MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
1)
Damos início hoje ao
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como conceituar a
prece?
Conforme palavras do
ministro Clarêncio, a
prece, qualquer que ela
seja, é ação provocando
a reação que lhe
corresponde. Às vezes
paira na região em que
foi emitida ou se eleva
mais ou menos, recebendo
resposta imediata ou
remota, conforme suas
finalidades. Almas
enobrecidas amparam os
impulsos de expressão
mais nobre. Ideais e
petições de grande
significação remontam às
alturas. Cada prece
caracteriza-se por
determinado potencial
de frequência e todos
nós estamos cercados por
Inteligências capazes
de sintonizar com o
nosso apelo, à maneira
de estações receptoras,
visto que a Humanidade
Universal constitui-se
de criaturas de Deus, em
diversas idades e
posições.
(Entre a Terra e o Céu,
cap. I, pp. 9 e 10.)
B. Como entender o mal e
suas consequências?
O mal – diz Clarêncio –
é sempre um círculo
fechado sobre si mesmo,
guardando
temporariamente aqueles
que o criaram, qual se
fora um quisto de curta
ou longa duração, a
dissolver-se, por fim,
no bem infinito, à
medida que se reeducam
as Inteligências que a
ele se aglutinam e
afeiçoam. É por isso que
o Senhor tolera a
desarmonia, para que,
através dela mesma, se
efetue o reajustamento
moral dos que a
sustentam, uma vez que
o mal reage sobre
aqueles que o praticam.
Somos todos senhores de
nossas criações e, ao
mesmo tempo, delas
escravos infortunados
ou felizes tutelados.
"Pedimos e obtemos, mas
pagaremos por todas as
aquisições", acentuou
Clarêncio. "A
responsabilidade é
princípio divino a que
ninguém poderá fugir."
(Obra citada, cap. I,
pp. 10 a 12.)
C. Que é oração
refratada?
A prece ou oração
refratada é aquela cujo
impulso luminoso tem sua
direção desviada,
passando a outro
objetivo. (Obra
citada, cap. II, pp. 13
a 15.)
Texto
para leitura
1. Nosso "hoje"
será a luz ou a treva do
nosso "amanhã" -
No prefácio, Emmanuel
informa que da história
contida neste livro
destacam-se os
impositivos do respeito
que nos cabe consagrar
ao corpo físico e do
culto incessante de
serviço ao bem, para
retirarmos da romagem
terrena as melhores
vantagens com vistas à
vida imperecível.
Nenhuma situação
espetaculosa nele iremos
encontrar. Em suas
páginas o que veremos é
a vida comum das almas
que aspiram à vitória
sobre si mesmas,
valendo-se dos tesouros
do tempo para a
aquisição de luz
renovadora. André reuniu
nesta obra quadros e
situações que são comuns
nos lares terrenos, e
sobre tais fatos, por
ensinamento central, ele
nos mostra a necessidade
da valorização dos
recursos que o mundo nos
oferece para a
reestruturação do nosso
destino. "Em muitas
ocasiões, somos
induzidos – diz Emmanuel
– a fitar a amplidão
celestial, incorporando
energia para conquistar
o futuro; entretanto,
muitas vezes somos
constrangidos a observar
o trilho terrestre, a
fim de entender o
passado a que o nosso
presente deve a sua
origem". Neste livro
somos, pois, forçados a
contemplar-nos por
dentro, em nossas
experiências e
possibilidades, "para
que não nos falhe o
equilíbrio à jornada
redentora, no rumo do
porvir". É como se dele
uma voz inarticulada do
Plano Divino nos
falasse: "A Lei é viva
e a Justiça não falha!
