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Clássicos do Espiritismo
Ano 3 - N° 121 – 23 de Agosto de 2009

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

O Porquê da Vida

  Léon Denis

 (Parte 13 e final)

 
Concluímos nesta edição o estudo do clássico O Porquê da Vida, focalizando a parte final da novela Giovana. A fonte deste estudo foi a 14ª edição do livro, publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Que fato causou o falecimento de Giovana Speranzi?

R.: Foi uma epidemia de tifo, que atingiu quase todos os habitantes de Gravedona e de Domaso. Em poucos dias, a doença deixou muitas casas vazias e, como era previsível, não poupou os Gerosi. Primeiro foi Marta, depois a filha. Como os médicos eram poucos, as habitações acabavam sendo abandonadas pelas famílias atingidas pelo flagelo, ficando muitos doentes sozinhos no próprio lar. O tifo atingiu também Giovana, que pouco depois expirou nos braços de Maurício. (O Porquê da Vida, pp. 155 e 156.)

B. Em que circunstância Giovana apareceu ao seu noivo?

R.: Em certa noite, ligeiro farfalhar fez-se ouvir atrás de onde Maurício estava. Ele voltou-se e nada viu. Perto da chaminé havia um piano e, de repente, ouviram-se sons saídos do móvel, que se encontrava hermeticamente fechado. Era uma ária de Mignon, a predileta de Giovana, que ela gostava de tocar à tarde, depois do jantar. Maurício se emocionou; seus olhos se encheram de lágrimas, mas o banco do pianista permanecia vazio. Ele retornou então para o seu lugar e viu que uma sombra branca ocupava a poltrona que ele há pouco deixara. Era Giovana que voltava do além-túmulo, a exibir-lhe os mesmos olhos, os mesmos cabelos louros, a mesma boca sorridente e o mesmo talhe esbelto. (Obra citada, pp. 162 e 163.) 

C. Que é preciso fazer para evoluirmos e, desse modo, galgarmos mundos mais elevados?

R.: Uma lição nesse sentido foi dada por Giovana ao querido noivo: “Se queres que esta existência terrestre seja a última para ti, se queres que ao sair dela sejamos reunidos para nunca mais nos separarmos, consagra tua vida a teus irmãos, ensina-lhes a verdade. Dize-lhes que o fim da existência não é adquirir bens efêmeros, mas esclarecer a inteligência, purificar  o coração, elevar-se para Deus. Revela-lhes as grandes leis do Universo, a ascensão dos Espíritos para a perfeição. Ensina-lhes as vidas múltiplas e solidárias, os mundos inumeráveis, as humanidades irmãs. Mostra-lhes a harmonia moral que rege o infinito”. “Deixa após ti as sombras da matéria, as más paixões; dá a todos o exemplo do sacrifício, do trabalho, da virtude. Tem confiança na divina justiça. Fita a  todo o momento a luz longínqua que ilumina o alvo, o alvo supremo, que deve reunir-nos no amor, na felicidade.” (Obra citada, pág. 164.) 

Texto para leitura 

158. Uma epidemia de tifo baixara às margens do lago e quase todos os habitantes de Gravedona e de Domaso foram atingidos sucessivamente. Em poucos dias, a doença deixou muitas casas vazias e, como era previsível, não poupou os Gerosi. Primeiro foi Marta, depois a filha. Como os médicos eram poucos, as habitações acabavam sendo abandonadas pelas famílias atingidas pelo flagelo, ficando muitos doentes sozinhos no próprio lar. (P. 155)

159. As lamentações que ressoavam por toda parte arrancaram Giovana de seu sossego, de sua ventura. Desprezando o perigo e surda às súplicas de Maurício, repartiu desde então o tempo entre os infelizes abandonados. O noivo seguiu-lhe o exemplo. Um mês inteiro Giovana passou à cabeceira dos moribundos, e muitos, como Marta e a filha, expiraram à sua vista. (P. 156)

160. Tantas fadigas e emoções prostraram a jovem. O tifo também a atingiu, e Giovana, em pouco tempo, expirou nos braços do noivo querido, que se conservou junto dela desde que despontou o primeiro sinal da doença. A alma daquele anjo voltava, desse modo, para Aquele que a havia criado. (PP. 155 e 156)

161. Maurício, esmagado pela dor, parecia estar embriagado. Suas lágrimas, não podendo rebentar, recaíam sobre o seu coração e o afogavam em ondas de um desespero feroz. “Que cruel Deus é este – pensava ele – que se diverte assim com o nosso coração! Ter mostrado a felicidade, ter feito tocá-la, para a arrebatar no mesmo instante!” (P. 158)

162. Realizado o sepultamento, Maurício ficou só diante da sepultura da noiva. Então seu coração despedaçou-se, e ele se lançou por terra, estendendo os braços em cima da morta, enquanto um soluço se avolumava no seu peito e uma torrente de lágrimas corria dos seus olhos... (PP. 160 e 161)

