FRANCISCO
REBOUÇAS
costareboucas@ig.com.br
Niterói, Rio de
Janeiro (Brasil)
Amigos, ocupo-me
nesta hora a
fazer algo que
sempre desejei,
mas que
protelava, dia
após dia,
deixando sempre
para depois algo
que agora
reconheço já
deveria ter
feito há muito
tempo. Trata-se
de um artigo em
que pudesse me
expressar de
forma
equilibrada e
sem os
constantes
arrepios de
indignação que
praticamente a
todo instante me
assaltam e me
tiram a
tranquilidade,
deixando-me
realmente pasmo
diante de tanta
agressão à moral
e à dignidade e
tamanha falta de
respeito dos
meios de
comunicação que
nos invadem a
intimidade
familiar, nos
diversos
veículos da
mídia, tais
como: jornais,
revistas, rádios
e programas de
televisão a que
assistimos, em
horário nobre,
em plena luz do
dia.
Posso citar
vários deles,
desde os tais
programas de
entretenimento,
novelas, e
muitos dos
programas ao
vivo, com
apresentadores
inescrupulosos e
indecentes, que
falam palavrões,
como se
estivessem em
algum lugar
privado,
proibido a
pessoas decentes
e sensíveis,
educadas e
honradas, o que
na realidade
nossos lares não
o são verdadeira
e
definitivamente.
Não pretendo me
apresentar aqui
por moralista,
perfeito ou
santo, pois
reconheço que
ainda estou
distante dessas
qualidades, que
um dia pretendo
possuir por
completo, mas
não sou também,
da mesma
maneira, nenhum
depravado,
indecente ou
idiota, que não
possa ver e
desaprovar as
investidas
desses infelizes
e desrespeitosos
covardes, contra
a dignidade dos
leitores,
ouvintes ou
telespectadores
que os assistem,
entregues à
própria sorte,
já que os
representantes
da nossa
sociedade, ou
são
cegos e surdos
todos sem
exceção,
ou pouco estão
se incomodando
com a falta de
respeito e
dignidade dos
textos
produzidos e
vendidos sem
qualquer
fiscalização,
assim como os
inúmeros
programas
exibidos pelas
emissoras de
rádio e
televisão
abertas ou
fechadas, cedo
ou tarde da
noite.
Um bom exemplo
para o que estou
dizendo pode ser
verificado a
cada transmissão
das partidas de
futebol pelas
televisões, em
qualquer
horário, pois os
palavrões que os
técnicos,
jogadores e
dirigentes falam
em alto e bom
tom não nos
deixam a menor
dúvida de que
essas pessoas
não têm o menor
respeito ou
cuidado com quem
está atrás de um
aparelho de
rádio ou TV, em
seus lares, que
são na verdade
merecedores de
consideração e
dignos de não
terem esses
péssimos
exemplos sendo
apresentados às
suas crianças e
jovens que com
seus pais
assistem a essas
aulas de
indecências, de
quem deveria
primar pelo
respeito e pela
valorização da
moral,
principalmente
perante os
pequeninos, sem
falar nas
decentes
senhoras de
idade já bem
avançadas que
são obrigadas,
por não serem
surdas e por
gostarem de ver
uma partida de
futebol, a se
sujeitarem a
esse tipo de
desrespeito.
Também as
novelas são
portadoras de
cenas tão
agressivas e
indecentes que
se tornam
fábricas de
desarmonia e
desgraças para
muitos dos
jovens que
acreditam, por
inexperiência,
que a vida se
passa de acordo
com as tramas
dos respectivos
personagens, no
que diz respeito
principalmente
ao sexo e ao
sucesso que eles
sempre alcançam.
E fico vermelho
quando estou na
casa de alguém
que as
acompanha, pois,
graças a Deus,
na minha
residência, não
assistimos a
essa praga que
se chama novela;
preferimos
assistir a
documentários,
leituras
edificantes,
jornais ou
outras opções
que nos possam
acrescentar algo
de útil em nosso
dia-a-dia.
