MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
31)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. É fácil vencer na
experiência terrestre?
Não. Foi isso que
Matilde procurou dizer à
jovem que seria, em
breve tempo, sua futura
mãe: "Margarida, viver
no corpo terrestre,
entendendo os deveres
divinos que nos cabem,
não é tão fácil, ante a
glória infinita que em
companhia dele podemos
recolher. Todos
possuímos culposo
pretérito a redimir. É
imperioso reconhecer,
todavia, que, se a
experiência humana pode
ser doloroso curso de
renunciação pessoal, é
também abençoada escola
em que o Espírito de boa
vontade pode alcançar
culminâncias". “A dor,
o obstáculo e o conflito
são ferramentas
abençoadas de melhoria.”
(Libertação, cap. XIX,
pp. 239 a 241.)
B. Que virtudes
ensinadas por Jesus
ganharam destaque nos
conselhos de Matilde à
jovem Margarida?
Embora breves, os
conselhos de Matilde
eram revestidos de
grande sublimidade,
porque neles se dava
merecido destaque à
humildade e à caridade,
as maiores virtudes
segundo Jesus.
(Obra citada, cap. XIX,
pp. 241 e 242.)
C. Que disse Matilde
sobre o valor do tempo?
Matilde disse o seguinte
a Margarida: "O tempo é
valioso, minha filha, e
não podemos
menoscabá-lo, sem grave
prejuízo para nós
mesmos". Ela aludia
assim à importância da
reencarnação, que nem
sempre é simples
processo regenerativo,
embora constitua, na
maioria das vezes,
recurso corretivo de
Espíritos renitentes na
desordem e no crime.
(Obra citada, cap. XIX,
pp. 243 a 245.)
Texto
para leitura
127. Viver na
Terra não é fácil
- De repente, Margarida
bradou, em lágrimas
comoventes: "Mãe!
Querida mãezinha!"
Matilde respondeu: "Sim,
minha filha, sou eu; o
amor jamais desaparece!
A união das almas vence
o tempo e a morte".
Margarida perguntou-lhe
por que a abandonara, e
Matilde asseverou:
"Nunca te esqueci. O
país da neblina
carnal muitas vezes
parece distanciar-nos
uns dos outros;
entretanto, sombra
alguma conseguirá
separar-nos. Nossas
aspirações e esperanças
se confundem, quais
pontos de luz, nas
trevas da separação,
assim como as estrelas
se assemelham a balizas
brilhantes no nevoeiro
noturno, recordando-nos
o infinito e a
eternidade". A jovem
parecia acordar cada vez
mais largamente e
revelou à benfeitora
sentir-se cercada de
inimigos sem entranhas.
Notava invencível
antagonismo entre seus
sentimentos e a
realidade humana. O
próprio matrimônio, em
que depositava os mais
caros sonhos, não lhe
foi senão escuro livro
de desenganos cruéis.
Tinha, pois, o coração
extenuado e oprimido...
Soluços violentos
impediram-na de
continuar. Matilde
enxugou-lhe o pranto e
falou-lhe, bondosa:
"Margarida, viver no
corpo terrestre,
entendendo os deveres
divinos que nos cabem,
não é tão fácil, ante a
glória infinita que em
companhia dele podemos
recolher. Todos
possuímos culposo
pretérito a redimir. É
imperioso reconhecer,
todavia, que, se a
experiência humana pode
ser doloroso curso de
renunciação pessoal, é
também abençoada escola
em que o Espírito de boa
vontade pode alcançar
culminâncias". E
Matilde desfilou
conselhos e
considerações de enorme
valor, como as que a
seguir resumimos: É
indispensável se abra o
coração ao clima
interior da bondade e do
entendimento. Somos
diamantes brutos,
revestidos pelo duro
cascalho de nossas
milenárias imperfeições.
A dor, o obstáculo e o
conflito são ferramentas
abençoadas de melhoria.
É preciso modificar
nossas mais íntimas
disposições, com
referência aos
adversários. O inimigo
nem sempre é uma
consciência agindo
deliberadamente no mal;
na maioria das vezes, é
alguém que atende à
incompreensão quanto
qualquer de nós. As
Potências Angélicas não
nos punem a incapacidade
temporária de
compreensão; ao invés de
condenar-nos,
identificam-nos as
deficiências e
estendem-nos braços
fraternos, através de
mil recursos invisíveis
e indiretos. (Cap. XIX,
pp. 239 a 241)
128. A
vida é serviço e
ascensão
- O diálogo entre mãe e
filha continuou por
algum tempo. Margarida
disse à benfeitora que
naquele momento tudo era
consolação e esperança;
todavia, no dia seguinte
ela seria novamente
prisioneira no cárcere
físico e caminharia em
conflito com os monstros
que a assediavam...
