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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 122 - 30 de Agosto de 2009

LUIZ PESSOA GUIMARÃES
guimaraes.pessoa.luiz@gmail.com
Piracicaba, São Paulo (Brasil) 

  

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”


A compreensão desta passagem implica o estudo e conhecimento prévio do Salmo 22. Neste Salmo, vemos o médium (Davi) descrevendo com suas palavras e sentimentos a visão profética do evento da Crucificação, algumas dezenas de séculos antes da ocorrência do mesmo.

No Salmo 22, v. 1, são estas as expressões do Salmista: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?, por que te alongas das palavras do meu bramido, e não me auxilias”; v. 16 “…. traspassaram-me as mãos e os pés”; v. 18 “Repartem entre si os meus vestidos, e lançam sortes sobre a minha túnica”. Aqui estão registradas as impressões do médium diante de sua visão: o Filho de Deus enviado ao mundo para salvar o povo de Deus, sendo morto na cruz. Deus o desamparou e em consequência conseguiram matá-lo. Deus não conseguiu evitar e a expressão foi a decepção de Davi em função daquilo que ele via, um profeta sendo desamparado por Deus: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Palavras de Davi procurando interpretar o sentimento do profeta que estaria sendo crucificado. 

Nos Evangelhos de Mateus 27, v. 46, e Marcos 15, v. 4, temos o registro da expressão “Meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?”. Nos Evangelhos de Lucas 23, v. 46, e João 19, v. 30, não há o registro desta expressão. Nos quatro evangelhos, Mateus 27, v. 35; Marcos 15, v. 24; Lucas 23, v. 34 e João 19, v. 24, são registradas as cenas referentes à disputa da túnica pelos soldados romanos, confirmando a visão profética do médium Davi. 

Jesus já em outras ocasiões evocara a Escritura, pois se utilizava dos valores e referências judaicas, a Lei, a Escritura, O Tanach. Em João 10, v. 33 a 36, “Os Judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Pois se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada). Àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas porque disse: Sou Filho de Deus?,” referindo-se ao Salmo 82,v. 6.  

Portanto, Jesus recitou o Salmo 22, que profetizou, descreveu o término da sua Missão; na visão do médium Davi que interpretou a cena a que assistia e como estaria se sentindo Jesus que na sua avaliação estaria sendo abandonado por Deus; como outras partes da Escritura haviam previsto seu nascimento e várias passagens da sua Missão. 

Não poderíamos deixar de lembrar ao final deste artigo, segundo o Espiritismo, as palavras de Kardec na introdução de A Gênese: “Generalidade e concordância no ensino, esse o caráter essencial da doutrina, a condição mesma da sua existência, donde resulta que todo o princípio que ainda não haja recebido a consagração do controle da generalidade não pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina. Será uma simples opinião isolada, da qual não pode o Espiritismo assumir a responsabilidade”. 

Posto isto, enfatizamos, esta é a nossa visão do assunto; existem outras. Nenhuma delas representa ainda a visão do Espiritismo sobre o assunto, porque falta a consagração do controle da generalidade. Nossa colaboração visa unicamente, tentar cooperar para que algum dia haja esta consagração sobre este tema. 

 

Referência:

A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Imprensa Bíblica Brasileira. 14. Impressão, 1962.
 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita