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Estudando as obras de Kardec
Ano 3 - N° 120 - 16 de Agosto de 2009

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1864

Allan Kardec 

(9a Parte)

 
Damos prosseguimento nesta edição ao estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1864. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 26 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Que é que Vaucanson previu a respeito das relações entre o Espiritismo e a maçonaria?

Segundo Vaucanson, o Espiritismo deveria encontrar no seio das lojas maçônicas numerosa falange compacta de crentes, sérios, resolutos e inabaláveis na fé, porque ele realiza todas as aspirações generosas e caridosas da franco-maçonaria; sanciona as crenças que esta professa, dando provas  irrecusáveis da imortalidade da alma; e conduz a humanidade ao objetivo que se propõe: união, paz, fraternidade universal, pela fé em Deus e no futuro. (Revue Spirite de 1864, pp. 125 e 126.)

B. Como o apóstolo João, o Evangelista, define a vida e o sofrimento?

Em mensagem dirigida aos operários, o Espírito do apóstolo João disse: “Operários, sois os eleitos na via dolorosa da provação, onde marchais de pés sangrentos e coração desencorajado. Esperai, irmãos! Todo sofrimento leva consigo o seu salário; toda jornada laboriosa tem sua noite de repouso. Crede no futuro, que será vossa recompensa e não busqueis o esquecimento, que é ímpio”. João lembrou também na mensagem a eternidade da vida: “Meus amigos, a vida é a jornada da eternidade; cumpri bravamente o seu labor; não sonheis com um repouso impossível; não adianteis o relógio do tempo; tudo vem a ponto: a recompensa da coragem e a bênção ao coração comovido, que se confia à eterna justiça”. (Obra citada, pp. 126 e 127.) 

C. Podemos considerar sobrenatural o dom da predição?

Não. O dom da predição não é fato sobrenatural, como não o são os outros fenômenos espíritas. Ele repousa nas propriedades da alma e na lei das relações entre os mundos visível e invisível, que o Espiritismo vem dar a conhecer. A faculdade de prever o futuro é, segundo Kardec, inerente ao estado de espiritualização ou, se preferirmos, de desmaterialização da criatura humana. (Obra citada, pp. 131 e 132.) 

Texto para leitura

102. Segundo Vaucanson, o Espiritismo encontrará no seio das lojas maçônicas numerosa falange compacta de crentes, sérios, resolutos e inabaláveis na fé, porque o Espiritismo realiza todas as aspirações generosas e caridosas da franco-maçonaria; sanciona as crenças que esta professa, dando provas  irrecusáveis da imortalidade da alma; e conduz a humanidade ao objetivo que se propõe: união, paz, fraternidade universal, pela fé em Deus e no futuro. (PP. 125 e 126)

103. A Revue traz, fechando o número de abril, mensagem assinada por João, o Evangelista, dirigida aos operários, a quem o apóstolo diz: “Operários, sois os eleitos na via dolorosa da provação, onde marchais de pés sangrentos e coração desencorajado. Esperai, irmãos! Todo sofrimento leva consigo o seu salário; toda jornada laboriosa tem sua noite de repouso. Crede no futuro, que será vossa recompensa e não busqueis o esquecimento, que é ímpio”. (PP. 126 e 127)

104. João lembra a eternidade da vida, asseverando: “Meus amigos, a vida é a jornada da eternidade; cumpri bravamente o seu labor; não sonheis com um repouso impossível; não adianteis o relógio do tempo; tudo vem a ponto: a recompensa da coragem e a bênção ao coração comovido, que se confia à eterna justiça”. “Sede espíritas: tornar-vos-eis fortes e pacientes, porque aprendereis que as provas são uma dádiva assegurada do progresso e que abrirão a entrada do repouso feliz, onde bendireis os sofrimentos que vos terão aberto o seu acesso.” (P. 127) 

105. A teoria da presciência é o tema do artigo de abertura do número de maio, onde Kardec examina a questão do conhecimento do futuro, que é um dos mais intrincados assuntos tratados pelo Espiritismo. (PP. 129 a 134)

106. Kardec inicia o artigo citando o exemplo do homem que, colocado no alto de uma montanha, pode dizer ao viajante que caminha pela planície tudo aquilo que este irá encontrar em sua viagem. Para o viajante, o outro estará anunciando o futuro; para o homem da montanha, trata-se apenas do presente. (PP. 129 e 130)

107. Os Espíritos desmaterializados - diz Kardec - são como o homem da montanha. Para eles apagam-se espaço e tempo, mas a extensão e a penetração de sua vista são proporcionais à sua depuração e à sua elevação na hierarquia espiritual. É fácil compreender, portanto, que, conforme o grau de perfeição, um Espírito possa abarcar um período de alguns anos, alguns séculos e até milhares de anos, porque que é um século ante a eternidade? (P. 130)

108. Se uma tal faculdade, mesmo restrita, pode estar nos atributos da criatura, a que grau de poder deve ela elevar-se no Criador, que abarca o infinito? Para Deus o tempo não existe; o começo e o fim do mundo são o presente. (P. 130)

109. No tocante ao homem, pode ser-lhe útil, em certos casos, pressentir os acontecimentos futuros. Eis por que Deus permite, às vezes, que se levante a ponta do véu, o que se dá somente com um fim útil e jamais para satisfazer uma vã curiosidade. Essa missão pode ser, assim, concedida aos Espíritos e mesmo a certos homens. (PP. 130 e 131)

110. Aquele a quem é confiado o trabalho de revelar uma coisa oculta pode recebê-la, mau grado seu, como inspiração suscitada pelos Espíritos que a conhecem. Sabe-se também que, durante o sono ou em momentos de êxtase, a alma se desprende e possui em grau mais ou menos grande as faculdades do Espírito livre. Se for um Espírito adiantado e tiver, como os profetas, recebido a missão especial para esse fim, goza nesses momentos da faculdade de abarcar, por si mesmo, um período mais ou menos extenso e ver, como se presentes, os acontecimentos desse período. (P. 131)

111. Ele pode então revelá-los de imediato, ou conservar-lhes a memória ao despertar. Se os acontecimentos tiverem que permanecer em segredo, ele perderá a sua lembrança ou conservará apenas uma vaga intuição, suficiente para o guiar instintivamente. (P. 131)

112. O dom da predição não é, portanto, fato sobrenatural, como não o são os outros fenômenos espíritas: repousa nas propriedades da alma e na lei das relações entre os mundos visível e invisível, que o Espiritismo vem dar a conhecer. (P. 131)

113. Concluindo o artigo, Kardec afirma com toda a clareza que a faculdade de prever o futuro é inerente ao estado de espiritualização ou, se preferirmos, de desmaterialização da criatura humana. “Por outras palavras - diz Kardec -, a espiritualização produz um efeito que se pode comparar, embora muito imperfeitamente, ao da visão de conjunto do homem sobre a montanha.” Essa comparação, lembra ele, objetiva apenas mostrar que acontecimentos que estão no futuro para uns estão no presente para outros e, desse modo, podem ser preditos, o que não implica que o efeito se produza da mesma maneira. Quer dizer: para gozar dessa percepção o Espírito não precisa transportar-se para um ponto qualquer no espaço. (P. 132) (Continua no próximo número.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita