ALTAMIRANDO
CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
A literatura espírita e
o dilema
do ser
O Espiritismo, surgido
na Terra em 18 de abril
de 1857, com a primeira
edição de O
Livro dos Espíritos, deu
as respostas necessárias
a respeito da pergunta
milenar: Quem eu sou, de
onde eu venho, para
onde eu
vou?
O poema Na
Era do Espírito, que
Castro Alves enviou à
Terra através de Waldo
Vieira, descreve
lindamente este momento
portentoso, em que a fé
raciocinada passou a ser
a tônica dominante: “Aos
clarões da Imensidade, /
Kardec chega e inaugura
/ A Doutrina viva e pura
/ Da razão à luz do bem.
/ O Espírito de Verdade
/ Semeia Divina Messe, /
O Evangelho reaparece /
Nas Vozes do Grande
Além!” (Antologia
dos Imortais –
FEB).
Tudo o que era mistério,
se desfaz. Os milagres
são devidamente
explicados. E a Doutrina
Espírita brilha acima
das aparências, do
subterfúgio, da mentira.
Como diria o poeta,
“cessa a escuridão
obnubilante. E Deus
resplandecerá de
dentro da poeira,
como um gazofilácio de
diamantes”.
Os retrógrados ficam
para trás. Como diz Léon
Denis, na introdução da
obra O
Problema do Ser, do
Destino e da Dor
(FEB): “Um
tempo se acaba; novos
tempos se anunciam”. “As
formas e concepções do
passado,” “já não são
suficientes”. Importante
anotar que sem as luzes
que nos são dadas pelo
conhecimento da
reencarnação, jamais
penetraremos
profundamente no
entendimento dos dilemas
da nossa existência.
Estas reflexões
nos fazem lembrar o
epitáfio de Benjamin
Franklin, ilustre
estadista e homem de
ciência americano. O
epitáfio foi composto
por ele mesmo e diz:
“Aqui repousa abandonado
aos vermes o
corpo de Benjamim
Franklin, tipógrafo, como
a capa de um livro, cujas
páginas tivessem sido
arrancadas, os dourados
e os títulos cancelados;
mas nem por isso se
perderá a obra, porque
reaparecerá, como
ele acreditava, em uma
edição nova e melhorada,
revista e corrigida pelo
autor”.
Reencarnação, a chave de
tudo. Como diz a
escritora americana
Elizabeth Clare Prophet,
é o elo perdido do
Cristianismo. Como
explica o item 18 do
capítulo IV (Ninguém
pode ver o reino de Deus
se não nascer de novo)
de O
Evangelho segundo o
Espiritismo (Edições
FEESP), ela
fortalece os laços de
família.
Importante lembrar a
leitura de uma obra
fundamental para a
compreensão deste
assunto: O
Céu e o Inferno, de
Allan Kardec, que na
introdução (Notícia
Sobre o livro), da
edição da LAKE –
Livraria Allan Kardec
Editora –, o tradutor
Herculano Pires observa:
“Mesmo entre os
espíritas este livro é
quase desconhecido. A
maioria dos que conhecem
nunca se inteirou do seu
verdadeiro significado.
Kardec nos dá nas suas
páginas o balanço da
evolução moral e
espiritual da humanidade
terrena até os nossos
dias. Mas ao mesmo tempo
estabelece as
coordenadas da evolução
futura. As penas e
recompensas de após
morte saem do plano
obscuro das superstições
e do misticismo
dogmático para a luz da
análise racional e da
pesquisa científica. É
evidente que essa
pesquisa não pode seguir
o método das ciências da
mensuração, pois o seu
objeto não é material,
mas segue rigorosamente
as exigências do
espírito científico
moderno e contemporâneo.
O grave problema da
continuidade da vida
após a morte despe-se
dos aparatos mitológicos
para mostrar-se com a
nudez da verdade à luz
da razão esclarecida”.
À pergunta milenar do
homem sobre a sua origem
e destinação, a Doutrina
Espírita responde,
através das obras
básicas
(O Livro dos
Espíritos, O
Livro dos Médiuns,
O Evangelho segundo o
Espiritismo, O
Céu e o Inferno,
A Gênese) e
de toda uma vasta
literatura, como é o
caso da
obra Parnaso
de Além Túmulo (FEB),
psicografada por
Francisco Cândido
Xavier, em que, nas
primeiras estrofes do
poema Vozes
de uma sombra, Augusto
dos Anjos nos esclarece
a respeito do tema: “Donde
venho? / Das eras
remotíssimas, / Das
substâncias
elementaríssimas, /
Emergindo das cósmicas
matérias. / Venho dos
invisíveis protozoários,
/ Da confusão dos seres
embrionários, / Das
células primevas, das
bactérias”.
A literatura espírita é
rica em todos os temas.
Como esclarece a
comunicação do Espírito
de Verdade, no item 5 do
cap. VI (O Cristo
consolador) de O
Evangelho segundo o
Espiritismo –
Edições FEESP: “Todas
as verdades se encontram
no Cristianismo”. E nos
conclama: “Espíritas:
amai-vos, eis o primeiro
ensinamento;
instruí-vos, eis o
segundo”.
Quem lê e se educa, vale
mais. No livro Na
Escola do Mestre
(Edições
FEESP) – Evolução e
educação –, Pedro de
Camargo Vinícius diz: “A
diferença entre o sábio
e o ignorante, o justo e
o ímpio, o bom e o mau,
procede de serem uns
educados, outros, não. O
sábio se tornou tal,
exercitando com
perseverança os seus
poderes intelectuais. O
justo alcançou
santidade, cultivando
com desvelo e carinho
sua capacidade de
sentir. Foi de si
próprios que eles
desentranharam e
desdobraram, pondo em
evidência aquelas
propriedades, de acordo
com a sentença que o
Divino Artífice
insculpiu em suas obras: Crescei
e multiplicai”.