163. Chegou o inverno, e o mesmo desgosto do passado invadira a mente de Maurício, envolvido seriamente por ideias de suicídio, que germinavam no íntimo dos seus pensamentos. Na verdade, o rapaz se comprazia nessa obscuridade cada vez mais completa, visto não achar na vida uma razão para viver. (P. 162)

164. Uma noite, porém, ligeiro farfalhar fez-se ouvir atrás de onde ele estava. Maurício voltou-se e nada viu. Perto da chaminé havia um piano e, de repente, ouviram-se sons saídos do móvel, que se encontrava hermeticamente fechado. Era uma ária de Mignon, a predileta de Giovana, que ela gostava de tocar à tarde, depois do jantar. Maurício se emocionou; seus olhos se encheram de lágrimas, mas o banco do pianista permanecia vazio. Ele retornou então para o seu lugar e viu que uma sombra branca ocupava a poltrona que ele há pouco deixara. (P. 162)

165. Era Giovana que voltava do além-túmulo, a exibir-lhe os mesmos olhos, os mesmos cabelos louros, a mesma boca sorridente e o mesmo talhe esbelto. E uma voz suave e conhecida fez vibrar os ares: “Amigo, nada receies, sou eu mesma, não tentes tocar-me, não sou mais que um Espírito”. Maurício ajoelhou-se e, chorando, indagou: “Ó meu anjo, ó minha noiva, és tu, então?” “Sim, sou tua noiva, tua muito antes desta vida. Escuta, um laço eterno nos une. Nós nos conhecemos há séculos, temos vivido lado a lado sobre muitas plagas, temos percorrido muitas existências.” (PP. 162 e 163)

166. “A primeira vez que te encontrei na Terra -- informou Giovana --, era eu bem fraca, bem tímida e a vida então era dura. Tu me tomaste pela mão, me serviste de apoio; desde esse momento, não nos deixamos mais. Sempre seguíamos um ao outro em nossas vidas materiais, andando no mesmo caminho, amando-nos, sustentando-nos um ao outro. Metido em combates, em empresas guerreiras, tu não podias realizar os progressos necessários para que teu Espírito livre, purificado, pudesse deixar este mundo grosseiro. Deus quis experimentar-te;  separou-nos. Eu podia elevar-me para outras esferas mais felizes, enquanto que tu devias prosseguir sozinho a tua prova aqui embaixo. Preferi, porém, esperar-te no espaço. Efetuaste duas existências desde então e, durante seu curso, testemunha invisível de teus pensamentos, não cessei de velar por ti.” (P. 163)

167. “Cada vez que a morte arrancava tua alma à matéria, tu me reencontravas e o desejo de te elevares fazia-te retomar com mais ardor o fardo da encarnação. Desta vez eu também pedi, tanto supliquei ao Senhor, que ele me permitiu voltar à Terra, tomar aí um corpo e ser uma voz para ensinar-te o bem, a verdade.”  Dito isto, Giovana ainda disse muitas coisas ao noivo amado, e, no final, encorajou-o a persistir na luta, afirmando: “Se queres que esta existência terrestre seja a última para ti, se queres que ao sair dela sejamos reunidos para nunca mais nos separarmos, consagra tua vida a teus irmãos, ensina-lhes a verdade. Dize-lhes que o fim da existência não é adquirir bens efêmeros, mas esclarecer a inteligência, purificar  o coração, elevar-se para Deus. Revela-lhes as grandes leis do Universo, a ascensão dos Espíritos para a perfeição. Ensina-lhes as vidas múltiplas e solidárias, os mundos inumeráveis, as humanidades irmãs. Mostra-lhes a harmonia moral que rege o infinito”. “Deixa após ti as sombras da matéria, as más paixões; dá a todos o exemplo do sacrifício, do trabalho, da virtude. Tem confiança na divina justiça. Fita a  todo o momento a luz longínqua que ilumina o alvo, o alvo supremo, que deve reunir-nos no amor, na felicidade.” (P. 164)

168. Diz o autor desta novela ter encontrado Maurício Ferrand, alguns anos atrás, em uma grande cidade, além dos Alpes. Ele havia começado a sua obra. Pela pena, pela palavra, trabalhava para derramar esta doutrina conhecida pelo nome de Espiritismo. Os sarcasmos e zombarias choviam sobre ele de todas as partes. Céticos, devotos, indiferentes uniam-se todos para o abaterem. Ele, porém, calmo, resignado, não perseverava menos em sua tarefa. (P. 165)

169. A tudo isso respondia Maurício, confiante: “Que me importa o desdém destes homens? Dia virá em que as provas os obrigarão a compreender que esta vida não é tudo, e pensarão em Deus, em seu futuro esplendoroso. Pode ser que então se recordem do que lhes digo. A semente neles lançada poderá germinar. E, além disso, acrescentou, fitando o Espaço -- e uma lágrima brilhou em seus olhos --, o que eu faço é para obedecer àqueles que me amam, é para aproximar-me deles”. (P. 165)

 

- Fim -
 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita