DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
Pesquisa diz que
brasileiros casados
traem na internet
É impossível um
sentimento de apego
recíproco em meio a uma
fonte de amarguras que
envenenam a existência
de pessoas insatisfeitas
umas com as outras
Recente pesquisa
do Ministério da Saúde
sobre a conduta sexual
dos brasileiros revelou
que 20% de homens e
mulheres casados traíram
seus cônjuges. Em 2008,
só na internet, 10% dos
homens fizerem sexo após
conhecerem suas
parceiras nas chamadas
salas de bate-papo
on-line. Já as
mulheres, 4% delas
concretizaram também o
ato sexual em seguida
aos encontros virtuais.
Desde que o homem é
homem, isto é, ser
humano, há esse tipo de
conduta.
É
prática muito frequente
nos agrupamentos sociais
de tradição monogâmica
judaico-cristã.
Assim como a Internet
favorece o intercâmbio
entre os seres humanos,
aproximando-os,
informando, instruindo,
em suma, facilitando
ainda mais as limitações
da existência,
infelizmente, fomenta
coisas ilícitas, difunde
ideias negativas,
procedimentos
criminosos, imagens
chocantes e obscenas,
além de virar ponto de
encontros amorosos.
Geralmente, nesses
chats de
“relacionamento”, os
diálogos denotam pobreza
de vocábulo, de
gramática, e dá logo uma
ideia da disposição
intelectual e espiritual
dos usuários ocultos sob
a inscrição de
insinuantes nicknames
(apelidos).
A traição conjugal tem
como princípio
o Egoísmo, causa de
danos morais
imprevisíveis e
dolorosos. Junto a outro
sentimento, o Orgulho,
ambos formam uma dupla
inseparável, considerada
“chaga da Humanidade”.(1)
Esses dois aspectos
doentios da alma humana,
sentimentos que andam
juntos, dizem respeito
ao elevado ou exagerado
conceito que alguém tem
de si mesmo, ao
amor-próprio em demasia
ao bem peculiar sem
respeito ao próximo e
seus interesses.
Orgulho e egoísmo:
doenças morais. Entre
tantos procedimentos
irregulares da Alma,
ambos são a causa de
ligações frustradas,
feridas de difícil
cicatrização. Tudo
principia quando o
egoísta e orgulhoso, na
busca frenética de
prazeres excitantes,
permite-se ao devaneio
de uma aventura amorosa.
Devido a caprichos que o
induz ao adultério, ele
pensa unicamente em
viver momentos de
deleite, agindo sem
medir consequências, sem
considerar quem se lhe
encontre mais próximo, o
cônjuge, traindo-lhe a
confiança.
É deveras o maior e mais
humilhante desprezo que
alguém pode sofrer de
outra pessoa. Nessas
circunstâncias, o
rompimento de um pacto
de segurança, de uma
lealdade tida como
recíproca vira ofensa
que, não raro,
desencadeia sérias
perturbações psíquicas
e, em decorrência,
somáticas, muito
custosas.
Ódio e
vingança
O adultério pode
produzir um ódio
profundo. Na conjuntura
do casamento ou do
noivado, ou mesmo de um
simples namoro, pode
sobrevir a vingança que
vai desde uma
indenização até um
homicídio, conforme o
tamanho do desgosto.
Ninguém admite com
tranquilidade esse
descaso, ainda que
previsível, um
verdadeiro golpe na
autoestima. Sendo o
traído mulher ou homem,
o abalo não difere; um
ou outro acaba
recorrendo a psicólogos,
a médicos, a fim de
sanar o sofrimento.
Explica o Espírito André
Luiz que a pessoa se
ressente de uma
influência sobremaneira
perturbadora. Nesses
fatos, segundo o que
inferimos, o lar tende a
se transformar em um
campo de batalha, onde
só há mágoa e repulsa,
dando ensejo a obsessões
espirituais; qualquer
casal está ligado por
justos motivos consoante
a Lei de Causa e Efeito.(2)
A maioria das alianças
sempre foi um tanto
complexa, e as pessoas
nunca se sentem
realizadas, saciadas,
contentes com o que têm.
