– Em 18 de
abril de
1857, 31
anos antes
da
assinatura
da Lei
Áurea, O
Livro dos
Espíritos
já ensinava
que a
escravidão é
contrária à
natureza e
um abuso da
força. Para
os
Espíritos, o
homem que se
vale da
escravidão é
sempre
culpado. Só
os
ignorantes,
aqueles que
desconhecem
o
Cristianismo
– dizem os
Espíritos –
é que podem
contar com
fatores
atenuantes
diante da
prática
desse abuso.
Estará aí,
nessa
exploração
abusiva,
injusta e
cruel, a
fonte dos
males morais
e materiais
que se têm
abatido com
todo o vigor
sobre a
nação
brasileira?
A culpa por
tantos
desmandos,
pelo
arbítrio,
pelo
tratamento
desumano,
que
caracterizaram
o sistema
escravista,
é uma dívida
do País ou
apenas de
alguns
brasileiros
que se
envolveram
diretamente
com o
tráfico e o
uso de
escravos?
Raul
Teixeira:
Não podemos
olvidar que
múltiplos
senhores e
senhoras de
escravos,
além de
tantos que
tiraram
proveito
dessa
prática
espúria,
acham-se
reencarnados
de novo
sobre o solo
do Brasil, a
fim de
quitarem,
por meios
diversos, os
pesados ônus
da
lesa-fraternidade
e da
lesa-humanidade
dos períodos
escravagistas
do nosso
País. Tendo
sido parte
da
legislação
do País
aceita pelos
governos e
pelo povo,
em geral, é
notório o
comprometimento
com o
escravismo,
que, sem
dúvida,
repercute
hoje sobre a
consciência
da vida
nacional,
até que se
hajam
transformado,
com amor e
trabalho, as
energias
viciadas que
ainda marcam
o psiquismo
do Brasil.
Extraído de
entrevista
concedida
por J. Raul
Teixeira ao
jornal O
Imortal,
edição de
maio de
1988.