JOSÉ ARGEMIRO DA
SILVEIRA
joseargemirosilveira@gmail.com
Ribeirão Preto,
São Paulo
(Brasil)
A parábola das
dez virgens
“Então o
reino dos céus é
semelhante a dez
virgens que,
tomando as suas
lâmpadas, saíram
ao encontro do
noivo. Cinco
dentre elas eram
néscias, e cinco
prudentes. As
néscias, tomando
as suas
lâmpadas, não
levaram azeite
consigo; mas as
prudentes
levaram azeite
em suas
vasilhas,
juntamente com
as lâmpadas.
Tardando o
noivo,
toscanejaram
todas e
adormeceram. Mas
à meia-noite
ouviu-se um
alarme: Sai ao
encontro! Eis o
noivo que chega!
Então se
levantaram todas
aquelas virgens
e prepararam as
suas lâmpadas. E
disseram as
néscias às
prudentes:
Dai-nos do vosso
azeite porque as
nossas lâmpadas
se estão
apagando. Porém
as prudentes
retrucaram:
Talvez não haja
bastante para
nós e para vós;
ide antes aos
que o vendem e
comprai-o para
vós. Enquanto
foram comprá-lo,
veio o noivo; e
as que estavam
apercebidas,
entraram com ele
para as bodas, e
fechou-se a
porta. Depois
vieram as outras
virgens e
disseram:
Senhor, Senhor,
abre-nos a
porta. Ele
respondeu: Em
verdade vos digo
que não vos
conheço.
Portanto,
vigiai, porque
não sabeis o dia
nem a hora.”
O termo
“virgens” não se
refere a corpos,
mas simboliza a
alma de quem
procura se
resguardar
espiritualmente
das corrupções
do mundo. As dez
virgens numa
festa de bodas
se explica pelo
costume judaico
de formarem as
amigas da noiva
um cortejo,
recebendo o
noivo à entrada
da casa para
conduzi-lo até a
nubente, no
interior. As
lâmpadas
(tochas, fachos
luminosos) eram
necessárias para
iluminar o
caminho, pois as
núpcias se
realizavam à
noite.
O ensinamento
deste conto é
claro. Refere-se
a esta nossa
existência, a
qual representa
uma das
oportunidades
que nos são
concedidas e
preparadas para
melhorarmos
nosso estado e
condições, como
aquele banquete
nupcial
constituiu para
as donzelas uma
ocasião para
elas se
banquetearem. As
prudentes
aproveitaram o
ensejo, enquanto
que as néscias o
perderam, pela
sua negligência
e descuido. É
precisamente o
que se passa com
todos nós neste
meio onde nos
encontramos: uns
tiram o devido
aproveitamento
da sua
encarnação,
outros a
malbaratam em
vão. Estes são
os néscios,
aqueles, os
prudentes.
As virgens
fátuas foram
vítimas do seu
descaso e
desídia. E de
que se
descuidaram
elas? Do
principal que,
no caso, era o
azeite para o
abastecimento
das lâmpadas.
Elas pretenderam
que suas
companheiras o
fornecessem,
porém, estas,
judiciosamente,
ponderaram que
não podiam
dispor do seu,
pois de tal
resultaria
faltar para
todas; que elas
o obtivessem
pelo meio
natural que,
naquela
conjuntura, era
comprá-lo.
Significa que
não podemos
tomar de
empréstimo o
combustível
destinado a
alimentar a luz
do Espírito.
Cada um há de
consegui-lo pelo
esforço próprio,
que é o processo
adequado e único
de adquiri-lo.
Não realizaremos
nossa própria
evolução
espiritual pelos
méritos de
outrem. Nada
conseguiremos
apelando para as
qualidades e
virtudes de
terceiros, já
que o
aperfeiçoamento
é obra
individual.
Temos que trazer
as nossas
lâmpadas acesas
com o nosso
azeite se
quisermos passar
para um mundo
melhor quando
daqui partirmos,
isto é, quando
soar a nossa
hora, a qual, no
dizer de Jesus,
não se sabe o
momento em que
se dará.
Portanto, crer
no nome do
Mestre, no seu
sacrifício, na
excelência do
seu mérito, na
efusão do seu
sangue não é
tudo: é preciso,
é indispensável
trilhar a rota
da vida, rota
que o Mestre nos
ensina no
Evangelho. Quem
quiser ser meu
discípulo,
negue-se a si
mesmo, tome a
sua cruz e
siga-me. Notemos
bem – siga-me –
isso quer dizer
venha comigo,
exemplifique-se
em mim, aprenda
de mim, mas
caminhe, avance,
prossiga na
jornada sem
vacilações nem
esmorecimento.
Parece-nos
bastante
positiva e cheia
de evidência a
Doutrina de
Jesus, no
Evangelho.
Confundi-la,
emaranhá-la
amalgamando-a de
erronias, de
paradoxos,
incongruências e
paralogismos se
nos afigura
muito mais
difícil que
lobrigar a
verdade pura que
dela esplende.
Tratemos, pois,
de abastecer as
nossas lâmpadas.
Conservemos
acessa a luz de
nossa fé, dessa
fé que, no sábio
conceito de
Allan Kardec, o
codificador do
Espiritismo,
encara a razão
face a face em
todas as épocas
da humanidade.
Tudo por que nos
debatemos na
vida terrena é
acessório:
riquezas,
glórias, fama,
posição,
poderio. O
essencial é a
luz interior,
luz que é o
sentimento do
bem, o espírito
de justiça, a
sensibilidade
moral que nos
solidariza com o
próximo.
Se as cinco
virgens tolas
regressaram com
o óleo da
experiência
adquirida, não
teriam elas o
direito de serem
admitidas ao
banquete nupcial
do Reino de
Deus? Tanto mais
que a parábola
diz que “o Reino
dos Céus é
semelhante a dez
virgens” e não
apenas a cinco.
É lícito
concluir que as
cinco virgens
retardatárias
tenham entrado
no Reino dos
Céus em outro
ciclo evolutivo,
posterior ao das
suas colegas. Se
é verdade que na
casa do Pai
celeste há
muitas moradas,
seria lícito
admitir a
possibilidade de
uma evolução no
plano espiritual
e em futuras
existências.
Referências:
Em Busca do
Mestre,
de Vinicius
(Pedro de
Camargo).
Parábolas que
Jesus contou e
valem para
sempre, de
Terezinha
Oliveira.