Matilde alvitrou que
esse era o imperativo
da tarefa que lhe
competia realizar. Era
imprescindível, porém,
não perder os tesouros
do tempo em
considerações inúteis.
"Enche as tuas horas de
trabalho salutar com a
possível harmonia, fonte
de toda a beleza. Não
fujas ao óbice valioso
na corrida de
aperfeiçoamento, nem
sorvas o mentiroso
elixir da ilusão",
aconselhou a benfeitora.
"A vida, para toda alma
que triunfa no carreiro
áspero, é serviço,
movimento, ascensão." E
Matilde lembrou-lhe as
mulheres que, aos
milhares, suam e
sangram, em silêncio,
sem o afeto de um
esposo, sem a bênção de
um lar e sem conhecer a
dádiva de um corpo
normal ou os mínimos
sonhos que ela
arregimentava no coração
feminil. Aludiu também a
todos que, apesar das
dificuldades e
vicissitudes, continuam
impávidos em sua marcha
ascensional. Margarida,
compreendendo a
argumentação da
benfeitora, rogou-lhe,
súplice, que a ensinasse
a continuar, para poder
honrar assim a bendita
oportunidade recebida.
Matilde recomendou-lhe,
então, suavemente: "Não
procures ser atendida em
todos os teus desejos,
mas procura servir,
fraternalmente, a
quantos te reclamem
arrimo e braço forte.
Ajuda, antes de
procurares auxílio.
Compreende, sem exigir
compreensão imediata.
Desculpa os outros, sem
desculpar a ti mesma.
Ampara, sem a intenção
de ser amparada. Dá, sem
o propósito de receber.
Não persigas o respeito
humano que te faça
parecer melhor que és,
mas busca, em todo tempo
e lugar, a bênção divina
na aprovação da própria
consciência. Não
procures destacada
posição, diante dos
outros; antes de tudo,
aperfeiçoa os teus
sentimentos, cada vez
mais, sem propaganda de
tuas virtudes vacilantes
e problemáticas. Age
corretamente e esquece
as frases vazias ou
venenosas da
maledicência contumaz".
E prosseguiu ditando
conselhos breves
revestidos de grande
sublimidade, porque
neles se dava merecido
destaque à humildade e à
caridade, as maiores
virtudes segundo Jesus.
(Cap. XIX, pp. 241 e
242)
129. O egoísmo
nunca edificará um
continente -
Entre os conselhos que
Matilde dirigiu à jovem
senhora, destacamos os
seguintes: A
experiência na carne é
demasiado breve. A
cabeça deve permanecer
tão cheia de ideais
santificantes, quanto as
mãos repletas de
trabalho salutar. É
imprescindível abrir o
coração ao sol renovador
do Supremo Bem. A
alegria que improvisares
em torno dos pés alheios
te fará mais rica de
júbilo. Na paz que
semeares, encontrarás a
colheita da paz que
desejas. Para a
sabedoria divina, tão
infortunado é o pastor
que perdeu o rebanho,
quanto a ovelha que
perdeu o pastor. O
egoísmo conseguirá criar
um oásis, mas nunca
edificará um continente.
É indispensável aprender
a sair de ti mesma,
auscultando a
necessidade e a dor
daqueles que te cercam.
Findo aquele diálogo
sublime, Matilde
levantou-se, abraçada à
filha espiritual, e foi
ao encontro de André e
seus companheiros,
apresentando-os à jovem
por particulares amigos.
Estabeleceu-se então
confraternizadora
palestra, o que fez com
que a onda de lágrimas
se extinguisse. Chegou,
pouco depois, o momento
das despedidas e Matilde
aproveitou o ensejo para
dar novos conselhos à
ex-obsidiada,
encarecendo a
necessidade de que ela
ouvisse e levasse a
sério o apelo que lhe
fora endereçado.
Esclareceu-lhe que sua
visita não tinha o
simples objetivo de
levar-lhe consolo. A
finalidade divina há de
ser, em tudo, a alma de
nossa ação, disse-lhe
Matilde. "O tempo é
valioso, minha filha, e
não podemos
menoscabá-lo, sem grave
prejuízo para nós
mesmos", asseverou.
Depois, para surpresa da
jovem, a benfeitora
informou que ela
voltaria também ao
círculo carnal dentro de
poucos anos. "Tu? --
gritou Margarida,
apalermada -- por que te
seria imposta semelhante
pena?" Matilde
esclareceu: "Não te
guardes em tamanha
incompreensão da lei do
trabalho; a reencarnação
nem sempre é simples
processo regenerativo,
embora, na maioria das
vezes, constitua recurso
corretivo de Espíritos
renitentes na desordem e
no crime". (Cap. XIX,
pp. 243 a 245)
(Continua
no próximo número.)