fazer encarar a
coisa sob sua verdadeira
luz pelas pessoas não
iniciadas. (P. 106)
89. Eis, de forma
sintética, os principais
ensinamentos contidos
nos vinte e dois itens
da instrução referida:
I) O Espiritismo é, ao
mesmo tempo, uma ciência
de observação e uma
doutrina filosófica. II)
Os Espíritos não são
seres à parte na
criação, mas as almas
dos que viveram na Terra
e em outros mundos. III)
Eles não são, como se
pensa, seres vagos e
indefinidos, nem chamas,
nem fantasmas. São seres
semelhantes a nós, com
um corpo como o nosso,
mas invisível e fluídico
em seu estado normal.
IV) Unida ao corpo, a
alma possui um duplo
envoltório: um pesado,
grosseiro, destrutível -
o corpo; outro fluídico,
leve, indestrutível - o
perispírito. O
perispírito é o elo que
une a alma ao corpo e é
por meio dele que a alma
faz o corpo agir e
percebe as sensações
experimentadas pelo
corpo. V) A união da
alma, do perispírito e
do corpo material
constitui o homem;
a alma e o perispírito,
separados do corpo,
constituem o ser chamado
Espírito. VI) O
fluido que compõe o
perispírito penetra
todos os corpos; nenhuma
matéria lhe faz
obstáculo. É por isso
que os Espíritos
penetram em toda a
parte, nos lugares mais
fechados. VII) Os
Espíritos têm todas as
percepções que tinham na
Terra, mas em mais alto
grau, porque suas
faculdades não são
amortecidas pela
matéria. Veem e ouvem
coisas que nossos
sentidos limitados não
nos permitem ver nem
ouvir. Para eles não
existe escuridão, salvo
para aqueles cuja
punição é ficarem
temporariamente nas
trevas. VIII) É com o
auxílio do perispírito
que o Espírito faz os
médiuns escreverem,
falarem ou desenharem.
Ele serve-se assim do
corpo do médium, cujos
órgãos ocupa, fazendo-os
agir como se fosse seu
próprio corpo, e isto
pelo eflúvio fluídico
que sobre ele derrama.
IX) Nas comunicações
pela escrita, pode-se
ver o Espírito ao lado
do médium, dirigindo-lhe
a mão ou
transmitindo-lhe o
pensamento por uma
corrente fluídica. X)
Quando golpes são
ouvidos na mesa ou
noutro lugar, o Espírito
não bate com a mão, nem
com um objeto qualquer:
ele dirige um jato de
fluido para o ponto de
onde parte o ruído,
produzindo o efeito de
um choque elétrico, e
modifica o ruído, como
se pode produzir o som
produzido pelo ar. XI)
As descobertas
científicas foram
restringindo
continuamente o círculo
do maravilhoso. O
conhecimento da nova lei
revelada pelo
Espiritismo vem
reduzi-lo a nada. Assim,
os que acusam o
Espiritismo de
ressuscitar o
maravilhoso provam, por
isto mesmo, que falam do
que não conhecem. XII)
Toda reunião espírita,
para ser proveitosa,
deve - como primeira
condição - ser séria e
recolhida. Tudo nela
deve passar-se
respeitosamente,
religiosamente, com
dignidade, se se quiser
obter o concurso
habitual dos bons
Espíritos. (PP. 106 a
112) (Continua no próximo
número.)