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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 120 - 16 de Agosto de 2009

WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)
 

Cem primaveras de amor
ao próximo

 

 
Sebastião Paiva, conhecido carinhosamente por todos como “Seo Paiva”, completou, no dia 8 de abril deste ano de 2009, 100 anos de existência física. Espírita, praticou em sua vida, com extrema excelência, a máxima cunhada por Allan Kardec: “Fora da caridade não há salvação”, pois foi, e ainda é, na cidade de Bauru e região, um baluarte do auxílio ao próximo.

 

Nascido em família humilde na zona rural de Bebedouro, ficou órfão de pai ainda criança. Filho mais velho, começou a ajudar a mãe na tiragem de água do poço e no transporte de roupas sujas e limpas. Aos 12 anos, já residindo com a família na cidade de Viladouro, conseguiu emprego na estrada de ferro São Paulo – Goiás, como praticante de telégrafo. Em 1921 já trabalhava na Companhia Paulista de Estrada de Ferro, aposentando-se no ano de 1953.

 

Desembarcou em Bauru em 1942 e passou a colaborar com o Centro Espírita Amor e Caridade, onde conheceu a dificuldade pelas quais passavam as famílias carentes.  Em 1946 fundou a Sociedade Beneficente Cristã, hoje Fundação Espírita Sebastião Paiva, que desenvolve largo trabalho em prol do semelhante. Em 1948 juntou-se ao “Seo Paiva” o Sr. Roberto Previdello, que se tornou um grande amigo e colaborador.

 

Em 1960 compraram 100 alqueires de terra da fazenda Val de Palmas e construíram uma casa para abrigar 120 meninos, um prédio para escola e praça de esportes, além de piscina. Atualmente são 89 funcionários e voluntários que se desdobram em desvelo para atender 30 crianças e 160 idosos que ainda vivem na instituição.

 

A lista de benfeitorias à sociedade prestada por Sebastião Paiva e Roberto Previdello ao longo dos anos é extensa, impossível, portanto, registrar o número exato de pessoas atendidas por esses grandes beneméritos de Bauru e região. Importante, também, deixar registrado que do lar de “Seo Paiva” desdobraram-se outros lares, originando novas famílias. Explico: na instituição foram casadas 25 moças que puderam, então, ter suas próprias famílias. A generosidade das pessoas propícia a construção de novos destinos e histórias de vida. O Bem tem poder arrebatador, conquista, constrói, edifica...

 

A mídia no mundo contemporâneo mostra quase que sempre o lado obscuro da criatura humana. Essa divulgação implacável de crimes e absurdos endurece o coração das pessoas e faz perder a esperança no ser humano, dando a falsa impressão de que o homem regrediu. Mas em realidade o progresso humano é notório, basta observar. A vida de Sebastião Paiva é o contraveneno a todo esse sensacionalismo em torno do mal, seus exemplos enternecem o coração e alimentam a esperança no ser humano, mostrando que a construção de um mundo melhor é possível.

 

Essas linhas traçadas não têm a pretensão de idolatrar, mas apenas a de registrar os fatos praticados pelo benemérito Sebastião Paiva. Se os facínoras da  história são lembrados pela sua ousadia, por que não lembrar a ousadia generosa de Sebastião Paiva? Aliás, a Espiritualidade dá a receita para que o Bem sobrepuje o mal:  ousadia. Se formos ousados na prática do Bem, certamente o mundo será recanto de paz. No entanto, os chamados “bons” são mornos, enquanto os maus ousados. Um adágio popular define a apatia dos bons da seguinte forma: “Mais ou menos”. A maioria das pessoas ainda trafega pelo terreno do “mais ou menos”, ou seja, comportam-se de forma omissa, apática, sem grandes compromissos com o mundo. E a falta de compromisso com o mundo por parte das pessoas gera a fome, violência, ignorância e todos lamentáveis acontecimentos que grassam na sociedade.

 

Nosso planeta necessita, portanto, de empreendedores do Bem, pessoas dispostas a arregaçar as mangas e contribuir, enfim, gente comprometida com os destinos do mundo. Nada de apatia ou omissão, o mundo precisa de empresários de Deus e, inegavelmente, Sebastião Paiva é um empreendedor do Bem,  autêntico empresário de Deus. A propósito, segundo suas próprias palavras, o que ainda o deixa indignado é a injustiça social. Não podemos perder a capacidade de indignação diante das injustiças, principalmente as de cunho social. No entanto, muita gente confunde indignação com violência, o que não é a mesma coisa. A violência nada resolve, apenas alimenta a baderna, ao passo que a  indignação disciplinada vem em conjunto com a ação. Foi assim que fez Sebastião Paiva. Indignado com a injustiça social passou a combatê-la com a poderosa flor do amor. Os grandes líderes da humanidade eram indignados. Mahatma Gandhi, Luther King, Madre Teresa de Calcutá e tantos outros se utilizaram de sua indignação para mudar a realidade de inúmeras pessoas. Obtiveram sucesso porque foram organizados e não recaíram nas malhas da violência. Não podemos, pois, perder a capacidade de indignação.

Para encerrarmos a matéria de homenagem ao querido “Seo Paiva”, trazemos ao leitor uma curiosidade: ele se tornou espírita após a leitura do livro “Calvário ao Infinito”. O livro Calvário ao Infinito foi psicografado pela médium Zilda Gama e de autoria do Espírito Victor Hugo. Percebemos, portanto, o poder da literatura espírita e a importância de divulgar o Bem e as obras que edificam. Coincidentemente em abril é comemorado o mês do livro espírita, e também, mês do aniversário de Sebastião Paiva. Uma pequena amostra de que o mundo progredirá com educação proveniente da leitura edificante e da ação tão bem representada pela figura de “Seo Paiva”.  


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita