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Joias da poesia contemporânea
Ano 3 - N° 122 – 30 de Agosto de 2009
 

 

Esquife do sonho


Antônio Torres

 

Tive um Sonho de Amor e de Inocência,

Cheio de luz das coisas invulgares,

Do qual perdi a luminosa essência

Na cristalização dos meus pesares.

 

Tarde reconheci minha falência,

Terminados os múltiplos azares

De minha quase inútil existência,

No silêncio das cinzas tumulares.

 

E da Morte, no abismo indefinido,

Tombei exausto, amargurado e cego,

— Abismo tenebroso que eu transponho.

 

Infeliz do meu ser irredimido,

Pois triste e atordoado inda carrego

O negro esquife do meu próprio sonho.

 

 
 

Antônio Torres nasceu em Diamantina (MG) em 1885 e faleceu em 1934 na cidade de Hamburgo, como cônsul adjunto do Brasil. Ordenou-se sacerdote, mas abandonou mais tarde a profissão ecle­siástica. Foi poeta e escritor. O soneto acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier.




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita