Página de amor
Lívio Barreto
Quiseste renascer, alma
querida,
Disseste haver falido
quando amaste...
E, estrela, desprezando
o etéreo engaste,
Desceste para as mágoas
de outra vida.
Hoje, nas sombras,
sofres esquecida,
E eu sofro, por
tristíssimo contraste,
No refúgio de sol que me
deixaste
Entre afagos de dor, à
despedida...
Livre, prendo-me a ti,
no mar das horas...
Penso, meditas... Sonho,
rememoras....
Meu coração no teu
pulsa, violento.
Embora em pranto, segue
que eu prossigo...
Choras, mas cantarás,
enfim, comigo
Na castália de amor do
firmamento.
Lívio Barreto nasceu no
distrito de Ibuaçu,
município de Granja,
Ceará, em 18 de
fevereiro de 1870 e
desencarnou em Camocim,
no mesmo Estado, em 29
de setembro de 1895. De
origem humilde, caixeiro
e, mais tarde, modesto
guarda-livros, foi um
artista emérito do
verso. Era funcionário
da Companhia Maranhense
de Navegação quando,
moço ainda, desencarnou
fulminado por uma
congestão cerebral. O
soneto acima integra o
livro Antologia dos
Imortais, obra
psicografada pelos
médiuns Francisco
Cândido Xavier e Waldo
Vieira.