CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Mediunidade e
animismo
Em outro dia
comentei em um
artigo que há de
chegar o dia em
que as
realidades da
vida espiritual
serão coisas tão
corriqueiras
quanto adormecer
e acordar pela
manhã,
transcendendo
definitivamente
esta zona
delicada de
crença e de
descrença na
qual se situam
atualmente, em
obediência aos
atuais patamares
de entendimento
e de alcance
evolutivo da
população
reencarnada no
planeta.
Anseio pela
chegada desta
época, para que
caiam
naturalmente na
inexistência
determinadas
polêmicas que,
nesta zona
limítrofe na
qual
permanecemos,
muito amofinam
os trabalhadores
e simpatizantes
das lides
espíritas – mais
especificamente
os médiuns.
Refiro-me ao
problema dos
efeitos do
animismo
(intervenção do
Espírito do
próprio médium
nas
manifestações
mediúnicas),
inevitavelmente
mesclado em
muitas das
realizações
mediúnicas.
Por experiência
e por estudo, já
li e já
constatei muita
coisa importante
a respeito desta
questão.
Sobretudo, a
necessidade
imperiosa de se
conservarem os
médiuns
inabaláveis, de
dentro daquela
postura
magnífica
ensinada pelo
saudoso mestre
Chico Xavier,
que em alguma
vez, n’algum
lugar, fez
esplêndida
menção ao papel
importante da
borracha –
leia-se
metaforicamente:
humildade – no
trabalho
mediúnico (entre
os quais o
psicográfico),
mantendo-se a
devida clareza
de consciência
no se admitir a
grande margem de
chances de
falhas, nada
obstante toda a
sua alegada
idoneidade.
Eu mesma já
experimentei, se
bem que às
avessas,
vivência
ilustrativa dos
transtornos
decorrentes
desta questão.
Houve ocasião em
que, por excesso
de zelo quanto a
possíveis
indícios de
animismo nos
textos recebidos
do meu mentor
espiritual,
acabei eu mesma,
e por própria
conta, fazendo
uma confusão com
a materialização
do que se
pretendia
transmitir via
linguagem
escrita: por
duas vezes,
alterei
posteriormente
detalhes
circunstanciais
que me pareceram
eventualmente
mal colocados,
para depois ser,
literalmente,
“empurrada” pelo
meu mentor em
direção à
comprovação de
que o que ele
transmitira em
primeiro lugar,
por intermédio
da psicografia,
era, de fato, o
correto – e que
não deveria ter
sofrido
alterações, por
mais que tivesse
me soado
inadequado no
momento da
leitura após o
recebimento das
mensagens, pois
que “em muitas
das vezes as
coisas se
encaixam
posteriormente
como
quebra-cabeças,
do qual não
temos como
adivinhar o
sentido no
início” – como
enfatizou.
É neste ponto
que entra o
aspecto
melindroso
destes episódios
– porque se o
médium não
dispuser de uma
constituição
psicológica e de
um preparo
íntimo robusto,
e da segurança
proporcionada
por um percurso
salutar através
do estudo
aprofundado da
Doutrina, e da
experiência
obediente aos
necessários
cuidados
sugeridos pela
Espiritualidade
assistente dos
trabalhos e
iniciativas
realmente sérios
neste terreno,
arrisca-se a
imergir naquele
doentio e
improdutivo
esmorecimento
das melhores
convicções e
intenções,
mergulhando-se,
voluntariamente,
em desânimo – e,
nos piores
casos,
abandonando a
mais nobre das
causas de
esclarecimento e
de auxílio ao
desenvolvimento
do espírito
humano.
Deixando-a à
míngua, nestas
ocasiões, de um
trabalhador
antes valoroso e
empenhado na
seara espírita,
mais do que
nunca precisada,
nos tempos
turbulentos em
que vivemos, de
cooperadores
generosos e
grandes em
espírito e em
coragem para
desbravar novos
caminhos em
direção ao mundo
de maiores luzes
íntimas, com o
qual todos nós
sonhamos.
Salvo raras
almas
refulgentes em
evolução
espiritual que
nos honraram com
sua presença na
face corpórea do
orbe, somando
temporariamente
aos nossos
modestos
esforços a
manifestação do
seu amor sem
limites para com
a humanidade,
poucos são os
médiuns de fato
isentos das
idiossincrasias
por vezes
indesejáveis
deste trabalho
tão singular na
materialidade.
Imprescindível,
portanto, a
retomada diária
da consciência
de que, nestes
misteres, somos
todos passíveis
de falhas, como
meros
instrumentos
imperfeitos de
transmissão e
intercessão
daqueles amigos
da vida
invisível que,
por intermédio
de recursos
infinitamente
mais eficientes,
operam em favor
do nosso sucesso
nas provas e no
aprendizado
empreendido
durante o
estágio na vida
física. Mas de
modo algum isto
deve abrir
precedente a uma
postura
derrotista e à
derrocada malsã
de todo um
projeto de vida
traçado ainda na
invisibilidade,
na maioria das
vezes, por um
agrupamento
numeroso e
valoroso de
almas empenhadas
num bem maior em
prol de mais de
um envolvido.
Contar com
escolhos na
trajetória, e
aprender a
contorná-los,
sem comprometer
e invalidar as
metas do
trabalho no meio
espírita, é o
grande desafio
de menores e
maiores agentes
das lides
mediúnicas,
mantendo em
mente que se
Jesus, o
Emissário sem
máculas, sofreu
tamanha mostra
de despreparo
dos povos
daquelas épocas
para assimilarem
a divina
envergadura da
Sua Mensagem
para o mundo,
quanto mais a
nós, humildes
operários
vacilantes nos
próprios passos,
cabe a obrigação
de nos
conscientizarmos
do tanto de
aprendizado que
cada erro nos
proporciona para
a execução
futura de uma
missão
progressivamente
melhorada e mais
exata, em favor
da lucificação
de consciências
e da sublimação
do espírito
humano.