Esquece o mal para
sempre e semeia o bem
cada dia!... Ajuda aos
que te cercam,
auxiliando a ti mesmo! O
tempo não para, e, se
agora encontras o teu
ontem, não olvides que
o teu hoje será a luz ou
a treva do teu
amanhã!..." (Prefácio,
págs. 7 e 8)
2. Toda prece
provoca uma reação
correspondente -
Clarêncio comentava, no
Templo do Socorro, em
"Nosso Lar", a
sublimidade da prece, e
todos o ouviam com a
melhor atenção. "Todo
desejo – dizia o
Ministro – é manancial
de poder. A planta que
se eleva para o alto,
convertendo a própria
energia em fruto que
alimenta a vida, é um
ser que ansiou por
multiplicar-se..." Um
dos ouvintes lembrou,
contudo, que todo
peditório reclama quem
ouça. Assim, quem teria
respondido aos rogos,
sem palavras, da
planta? Clarêncio
respondeu, tranquilo: "A
Lei, como representação
de nosso Pai Celestial,
manifesta-se a tudo e a
todos, através dos
múltiplos agentes que a
servem. No caso a que
nos reportamos, o Sol
sustentou o vegetal,
conferindo-lhe recursos
para alcançar os
objetivos que se
propunha atingir". E,
com significativo entono
na voz, o Benfeitor
continuou: "Em nome de
Deus, as criaturas,
tanto quanto possível,
atendem às criaturas.
Assim como possuímos em
eletricidade os
transformadores de
energia para o adequado
aproveitamento da força,
temos igualmente, em
todos os domínios do
Universo, os
transformadores da
bênção, do socorro, do
esclarecimento... As
correntes centrais da
vida partem do
Todo-Poderoso e descem a
flux, transubstanciadas
de maneira infinita. Da
luz suprema à treva
total, e vice-versa,
temos o fluxo e o
refluxo do sopro do
Criador, através de
seres incontáveis,
escalonados em todos os
tons do instinto, da
inteligência, da razão,
da humanidade e da
angelitude, que
modificam a energia
divina, de acordo com a
graduação do trabalho
evolutivo, no meio em
que se encontram".
Clarêncio informou,
então, que cada degrau
da vida está superlotado
por milhões de
criaturas: "O caminho da
ascensão espiritual é
bem aquela escada
milagrosa da visão de
Jacob, que passava pela
Terra e se perdia nos
céus... A prece,
qualquer que ela seja, é
ação provocando a reação
que lhe corresponde". O
Instrutor explicou que a
prece às vezes paira na
região em que foi
emitida ou se eleva
mais, ou menos,
recebendo resposta
imediata ou remota,
conforme as suas
finalidades. Almas
enobrecidas amparam os
impulsos de expressão
mais nobre... Ideais e
petições de grande
significação remontam às
alturas... Cada prece,
esclareceu Clarêncio, se
caracteriza por
determinado potencial
de frequência e todos
nós estamos cercados por
Inteligências capazes
de sintonizar com o
nosso apelo, à maneira
de estações receptoras,
visto que a Humanidade
Universal constitui-se
de criaturas de Deus, em
diversas idades e
posições... (Cap. I,
págs. 9 e 10)
3. O mal reage
sobre aqueles que o
praticam -
Clarêncio deixou claro
que no Reino Espiritual
devemos considerar
também os "princípios da
herança". Cada
consciência, à medida
que se aperfeiçoa e se
santifica, aprimora em
si qualidades do Pai,
harmonizando-se,
gradativamente, com a
Lei. "Quanto mais
elevada a percentagem
dessas qualidades num
espírito, mais amplo é
o seu poder de cooperar
na execução do Plano
Divino, respondendo às
solicitações da vida, em
nome de Deus",
acrescentou o Ministro.
Ele esclareceu, contudo,
que devemos abster-nos
de utilizar a palavra
"prece", quando uma
pessoa invoca as forças
espirituais para
propósitos malignos.
"Quando alguém nutre o
desejo de perpetrar uma
falta está invocando
forças inferiores e
mobilizando recursos
pelos quais se
responsabilizará",
explicou o Instrutor.
Podemos, então, através
dos impulsos infelizes
da alma, descer às
desvairadas vibrações da
cólera ou do vício e com
facilidade cair no poço
do crime, ligando-nos de
imediato a certas mentes
estagnadas na
ignorância, que se
fazem instrumentos de
nossas baixas
idealizações ou das
quais nos tornamos
joguetes. Nossas
aspirações movimentam
energias para o bem ou
para o mal; a escolha é
nossa. Daí o cuidado com
a direção que lhes
dermos, visto que nosso
pensamento voará diante
de nós, atraindo e
formando a realização
que nos propomos
atingir... O Ministro
lembrou, ainda, "que o
mal é sempre um círculo
fechado sobre si mesmo,
guardando
temporariamente aqueles
que o criaram, qual se
fora um quisto de curta
ou longa duração, a
dissolver-se, por fim,
no bem infinito, à
medida que se reeducam
as Inteligências que a
ele se aglutinam e
afeiçoam". É por isso
que o Senhor tolera a
desarmonia, para que,
através dela mesma, se
efetue o reajustamento
moral dos que a
sustentam, de vez que o
mal reage sobre aqueles
que o praticam. Somos
todos senhores de nossas
criações e, ao mesmo
tempo, delas escravos
infortunados ou felizes
tutelados. "Pedimos e
obtemos, mas pagaremos
por todas as
aquisições", acentuou
Clarêncio. "A
responsabilidade é
princípio divino a que
ninguém poderá fugir."
(Cap. I, págs. 10 a 12)
4. Uma oração
refratada -
Atendendo a um pedido
que veio da Crosta,
Clarêncio passou a
examinar um pequeno
gráfico que uma auxiliar
do Templo do Socorro lhe
entregou. Exibindo o
documento que trazia nas
mãos, o Ministro
explicou: "Temos aqui
uma oração comovedora
que superou as linhas
vibratórias comuns do
plano de matéria mais
densa. Parte de uma
devotada servidora que
se ausentou de nossa
cidade espiritual, há
precisamente quinze anos
terrestres, para
determinadas tarefas na
reencarnação". Informou
que referida jovem
recebia ainda a
orientação dos
Instrutores Espirituais
de "Nosso Lar" e,
respondendo a uma dúvida
suscitada por Hilário,
reportou-se à
complexidade do programa
reencarnatório,
afirmando que quanto
mais vastos os recursos
espirituais de quem
retorna à carne, mais
complexo o mapa de
trabalho a ser
obedecido. "Quase todos
temos do pretérito
expressivo montante de
débito a resgatar e
todos somos desafiados
pelas aquisições a
fazer. Nisso está o
programa, significando
em si uma espécie de
fatalidade relativa no
ciclo de experiências
que nos cabe atender;
entretanto, a conduta é
sempre nossa e, dentro
dela, podemos gerar
circunstâncias em nosso
benefício ou em nosso
desfavor", elucidou o
Ministro, que mostrou
que o livre arbítrio,
também relativo, "é uma
realidade inconteste em
todas as esferas de
evolução da
consciência", mas em
todos os planos
marchamos em verdadeira
interdependência: os
filhos precisam dos
pais, os doentes
necessitam dos médicos,
os moços não prescindem
do aviso dos mais
velhos... No caso em
foco, tratava-se de uma
oração refratada, que,
diante da ignorância
geral, foi assim
definida por Clarêncio:
"A prece refratada é
aquela cujo impulso
luminoso teve a sua
direção desviada,
passando a outro
objetivo". Evelina, a
jovem cuja reencarnação
fora garantida pelos
Instrutores de "Nosso
Lar", é quem,
encontrando-se em
extremas dificuldades,
fizera aquele apelo em
favor do pai, às voltas
com a saúde
periclitante, e da
madrasta, que vinha
sofrendo obstinada
perseguição por parte de
Odila, a própria mãe
desencarnada da
suplicante. (Cap. II,
págs. 13 a 15)
(Continua no próximo
número.)