Sabemos que esse
lixo imoral,
exibido pelos
veículos de
comunicação, é
resultado obtido
por pesquisas
que realizam em
comunidades de
grande densidade
populacional,
onde o poder
público não
garante sequer a
mínima condição
de vida e lazer
para essas
pessoas, que,
diante de tanta
desgraça e
miséria, não
veem alternativa
diferente senão
ligar seus
aparelhos de
televisão e
pagar para
assistir à
decadência e à
inoperância da
Lei e da ordem,
no completo
desprezo aos
valores éticos e
morais que
deveriam ser
incentivados,
defendidos e
implantados em
todos os
programas que
fossem levados
ao ar.
Em O Livro
dos Espíritos
encontramos, na
matéria que
segue, a razão
que nos dá a
convicção de que
como espíritas,
seguidores dos
ensinos de
Jesus, não mais
podemos
continuar a
ficar de braços
cruzados
assistindo a
tudo o que está
acontecendo,
esperando que os
Espíritos façam
o que a nós cabe
realizar em prol
do bem e da
paz.
O bem e o mal
629. Que
definição se
pode dar da
moral?
“A moral é a
regra de bem
proceder, isto
é, de distinguir
o bem do mal.
Funda-se na
observância da
lei de Deus. O
homem procede
bem quando tudo
faz pelo bem de
todos, porque
então cumpre a
lei de Deus.”
630. Como se
pode distinguir
o bem do mal?
“O bem é tudo o
que é conforme à
lei de Deus; o
mal, tudo o que
lhe é contrário.
Assim, fazer o
bem é proceder
de acordo com a
lei de Deus.
Fazer o mal é
infringi-la.”
631. Tem meios o
homem de
distinguir por
si mesmo o que é
bem do que é
mal?
“Sim, quando crê
em Deus e o quer
saber. Deus lhe
deu inteligência
para distinguir
um do outro.”
632. Estando
sujeito ao erro,
não pode o homem
enganar-se na
apreciação do
bem e do mal e
crer que pratica
o bem quando em
realidade
pratica o mal?
“Jesus disse:
vede o que
queríeis que vos
fizessem ou não
vos fizessem.
Tudo se resume
nisso. Não vos
enganareis.”
633. A
regra do bem e
do mal, que se
poderia chamar
de reciprocidade
ou de
solidariedade, é
inaplicável ao
proceder pessoal
do homem para
consigo mesmo.
Achará ele, na
lei natural, a
regra desse
proceder e um
guia seguro?
“Quando comeis
em excesso,
verificais que
isso vos faz
mal. Pois bem, é
Deus quem vos dá
a medida daquilo
de que
necessitais.
Quando excedeis
dessa medida,
sois punidos. Em
tudo é assim. A
lei natural
traça para o
homem o limite
das suas
necessidades. Se
ele ultrapassa
esse limite, é
punido pelo
sofrimento. Se
atendesse sempre
à voz que lhe
diz “basta!”,
evitaria a maior
parte dos males,
cuja culpa lança
à Natureza.”
634. Por que
está o mal na
natureza das
coisas? Falo do
mal moral. Não
podia Deus ter
criado a
Humanidade em
melhores
condições?
“Já te dissemos:
os Espíritos
foram criados
simples e
ignorantes
(115). Deus
deixa que o
homem escolha o
caminho. Tanto
pior para ele,
se toma o
caminho mau:
mais longa será
sua
peregrinação. Se
não existissem
montanhas, não
compreenderia o
homem que se
pode subir e
descer; se não
existissem
rochas, não
compreenderia
que há corpos
duros. É preciso
que o Espírito
ganhe
experiência; é
preciso,
portanto, que
conheça o bem e
o mal. Eis por
que se une ao
corpo.” (119)
635. Das
diferentes
posições sociais
nascem
necessidades que
não são para
todos os homens.
Não parece poder
inferir-se daí
que a lei
natural não
constitui regra
uniforme?
