ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
O Porquê da Vida
Léon
Denis
(Parte
13 e final)
Concluímos nesta edição o
estudo do clássico O
Porquê da Vida,
focalizando a parte
final da novela Giovana.
A fonte deste estudo foi a
14ª edição do livro,
publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Que fato causou o
falecimento de Giovana
Speranzi?
R.: Foi uma epidemia de
tifo, que atingiu quase
todos os habitantes de
Gravedona e de Domaso.
Em poucos dias, a doença
deixou muitas casas
vazias e, como era
previsível, não poupou
os Gerosi. Primeiro foi
Marta, depois a filha.
Como os médicos eram
poucos, as habitações
acabavam sendo
abandonadas pelas
famílias atingidas pelo
flagelo, ficando muitos
doentes sozinhos no
próprio lar. O tifo
atingiu também Giovana,
que pouco depois expirou
nos braços de Maurício.
(O Porquê da Vida, pp.
155 e 156.)
B. Em que circunstância
Giovana apareceu ao seu
noivo?
R.: Em certa noite,
ligeiro farfalhar fez-se
ouvir atrás de onde
Maurício estava. Ele
voltou-se e nada viu.
Perto da chaminé havia
um piano e, de repente,
ouviram-se sons saídos
do móvel, que se
encontrava
hermeticamente fechado.
Era uma ária de Mignon,
a predileta de Giovana,
que ela gostava de tocar
à tarde, depois do
jantar. Maurício se
emocionou; seus olhos se
encheram de lágrimas,
mas o banco do pianista
permanecia vazio. Ele
retornou então para o
seu lugar e viu que uma
sombra branca ocupava a
poltrona que ele há
pouco deixara. Era
Giovana que voltava do
além-túmulo, a
exibir-lhe os mesmos
olhos, os mesmos cabelos
louros, a mesma boca
sorridente e o mesmo
talhe esbelto.
(Obra citada, pp. 162 e
163.)
C. Que é preciso fazer
para evoluirmos e, desse
modo, galgarmos mundos
mais elevados?
R.: Uma lição nesse
sentido foi dada por
Giovana ao querido
noivo: “Se queres que
esta existência
terrestre seja a última
para ti, se queres que
ao sair dela sejamos
reunidos para nunca mais
nos separarmos, consagra
tua vida a teus irmãos,
ensina-lhes a verdade.
Dize-lhes que o fim da
existência não é
adquirir bens efêmeros,
mas esclarecer a
inteligência, purificar
o coração, elevar-se
para Deus. Revela-lhes
as grandes leis do
Universo, a ascensão dos
Espíritos para a
perfeição. Ensina-lhes
as vidas múltiplas e
solidárias, os mundos
inumeráveis, as
humanidades irmãs.
Mostra-lhes a harmonia
moral que rege o
infinito”. “Deixa após
ti as sombras da
matéria, as más paixões;
dá a todos o exemplo do
sacrifício, do trabalho,
da virtude. Tem
confiança na divina
justiça. Fita a todo o
momento a luz longínqua
que ilumina o alvo, o
alvo supremo, que deve
reunir-nos no amor, na
felicidade.”
(Obra citada, pág. 164.)
Texto para leitura
158. Uma epidemia de
tifo baixara às margens
do lago e quase todos os
habitantes de Gravedona
e de Domaso foram
atingidos
sucessivamente. Em
poucos dias, a doença
deixou muitas casas
vazias e, como era
previsível, não poupou
os Gerosi. Primeiro foi
Marta, depois a filha.
Como os médicos eram
poucos, as habitações
acabavam sendo
abandonadas pelas
famílias atingidas pelo
flagelo, ficando muitos
doentes sozinhos no
próprio lar. (P. 155)
159. As lamentações que
ressoavam por toda parte
arrancaram Giovana de
seu sossego, de sua
ventura. Desprezando o
perigo e surda às
súplicas de Maurício,
repartiu desde então o
tempo entre os infelizes
abandonados. O noivo
seguiu-lhe o exemplo. Um
mês inteiro Giovana
passou à cabeceira dos
moribundos, e muitos,
como Marta e a filha,
expiraram à sua vista.
(P. 156)
160. Tantas fadigas e
emoções prostraram a
jovem. O tifo também a
atingiu, e Giovana, em
pouco tempo, expirou nos
braços do noivo querido,
que se conservou junto
dela desde que despontou
o primeiro sinal da
doença. A alma daquele
anjo voltava, desse
modo, para Aquele que a
havia criado. (PP. 155 e
156)
161. Maurício, esmagado
pela dor, parecia estar
embriagado. Suas
lágrimas, não podendo
rebentar, recaíam sobre
o seu coração e o
afogavam em ondas de um
desespero feroz. “Que
cruel Deus é este –
pensava ele – que se
diverte assim com o
nosso coração! Ter
mostrado a felicidade,
ter feito tocá-la, para
a arrebatar no mesmo
instante!” (P. 158)
162. Realizado o
sepultamento, Maurício
ficou só diante da
sepultura da noiva.
Então seu coração
despedaçou-se, e ele se
lançou por terra,
estendendo os braços em
cima da morta, enquanto
um soluço se avolumava
no seu peito e uma
torrente de lágrimas
corria dos seus olhos...
(PP. 160 e 161)
163. Chegou o inverno, e
o mesmo desgosto do
passado invadira a mente
de Maurício, envolvido
seriamente por ideias de
suicídio, que germinavam
no íntimo dos seus
pensamentos. Na verdade,
o rapaz se comprazia
nessa obscuridade cada
vez mais completa, visto
não achar na vida uma
razão para viver. (P.
162)
164. Uma noite, porém,
ligeiro farfalhar fez-se
ouvir atrás de onde ele
estava. Maurício
voltou-se e nada viu.
Perto da chaminé havia
um piano e, de repente,
ouviram-se sons saídos
do móvel, que se
encontrava
hermeticamente fechado.
Era uma ária de Mignon,
a predileta de Giovana,
que ela gostava de tocar
à tarde, depois do
jantar. Maurício se
emocionou; seus olhos se
encheram de lágrimas,
mas o banco do pianista
permanecia vazio. Ele
retornou então para o
seu lugar e viu que uma
sombra branca ocupava a
poltrona que ele há
pouco deixara. (P. 162)
165. Era Giovana que
voltava do além-túmulo,
a exibir-lhe os mesmos
olhos, os mesmos cabelos
louros, a mesma boca
sorridente e o mesmo
talhe esbelto. E uma voz
suave e conhecida fez
vibrar os ares: “Amigo,
nada receies, sou eu
mesma, não tentes
tocar-me, não sou mais
que um Espírito”.
Maurício ajoelhou-se e,
chorando, indagou: “Ó
meu anjo, ó minha noiva,
és tu, então?” “Sim, sou
tua noiva, tua muito
antes desta vida.
Escuta, um laço eterno
nos une. Nós nos
conhecemos há séculos,
temos vivido lado a lado
sobre muitas plagas,
temos percorrido muitas
existências.” (PP. 162 e
163)
166. “A primeira vez que
te encontrei na Terra --
informou Giovana --, era
eu bem fraca, bem tímida
e a vida então era dura.
Tu me tomaste pela mão,
me serviste de apoio;
desde esse momento, não
nos deixamos mais.
Sempre seguíamos um ao
outro em nossas vidas
materiais, andando no
mesmo caminho,
amando-nos,
sustentando-nos um ao
outro. Metido em
combates, em empresas
guerreiras, tu não
podias realizar os
progressos necessários
para que teu Espírito
livre, purificado,
pudesse deixar este
mundo grosseiro. Deus
quis experimentar-te;
separou-nos. Eu podia
elevar-me para outras
esferas mais felizes,
enquanto que tu devias
prosseguir sozinho a tua
prova aqui embaixo.
Preferi, porém,
esperar-te no espaço.
Efetuaste duas
existências desde então
e, durante seu curso,
testemunha invisível de
teus pensamentos, não
cessei de velar por ti.”
(P. 163)
167. “Cada vez que a
morte arrancava tua alma
à matéria, tu me
reencontravas e o desejo
de te elevares fazia-te
retomar com mais ardor o
fardo da encarnação.
Desta vez eu também
pedi, tanto supliquei ao
Senhor, que ele me
permitiu voltar à Terra,
tomar aí um corpo e ser
uma voz para ensinar-te
o bem, a verdade.” Dito
isto, Giovana ainda
disse muitas coisas ao
noivo amado, e, no
final, encorajou-o a
persistir na luta,
afirmando: “Se queres
que esta existência
terrestre seja a última
para ti, se queres que
ao sair dela sejamos
reunidos para nunca mais
nos separarmos, consagra
tua vida a teus irmãos,
ensina-lhes a verdade.
Dize-lhes que o fim da
existência não é
adquirir bens efêmeros,
mas esclarecer a
inteligência, purificar
o coração, elevar-se
para Deus. Revela-lhes
as grandes leis do
Universo, a ascensão dos
Espíritos para a
perfeição. Ensina-lhes
as vidas múltiplas e
solidárias, os mundos
inumeráveis, as
humanidades irmãs.
Mostra-lhes a harmonia
moral que rege o
infinito”. “Deixa após
ti as sombras da
matéria, as más paixões;
dá a todos o exemplo do
sacrifício, do trabalho,
da virtude. Tem
confiança na divina
justiça. Fita a todo o
momento a luz longínqua
que ilumina o alvo, o
alvo supremo, que deve
reunir-nos no amor, na
felicidade.” (P. 164)
168. Diz o autor desta
novela ter encontrado
Maurício Ferrand, alguns
anos atrás, em uma
grande cidade, além dos
Alpes. Ele havia
começado a sua obra.
Pela pena, pela palavra,
trabalhava para derramar
esta doutrina conhecida
pelo nome de
Espiritismo. Os
sarcasmos e zombarias
choviam sobre ele de
todas as partes.
Céticos, devotos,
indiferentes uniam-se
todos para o abaterem.
Ele, porém, calmo,
resignado, não
perseverava menos em sua
tarefa. (P. 165)
169. A tudo isso
respondia Maurício,
confiante: “Que me
importa o desdém destes
homens? Dia virá em que
as provas os obrigarão a
compreender que esta
vida não é tudo, e
pensarão em Deus, em seu
futuro esplendoroso.
Pode ser que então se
recordem do que lhes
digo. A semente neles
lançada poderá germinar.
E, além disso,
acrescentou, fitando o
Espaço -- e uma lágrima
brilhou em seus olhos
--, o que eu faço é para
obedecer àqueles que me
amam, é para
aproximar-me deles”. (P.
165)
- Fim -