Homens e mulheres sofrem
esse desprazer que lança
por terra o sentimento
de dignidade pessoal. A
partir dos primórdios da
sua história, visando
somente coisas
utilitárias e gozos
intensos, o homem
tem procurado a ventura
plena, inexistente neste
mundo. Daí ele tentar
supri-la sob os mais
diferentes pretextos, na
busca infrene do prazer
sexual, para tanto,
bastando apenas um
“clique”. Ficou bem mais
discreto trair alguém
através do telefone
celular, do orkut e,
sobretudo, das salas
de bate-papo: dá uma
sensação de segurança e
deixa a pessoa a cômodo
para satisfazer
as suas fantasias.
Não são
infiéis
Há ainda uma espécie de
usuário que se confessa
isento de qualquer
inquietação de
consciência por não
achar nada de mais
trocar mensagens
apaixonadas ou de
conteúdo lúbrico, afora
os que dizem fazer “sexo
virtual”. Por preferirem
digitar frases
libidinosas, ouvir ou
falar ao telefone
expressões picantes, ou
interagir com pessoas
destinadas a isso,
através da pequena
câmera do computador,
garantem sem o menor
escrúpulo que não se
julgam infiéis ao se
satisfazerem com
descomedidas e bizarras
depravações.
Para cientistas, no caso
da traição masculina, a
causa é um gene presente
no “hormônio
vasopressina” que
supunham controlar
apenas a pressão
arterial. Segundo
afirmaram, esse gene diz
respeito ao
comportamento de homens
com tendência para a
infidelidade, “algo mais
forte que eles”.
Cientistas suecos e
americanos chegaram a
essa conclusão baseados
no comportamento sexual
de ratos. Daí,
publicaram um estudo
feito sobre o referido
gene. Conforme um
geneticista ligado a uma
universidade do sul do
país, homens com a
variante curta do gene
tenderiam mais para
promiscuidade e
procedimentos infiéis,
ao passo que aqueles com
a variante longa do
gene, para a monogamia;
no entender do
geneticista, eles seriam
pais afetuosos no que se
refere a filhos, a
cuidar do lar. No
entanto, a mencionada
pesquisa mostrou que, da
mesma forma, mulheres
traem, e a regra para
ambos os sexos é a
comum: um vínculo
amoroso, transitório e
sem compromisso.
Traições
entre cônjuges sempre
foram e sempre serão um
ato de covardia.
Motivados por desagrado
sexual, ou por uma
vingança, ou por motivo
de necessidade íntima do
indivíduo de impor-se, o
adúltero, acima de tudo,
transgride a lei de amor
e caridade ao próximo.
No dia em que prevalecer
o sentimento da alma,
puro e simpático, sobre
o desejo do corpo, das
aparências, as uniões
conjugais serão ditosas
e, portanto, duradouras.(3)
A causa de tanto
rompimento está no modo
exclusivo de a pessoa
pensar apenas em si, em
detrimento de outrem. E
atenção! Deus não obriga
ninguém a viver
forçosamente com
ninguém.(4)
É impossível um
sentimento de apego
recíproco em meio a uma
fonte de amarguras que
envenenam a existência
de pessoas insatisfeitas
umas com as outras.
Percebida a
infidelidade, o melhor
que se tem a fazer é ir
à busca de um
especialista e,
concomitantemente, de
uma ajuda espiritual (há
psicólogos espíritas!).
Pela prece, o ofendido
não muda os fatos, mas
modifica a si mesmo,
adquirindo forças para
administrar uma
manifestação violenta e
repentina de ruptura de
equilíbrio para, em
seguida, perdoar
incondicionalmente. Isso
o torna imune aos
acometimentos da
vingança e lhe
proporciona certa
tranquilidade de
consciência.(5)
Quanto aos cientistas: o
corpo físico e os
elementos do conjunto de
órgãos não traem, e sim
o que dentro do corpo se
encontra: o Espírito.
Referências:
1 -
Allan Kardec, O
Evangelho segundo o
Espiritismo, 62. ed.
São Paulo, Lake
— Livraria Allan
Kardec Editora, 2001,
capítulo 11, item 11, p.
151.
2 -
Francisco Cândido
Xavier, Nos Domínios
da Mediunidade,
pelo Espírito André
Luiz, 22. ed. Rio de
Janeiro, Federação
Espírita Brasileira
(FEB), 1994, capítulo
19, p. 179
3 -
Kardec, O Livro dos
Espíritos, 62. ed.
São Paulo, Lake, 2001,
livro 4ọ,
cap. 1ọ,
questão 939, p. 312.
4 - Ibidem. Q.
940, p. 312.
5 -
Francisco
Cândido Xavier, Nos
Domínios da Mediunidade,
André Luiz, cap.
20, p. 189.