“Essas
diferentes
posições são da
natureza das
coisas e
conformes à lei
do progresso.
Isso não infirma
a unidade da lei
natural, que se
aplica a tudo.”
As condições de
existência do
homem mudam de
acordo com os
tempos e os
lugares, do que
lhe resultam
necessidades
diferentes e
posições sociais
apropriadas a
essas
necessidades.
Pois que está na
ordem das
coisas, tal
diversidade é
conforme à lei
de Deus, lei que
não deixa de ser
una quanto ao
seu princípio. À
razão cabe
distinguir as
necessidades
reais das
factícias ou
convencionais.
636. São
absolutos, para
todos os homens,
o bem e o mal?
“A lei de Deus é
a mesma para
todos; porém, o
mal depende
principalmente
da vontade que
se tenha de o
praticar. O bem
é sempre o bem e
o mal sempre o
mal, qualquer
que seja a
posição do
homem. Diferença
só há quanto ao
grau da
responsabilidade.”
637.
Será culpado o
selvagem que,
cedendo ao seu
instinto, se
nutre de carne
humana?
“Eu disse que o
mal depende da
vontade. Pois
bem! Tanto mais
culpado é o
homem, quanto
melhor sabe o
que faz.”
As
circunstâncias
dão relativa
gravidade ao bem
e ao mal. Muitas
vezes, comete o
homem faltas
que, nem por
serem
consequência da
posição em que a
sociedade o
colocou, se
tornam menos
repreensíveis.
Mas a sua
responsabilidade
é proporcional
aos meios de que
ele dispõe para
compreender o
bem e o mal.
Assim, mais
culpado é, aos
olhos de Deus, o
homem instruído
que pratica uma
simples
injustiça, do
que o selvagem
ignorante que se
entrega aos seus
instintos.
638. Parece, às
vezes, que o mal
é uma
consequência da
força das
coisas. Tal, por
exemplo, a
necessidade em
que o homem se
vê, nalguns
casos, de
destruir até
mesmo o seu
semelhante.
Poder-se-á dizer
que há, então,
infração da lei
de Deus?
“Embora
necessário, o
mal não deixa de
ser o mal. Essa
necessidade
desaparece,
entretanto, à
medida que a
alma se depura,
passando de uma
a outra
existência.
Então, mais
culpado é o
homem, quando o
pratica, porque
melhor o
compreende.”
639. Não sucede
frequentemente
resultar o mal,
que o homem
pratica, da
posição em que
os outros homens
o colocam?
Quais, nesse
caso, os
culpados?
“O mal recai
sobre quem lhe
foi o causador.
Nessas
condições,
aquele que é
levado a
praticar o mal
pela posição em
que seus
semelhantes o
colocam tem
menos culpa do
que os que,
assim
procedendo, o
ocasionaram.
Porque cada um
será punido, não
só pelo mal que
haja feito, mas
também pelo mal
a que tenha dado
lugar.”
640. Aquele que
não pratica o
mal, mas que se
aproveita do mal
praticado por
outrem, é tão
culpado quanto
este?
“É como se o
houvera
praticado.
Aproveitar do
mal é participar
dele. Talvez não
fosse capaz de
praticá-lo; mas,
desde que,
achando-o feito,
dele tira
partido, é que o
aprova; é que o
teria praticado,
se pudera, ou se
ousara.”
641. Será tão
repreensível,
quanto fazer o
mal, o
desejá-lo?
“Conforme. Há
virtude em
resistir-se
voluntariamente
ao mal que se
deseja praticar,
sobretudo quando
há possibilidade
de satisfazer-se
a esse desejo.
Se apenas não o
pratica por
falta de
ocasião, é
culpado quem o
deseja.”
642. Para
agradar a Deus e
assegurar a sua
posição futura,
bastará que o
homem não
pratique o mal?
“Não; cumpre-lhe
fazer o bem no
limite de suas
forças,
porquanto
responderá por
todo mal que
haja resultado
de não haver
praticado o
bem.”
