EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Oikos
e destino
Hoje em dia nós
ouvimos muito
sobre o
despertar de uma
consciência
ecológica. A
palavra grega
oikos
significa a
casa natal.
E por isso os
helenos falavam
de uma economia
doméstica,
voltada para a
gerência da
casa, com seus
recursos e
providências.
Mas essa palavra
abarca um
significado mais
amplo. Ela
abraça a
urgência de
aceitação do
estado de
interação entre
o ambiente e a
sociedade,
implicando o
acolher, do
ritmo flutuante
da vida, os
ensinamentos
para muitas de
nossas
limitações e,
igualmente, para
muitos dos
recursos
naturais,
finitos.
Parece-me
notável que esse
despertar nos
possibilite
lampejos de
esperança
perante uma
situação mundial
degradante, pois
a casa, a Terra,
é o coletivo, o
habitado.
Eu não gostaria
de cair no
embaraço de que
minha meditação
venha a refletir
a vontade
indizível de uma
pessoa ainda em
busca-no-presente,
mas querendo
falar sobre
perspectivas
desconhecidas
porque ligadas à
ideia de
futuridade, ou
seja, nesse
instante elas
estão misturadas
à escuridão – o
desconhecido.
Penso apenas que
nossa parte como
ser humano pode
insistir na
possibilidade
humana de viver
com
futuro... E, por
isso, bem
provável a
necessidade de
reexame sobre
esse viver
no plano
individual
(micro) e também
na dimensão
global (macro).
Essa tarefa não
me parece
abstrata, mas
continuamente
concreta.
Trata-se, aqui,
de como garantir
equilíbrio
sinérgico na
grande rede
socioambiental,
o que chama, é
claro,
manifestação da
vontade,
participação e
solidariedade.
Sem deixar de
considerar como
precondição o
fato de que não
temos apenas
direitos (a
dimensão
existente da
vida), mas, é
certo, temos
também deveres
(a dimensão
ética da vida).
Nós temos, por
assim dizer, de
aprender a
reconhecer em
todos nós uma
inevitável
suscetibilidade,
que nos impele a
revisar toda
experiência de
nossas
limitações,
assimilando, sem
suspeita, um
princípio que
nos ata a todos
em nossa casa
natal: a
interdependência.
Sem dúvida, em
relação a
perspectivas
sobre o presente
e sobre o
futuro, no plano
individual e no
global, talvez
possamos,
honestamente,
deixar de
estimular/almejar
uma economia de
conforto
excessivo ou de
comodidade
insaciável, mas
nos propor a
aplicar uma
economia de
responsabilidade
compartilhada,
aprendendo a
efetiva
solidariedade
dos seres
humanos e do
cuidado com a
Mãe Terra, nossa
casa comum.
Às vezes, isso
ainda é pouco
visível em nossa
sociedade e no
convívio de
muitas pessoas.
Os jovens sentem
isso. As
crianças apenas
sabem...
Precisamos,
talvez, nos
render com
humildade para
reavaliar nossas
necessidades,
pois tudo
muda, tudo flui,
tudo passa.
Esse é um tema
de Heráclito, o
devir. E, sem
receio,
sociedade e
ambiente
representam uma
unidade
indissolúvel, um
dinamismo, pois
estamos
integrados a uma
teia, a rede
da vida, logo, a
um mesmo
destino.