ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Evolução Anímica
Gabriel
Delanne
(Parte 3)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do clássico A
Evolução Anímica,
que será aqui estudado
em 17 partes.
A fonte do estudo é a
8ª edição do livro,
baseada em tradução de
Manoel Quintão publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Que é que os corpos
orgânicos têm que não
existe nos inorgânicos?
R.: O que existe nos
corpos orgânicos, que
não apenas fabrica mas
repara os órgãos, é a
força vital, que rege
todos os fenômenos
vitais e dá
irritabilidade às partes
contráteis de animais e
plantas.
(A Evolução Anímica,
pp. 33 e 34.)
B. É a força vital que
dá a forma
característica dos
indivíduos?
R.: Não. A força vital
não basta, por si só,
para explicar a forma
característica dos
indivíduos e tampouco
justifica a hierarquia
sistematizada de todos
os órgãos e sua sinergia
em função de um esforço
comum, visto serem eles
ao mesmo tempo autônomos
e solidários.
(Obra citada, pág. 38.)
C. Que é então que dá a
forma que caracteriza os
indivíduos?
R.: É o perispírito, que
contém o desenho prévio,
a lei que servirá de
regra inflexível ao novo
organismo e que lhe
assinará o lugar na
escala morfológica,
segundo o grau de sua
evolução. Possui ele as
leis organogênicas,
mantenedoras de fixidez
do organismo, malgrado
as constantes mutações
moleculares.
(Obra citada, pp. 38 e
39.)
Texto para leitura
23. O meio líquido que
banha as células deve
conter certas
substâncias
indispensáveis à sua
nutrição, a saber: 1o.
- Substâncias
nitrogenadas, nas quais
entram nitrogênio,
carbono, oxigênio e
hidrogênio – as
proteínas. 2o.
- Substâncias ternárias,
ou seja, compostas de
carbono, oxigênio e
hidrogênio – os
carboidratos e os
lipídios. 3o.
- Substâncias minerais,
como os fosfatos, a cal,
o sal etc. Essas
três espécies de
substâncias, quaisquer
que sejam as formas de
que se revistam, são
indispensáveis ao
entretenimento da vida.
Com elas o organismo
fabrica tudo o que lhe
aproveita à vida do
corpo.
(N.R.: Não se usa hoje o
vocábulo
azoto, substituído
por um outro bem
conhecido - o
nitrogênio.)
(Pág. 30)
24. Deve-se assinalar
que as ações físicas ou
químicas em jogo são as
mesmas que operam na
natureza inorgânica. O
que varia são os
processos postos em
ação. Em todos os graus
da escala dos seres
vivos, as operações de
digestão e respiração
são as mesmas; o que
difere são os aparelhos
convocados a produzir
tais resultados.
Idêntico é também o modo
de reprodução dos seres
vivos, e essa notável
similitude de
funcionamento orgânico
prende-se à
circunstância de deverem
todas as suas
propriedades a um
elemento comum – o
protoplasma, o conteúdo
celular vivo, que
constitui a parte
essencial das células e
é o agente de todas as
reconstituições
orgânicas, de todos os
fenômenos íntimos de
nutrição. (Págs. 31 e
32)
25. Todos esses fatos
demonstram o grande
plano unitário da
Natureza, cuja divisa é
unidade na
diversidade, de
sorte que do emprego dos
mesmos processos
fundamentais resulta uma
variação infinita, que
estabelece a fecundidade
inesgotável das suas
concepções, de par com a
unidade da vida.
(Págs. 32 e 33)
26. Tem a vida um modo
especial de proceder,
para manter o seu
funcionamento; existe no
ser organizado algo
inexistente nos corpos
inorgânicos, algo
operante e que não só
fabrica como repara os
órgãos. A esse algo
chamamos força vital.
Essa força, que rege
todos os fenômenos
vitais, dá
irritabilidade às partes
contráteis de animais e
plantas, ou seja, a
propriedade de serem
afetadas pelos
irritantes exteriores.
(Págs. 33 e 34)
27. Tudo o que tem vida
nasce, cresce e morre.
Eis um fato geral que
quase não padece
exceção: dizemos quase
porque organismos
inferiores, como as
moneras, que são uma
simples célula, jamais
se destroem, a não ser
acidentalmente.
Mas, por que se morre?
Dizer que é porque os
órgãos se gastam é
indicar apenas uma fase
da evolução. Desde,
porém, que admitamos na
célula fecundada uma
certa quantidade de
força vital, tudo se
torna compreensível.
Acreditamos, pois, que
haja uma certa
quantidade de força
vital distribuída por
toda criatura que surge
na Terra; e, como a
geração espontânea não
existe em nossa época, é
por filiação que se
transmite essa força,
aliás só manifesta nos
seres animados.
(N.R.: Monera, ou monere:
designação dada pelo
naturalista alemão
Ernest H. Haechel a
organismos que ele
idealizou e por ele
considerados como o tipo
mais primitivo de ser
vivo.)
(Págs. 35 a 37)
28. Não é só na matéria
e no seu condicionamento
que residem as
propriedades da vida
orgânica. Há nela uma
força vital renovadora,
pois o que caracteriza a
vida é a nutrição
reparadora do dispêndio.
Quando a substância do
músculo operante se
destrói, a força vital
intervém para
reconstituir o tecido,
refazendo as células que
o formam. Nisso está,
precisamente, o que
diferencia da matéria
bruta o ser animado. Na
planta mais ínfima
existe alguma coisa mais
que no mineral, e essa
coisa não repara o corpo
sempre nas mesmas
condições. A refecção
varia com a idade:
integral na juventude,
incompleta na velhice,
tende a diminuir, até
que se extingue.
(Págs. 37 e 38)
29. A
força vital – que não
deixa de ser uma
modificação da energia
universal – não basta,
porém, por si só, para
explicar a forma
característica dos
indivíduos e tampouco
justificaria a
hierarquia sistematizada
de todos os órgãos e sua
sinergia em função de um
esforço comum, visto
serem eles ao mesmo
tempo autônomos e
solidários. Neste ponto
é que se impõe a
intervenção do
perispírito, isto é, de
um órgão que possua as
leis organogênicas,
mantenedoras de fixidez
do organismo, malgrado
as constantes mutações
moleculares. (Pág.
38)
30. Sabemos, por
experimentações
espiríticas, que os
Espíritos conservam a
forma humana, não só por
se apresentarem
tipicamente assim, como
também porque o
perispírito encerra todo
um organismo
fluídico-modelo, pelo
qual a matéria se há de
organizar, no
condicionamento do corpo
físico. Na formação da
criatura vivente, a vida
não fornece como
contingente senão a
matéria irritável do
protoplasma, matéria
amorfa, na qual é
impossível distinguir o
mínimo rudimento de
organização, o mais
insignificante indício
do que venha a ser o
indivíduo. A célula
primitiva é
absolutamente idêntica
em todos os vertebrados.
É forçoso admitir,
portanto, a intervenção
de um novo fator que
determine as condições
construtivas do edifício
vital. (Pág. 39)
31. O perispírito contém
o desenho prévio, a lei
que servirá de regra
inflexível ao novo
organismo e que lhe
assinará o lugar na
escala morfológica,
segundo o grau de sua
evolução. É no embrião
que se executa essa ação
diretiva. (Pág. 39)
32. No desenvolvimento
do embrião, ensina
Claude Bernard, vemos um
simples esboço,
precedente a toda e
qualquer organização.
Nenhum tecido ali se
distingue. Toda a massa
constitui-se de células
plasmáticas e
embrionárias, mas nesse
bosquejo “está traçado o
desenho ideal de um
organismo ainda
invisível”. A ideia
diretriz dessa atuação
vital diz essencialmente
com o domínio da vida e
não pertence à química
nem à física. (Pág.
40)
33. Tomemos, por
exemplo, sementes de
espécies variadas.
Analisando-as
quimicamente, não
encontramos nelas a
menor diferença em sua
composição. Plantemo-las
no mesmo terreno, e
veremos cada qual
submetida a uma ideia
diretiva especial,
diferente das demais.
Durante a vida da
planta, essa ideia
diretriz conservará a
forma característica da
planta, renovar-lhe-á os
tecidos segundo o plano
preconcebido e conforme
o tipo que lhe foi
assinado. Sendo a
matéria primária
idêntica para todas as
plantas, como idêntica é
a força vital para todos
os indivíduos, importa
exista uma outra força
que origine e mantenha a
forma. Ao perispírito
atribuímos esse papel,
tanto no reino vegetal,
como no animal.
(Págs. 40 e 41)
(Continua no próximo
número.)