643.
Haverá quem,
pela sua
posição, não
tenha
possibilidade de
fazer o bem?
“Não há quem não
possa fazer o
bem. Somente o
egoísta nunca
encontra ensejo
de o praticar.
Basta que se
esteja em
relações com
outros homens
para que se
tenha ocasião de
fazer o bem, e
não há dia da
existência que
não ofereça, a
quem não se ache
cego pelo
egoísmo,
oportunidade de
praticá-lo.
Porque fazer o
bem não
consiste, para o
homem, apenas em
ser caridoso,
mas em ser útil,
na medida do
possível, todas
as vezes que o
seu concurso
venha a ser
necessário.”
644. Para certos
homens, o meio
onde se acham
colocados não
representa a
causa primária
de muitos vícios
e crimes?
“Sim, mas ainda
aí há uma prova
que o Espírito
escolheu, quando
em liberdade,
levado pelo
desejo de
expor-se à
tentação para
ter o mérito da
resistência.”
645.
Quando o homem
se acha, de
certo modo,
mergulhado na
atmosfera do
vício, o mal não
se lhe torna um
arrastamento
quase
irresistível?
“Arrastamento,
sim;
irresistível,
não; porquanto,
mesmo dentro da
atmosfera do
vício, com
grandes virtudes
às vezes
deparas. São
Espíritos que
tiveram a força
de resistir e
que, ao mesmo
tempo, receberam
a missão de
exercer boa
influência sobre
os seus
semelhantes.”
646.
Estará
subordinado a
determinadas
condições o
mérito do bem
que se pratique?
Por outra: Será
de diferentes
graus o mérito
que resulta da
prática do bem?
“O mérito do bem
está na
dificuldade em
praticá-lo.
Nenhum
merecimento há
em fazê-lo sem
esforço e quando
nada custe. Em
melhor conta tem
Deus o pobre que
divide com outro
o seu único
pedaço de pão,
do que o rico
que apenas dá do
que lhe sobra,
disse-o Jesus, a
propósito do
óbolo da viúva.”
(1)
Penso que chega
de tanta
indiferença de
todos nós
cidadãos
brasileiros
diante desse
desafio que se
apresenta como
uma doença
aparentemente
incurável, que é
o alastramento
da desordem e do
desrespeito aos
valores morais
do homem, e,
ante a árdua e
inevitável
tarefa de
moralização dos
meios de
comunicação,
vamos, todos
juntos, levantar
nossa voz e
empregar nossos
melhores
recursos, sejam
quais forem os
que estiverem ao
nosso alcance,
na certeza de
que, com a graça
de Deus nosso
Pai e Criador,
cedo ou tarde,
conquistaremos a
vitória da luz
sobre a treva da
ignorância, e
possamos
definitivamente
respeitar e
sermos também
respeitados.
Comecemos a
movimentar
nossas mãos,
utilizando-nos
dos recursos que
a tecnologia nos
oferta, e
enviemos
imediatamente
nossos protestos
para o e-mail
que segue,
eticanatv@camara.gov.br,
para que os
nossos legítimos
representantes
possam ter um
imediato motivo
para notarem que
ainda existem
criaturas
preocupadas em
defender a
dignidade e
exigir o devido
respeito aos
ouvintes,
leitores ou
telespectadores
da mídia em
geral, nas
matérias ou nos
programas que
pagamos para
ler, ouvir ou
assistir em
nossas
residências, que
não são
exatamente o que
eles pensam que
seja.
Chega do papo
furado e sem
sentido de: “quem
está
insatisfeito que
mude de canal”,
ou outro
qualquer, pois,
sabemos bem que
todos eles
exibem essas
torpezas e não
adianta
simplesmente
mudar de leitura
ou canal, a
mídia é que tem
de mudar a visão
sobre os
absurdos que
comete contra a
sociedade, isso
sim, é o que
precisa
urgentemente
acontecer.
Referências:
(1) O Livro
dos Espíritos
– FEB, 76ª
edição.