52 anos sem
Leopoldo
Machado
Foi num mês de agosto
que desencarnou Leopoldo
Machado, um dos maiores
divulgadores da história
do Espiritismo no Brasil
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Leopoldo Machado de
Souza Barbosa, nascido
em Cepa Forte -
atualmente Jandaíra
(BA) - em 30 de setembro
de 1891, faleceu em Nova
Iguaçu (RJ) em 22 de
agosto de 1957, um mês
antes de completar 66
anos de idade.
Filho de Eulálio de
Souza e Anna Izabel
Machado Barbosa, foi
irmão de João Leopoldino,
José de Calazans,
Reginaldo, Emílio e
Leopoldina, a caçula da
casa. Sua esposa foi
Marília Ferraz de
Almeida, mais conhecida
no meio espírita como
Marília Barbosa.
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Leopoldo nasceu
paupérrimo e
desde cedo
dedicou-se ao
auxílio do lar,
quer no aspecto
moral, quer no
afetivo ou
econômico. Aos
doze anos, com o
pai ausente,
tornou-se o
chefe da casa e
tal era seu
senso de
responsabilidade,
seu amor ao
trabalho e à
família, que sua
mãe e seus
irmãos lhe
obedeciam,
embora fosse
dentre eles o
mais moço.
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Dessa idade até o fim da
vida jamais se separou
da mãe. Ótimo filho e
ótimo irmão, foi também
ótimo esposo. Quando
contava dezenove anos de
idade, seu pai, político
no interior da Bahia,
que havia fugido devido
a perseguições
políticas, voltou ao lar
e deu-lhe então uma
irmãzinha, a única que
teve e a quem criou e
educou e de quem nunca
se separou.
Em 1929, mudou-se com a
esposa para o município
de Nova Iguaçu, no
estado do Rio de
Janeiro, onde inaugurou,
em 1º de fevereiro de
1930, o Colégio
Leopoldo, primeira
instituição regular de
ensino da cidade, por
ele fundada, ao lado da
esposa e da irmã.
Ali, além do trabalho na
área da educação,
escreveu diversas obras,
especialmente sobre
Espiritismo, religião da
qual foi um dos maiores
divulgadores.
Leopoldo foi, além de
professor,
poeta, jornalista,
prosador, teatrólogo e
polemista.
Realizou a primeira
Festa Nacional do Livro
Espírita e foi o
idealizador das chamadas
mocidades espíritas, que
visavam a estimular a
participação e a
formação dos jovens no
movimento espírita.
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Foto
histórica do
1º Congresso de
Mocidades e Juventudes Espíritas do
Brasil |
Promoveu o 1º Congresso
de Mocidades e
Juventudes Espíritas do
Brasil, realizado em
julho de 1948 no Rio de
Janeiro, bem como a
criação do Conselho
Consultivo de Mocidades
Espíritas. Foi também um
dos idealizadores das
chamadas Semanas
Espíritas.
Pioneiro do ensino em
Paraíba do Sul, fundou
ali, em 1927, a primeira
Escola Normal no
interior, no Colégio
Nacional.
Foi membro da geração
Trianon, que se reunia
na praça Tiradentes para
discutir, escrever e
compor.
A Caravana da
Fraternidade foi por ele
idealizada
Em 25 de dezembro de
1940 fundou, com sua
esposa, o Lar de Jesus e
o albergue noturno Allan
Kardec, edificado nos
fundos do Centro
Espírita Fé, Esperança e
Caridade, do qual foi
presidente por vinte
anos. É dessa época
também a criação da
escola João Batista,
hoje desativada.
Foi o incentivador e um
dos responsáveis pela
criação da Associação de
Caridade Hospital
Iguaçu.
Orador espírita de
grande talento, foi um
trabalhador incansável
pelo movimento de
Unificação Espírita e
idealizador da conhecida
Caravana da
Fraternidade, quando
percorreu diversas
regiões do país com
vistas ao fortalecimento
do trabalho de
unificação. O esforço
despendido nessa viagem
foi muito grande e,
devido a isso, a partir
daí sua saúde não mais
voltou a ser a mesma,
levando-o a reduzir
drasticamente suas
atividades por
recomendação médica.
A Leopoldo se deve o uso
da palavra Lar na
identificação das casas
de amparo à infância e à
velhice em lugar do
termo orfanato ou asilo,
comuns na época.
Membro e fundador da
Arcádia Iguaçuana de
Letras, na qual ocupou a
cadeira nº 1, defendeu a
tese “Caxias um Eminente
Iguaçuano”, que seria
seu último trabalho.
Assinou obras literárias
com vários pseudônimos,
dentre os quais se
destacam: Pio D’Alvarez
ou Pio d’Alva. Leontina
Maria, Lima de Madureira
e Jeuville Oliver.
Os livros publicados por
Leopoldo trataram de
gêneros diversos. Eis as
obras de sua autoria:
Poesias: Meus
Últimos Versos, Ideias,
Iluminação e Guerra ao
Farisaísmo.
Contos: Prosa de
Caliban, Consciência,
Para a Frente e Para o
Alto.
Viagens: Ide e
Pregai, Caravana da
Fraternidade.
Teatro: Teatro
Espiritualista, Teatro
Espiritualista II,
Teatro da Mocidade.
Polêmica: Julga o
Leitor por Ti Mesmo,
Sensacional Polêmica,
Pigmeus Contra Gigantes
e Doutrina Inglória.
Biografias e
Impressões gerais: Graças
sobre Graças e Uma
Grande Vida, sobre
Cairbar Schutel.
Teses: Das
Responsabilidades dos
Espíritas do Brasil e O
Espiritismo é obra de
educação.
Estudos: Nada
Lhe é no Momento Maior,
O Natal dos Cristãos
Novos, Observações e
Sugestões, Cruzada do
Espiritismo de Vivos,
Cientismo e Espiritismo
e Brasil, Berço da
Humanidade.
“O jequitibá enfim
tombou”, disse um dos
seus amigos
O dito
popular afirma que "só
se atira pedra em árvore
que dá fruto".
Com ele não foi
diferente. Bom orador,
bom escritor, polemista,
um colégio caminhando a
passos largos,
benemérito na
comunidade, produzindo
muito, provocou muitas
invejas.
Faleceu no Lar de Jesus,
na noite de 22 de
agosto. Na manhã deste
dia, como se previsse
que era seu último dia,
mandou chamar o diretor
técnico do Colégio
Leopoldo e pediu-lhe:
“Não transformem nunca
meu Colégio em balcão de
ensino. Transformem-no
antes em hospital.
Nunca, nunca, em balcão
de ensino”.
Seu corpo foi velado no
Auditório do Colégio
Leopoldo.
Cobriam sua urna as
bandeiras do Lar de
Jesus, do Colégio
Leopoldo e da Arcádia
Iguaçuana de Letras.
Nenhuma casa comercial
ficou aberta.
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Cortejo
pelas ruas
de Nova
Iguaçu,
segurando a
urna à
esquerda,
José
Marques,
Waldemiro
Pereira e
Simpliciano.
À direita, o
professor
Newton de
Barros |
A multidão silenciosa
estava triste e seu número aumentava
cada vez mais. Todas as correntes
políticas se fizeram representar,
católicos, espíritas, protestantes.
Todos os colégios particulares e muitas
escolas públicas deram também seu último
adeus ao estimado professor e vários
oradores falaram à descida de sua urna.
Depois do toque de
silêncio por um militar,
foi sepultado o homem
que trouxe para a região
do Recôncavo
Fluminense o
teatro, a instrução
musical, o esporte de
quadra e o olímpico, as
festas juninas
escolares, as tertúlias,
a instrução oficial, sua
religião, a primeira
instituição regular e
oficial de amparo à
criança, e tantas outras
iniciativas.
“Era o tombo do
jequitibá” como
dissera o amigo José
Antonio Marques. |