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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 124 - 13 de Setembro de 2009

LEONARDO MACHADO
leomachadot@gmail.com
Recife, Pernambuco (Brasil)
 

 Juventude e sexualidade

O uso da sexualidade reclama equilíbrio e responsabilidade,
muito mais que puritanismo e ideias pré-formuladas,
porém não meditadas

“Pois que somos templo de Deus vivo.” Paulo (1)

 
Dentre as várias temáticas que permeiam a modernidade, a sexualidade, certamente, ganha papel de importância. Isto porque, embora seja reiterada e às vezes denegrida, a energia sexual é força inerente a toda criatura humana. Na realidade, à própria vida (2). E, de fato, Freud, o eminente pai da psicanálise, surpreendeu o mundo ao declarar que, desde a infância, o homem traz em sua constituição uma carga desta energia. 

Analisando-se ainda mais a questão, vê-se que, desde os reinos inferiores da natureza, esta potência aparece com grande impulso. Assim, cada indivíduo traz em si, mais ou menos, a herança das experiências sexuais adquiridas (3), do ponto de vista reencarnacionista, em vidas pretéritas; e, do ponto de vista evolucionista, no processo evolutivo, o qual tem seus primórdios ainda entre os animais irracionais, quando, então, gerava-se o instinto sexual.  

Esta sexualidade, portanto, está posta no universo para garantir as suas perpetuidades, felicidade e harmonia, sendo ela mesma um “recurso da lei de atração”, e, assim, uma faceta do amor (4).  

Por tudo isto, muito embora no estágio da Terra ela se exprima primordialmente pelo ato sexual, a sua manifestação pode-se dar por diversas formas, uma vez que o impulso de criatividade é uma de suas fundamentais características (5). E, desse modo, ao mesmo tempo em que pode ser sublimada, dá margens para ser transformada em outras criações, também, a serviço da humanidade.  

É desta forma que se consegue entender indivíduos invulgares que conseguem abster-se da cópula, muito embora recoloquem esta força em prol de outras atividades nobres em prol da humanidade.  

Paralelamente a isto, a juventude se apresenta para o ser como sendo o período de intenso transbordar de energia (6), isto se refletindo na chamada puberdade, forte momento de transição corpórea em que o corpo do jovem não é mais igual ao de uma criança. No aspecto espiritual, igualmente, a Doutrina Espírita explica que o Espírito, muito embora já tenha encerrado seus laços reencarnatórios fluídicos no momento do nascimento pelo parto, somente neste novo período fascinante vai, mais ou menos inconscientemente, relembrando de suas tendências de vidas passadas (7).  

Desta forma, também no aspecto de como será conduzida a sua sexualidade, é nesta faixa que se tomam decisões, tão delicadas, quão importantes, as quais, muitas vezes, serão decisivas no desenrolar da vida.  

Importa, portanto, colega jovem, considerares que não são somente interações biológicas que se efetuam durante o fazer sexual, mas igualmente “se estabelece um circuito de forças pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade” (8). Além disso, pelo simples fato de o ser humano não ser uma máquina, faz-se, mais ou menos intensamente, um verdadeiro compromisso afetivo de elevado ou baixo teor.  

O uso da sexualidade, pois, reclama equilíbrio e responsabilidade, muito mais que puritanismo e ideias pré-formuladas, porém não meditadas.  

Desta maneira, em todo ato, e em especial nesta área, vale a pena recorrer a algumas perguntas antes de se entregar à consumação dos fatos: para quê eu irei fazer isto? Como ficarei depois de fazer isto? Será que tenho condições de arcar com todas as consequências disto? 

Estas servem tanto para novas experiências no campo sexual, como para a primeira. Aliás, no último caso, pelo grande passo que representa, é comum aparecerem algumas questões como – “Quando ter a primeira experiência sexual?”. 

Na realidade, não há passagens do Novo Testamento, nem da Codificação Espírita que indiquem uma faixa etária específica para se iniciar nesta área. Aliás, estes livros esclarecem e nos chamam à responsabilidade de assumir os próprios atos. Contudo, há que se levar em conta as três perguntas acima, e outras mais, para se verificar se, realmente, se está em condições para tal.  

Como explica Ivan de Albuquerque, e concordamos com ele, muito embora seja questão pertinente ao casal, se este deverá “vivenciar o sexo carnal, antes ou após o casamento”, o importante é saber como se ficará “depois das intimidades, perante as consequências fisiológicas e psicológicas que se apresentarão” (9). 

Vale salientar, entretanto, que, em matéria de sexualidade, a precipitação, a mais das vezes, sempre gera consequências desditosas.  

Mas, afinal, por qual motivo a pressa, se esta energia pode ser convertida em outras áreas também prazerosas? Sim, porque, se ela é eminentemente uma energia criativa, pode ser, igualmente, canalizada para outras esferas da vida. Aliás, inúmeros jovens lograram, no eclodir das energias sexuais na adolescência, por não se sentirem preparados para empreendimentos em tal esfera, realizar grandes feitos em outros campos, como nas artes, nas ciências, na filosofia e na religião.  

Sendo assim, jovem, relembremos que, conforme falou Paulo, somos templo de Deus vivo e, por isso mesmo, devemos utilizar as nossas potencialidades de maneira equilibrada e pensada, uma vez que, como aconselhou o mesmo apóstolo, tudo nos é permitido, “mas nem tudo edifica” (10).

 

Referências:

1) 2 Cor 6:16.

2) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. 4.ed. Vida e Sexo. Rio de Janeiro : FEB, p.25.

3) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. 4.ed. Vida e Sexo. Rio de Janeiro : FEB, p.102.

4) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. 4.ed. Vida e Sexo. Rio de Janeiro : FEB, p. 10 e 25.

5) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. 4.ed. Vida e Sexo. Rio de Janeiro: FEB, p.25.

6) Denis, Léon. O Grande enigma. 10.ed. Rio de Janeiro : FEB, p.200-201.

7) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. 86.ed. Rio de Janeiro : FEB, questão 385.

8) Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. Vida e Sexo. 4.ed. Rio de Janeiro : FEB, p.30.

9) Teixeira, Raul. Pelo Espírito Ivan de Albuquerque. Cântico da Juventude. 1.ed. Rio de Janeiro : Editora Frater, 1990, p. 78.

10) 1 Cor 10:23.


 


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