A pena de morte
em uma
perspectiva
espírita
Quando os homens
estiverem mais
esclarecidos, a
pena
de morte
será
completamente
abolida na Terra
Em 399 a.C., o
filósofo
Sócrates,
acusado de
"desrespeitar os
deuses da
cidade" e de
"corromper a
juventude", foi
condenado pelos
atenienses a
beber cicuta. O
Código de
Hamurabi, na
Babilônia,
estabelecia que
o arquiteto que
construísse uma
casa sem solidez
e viesse a
desabar,
provocando a
morte do
proprietário,
deveria morrer.
Na Roma antiga,
pré-Julio César,
além de outros
suplícios, a
pena capital era
executada por
decapitação ou
enforcamento. Os
hebreus
preferiam a
decapitação –
para eles, na
cabeça estava a
culpa de delito.
A partir de
1231, a
Inquisição
vaticanista
começa a
disseminar
terrível sistema
repressivo de
condenação. O
"Santo Ofício"
foi instituído
para assegurar a
integridade dos
dogmas da Igreja
Católica e para
vigorar em seu
interior. Sua
base de
influência foi
ampliada e
espalhou-se
pelos reinos
europeus. No
caso de heresia,
o réu era
condenado à
morte pela
Igreja e
executado pelo
aparelho do
Estado. Dessa
forma, a Igreja
não "sujava as
mãos" de sangue
e as autoridades
do Governo
cumpriam um
dever religioso.
Em um mundo
convulsionado
pela violência
urbana e por
atos terroristas
cada vez mais
cruéis e
impiedosos, o
debate sobre a
pena de morte
acaba sempre
surgindo. Esse
debate remete à
questão de saber
se é moral e/ou
juridicamente
lícito, por
parte do Estado,
matar para punir
nas formas de um
processo legal.
O primeiro
pensador a
escrever contra
a ideia da pena
de morte foi o
jurista italiano
Cesare Bonesana
(foto),
marquês de
Beccaria
(1738-94). Seus
precursores só
questionavam os
excessos, não a legitimidade da
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penalidade.
Essa foi
a grande
inovação
de seu
pequeno
livro
intitulado
"Dos
delitos
e das
Penas",
que
sistematizou
as
críticas
aos
antigos
regimes
de
punição,
estabelecendo
premissas
que
serviriam
de base
para a
edição
dos
códigos
da época
moderna. |
Pensar que a
pena de morte
irá inibir o
criminoso é
ledo engano
A maioria dos
legisladores,
antes do
movimento
Iluminista,
seguia a linha
de Drácon, que
preconizava: "a
pena de morte
era justa para
os pequenos
ladrões, e para
os outros crimes
mais graves
ainda não
encontrara,
infelizmente,
uma pena maior".
A pena de morte
- ou assassinato
legalizado - é
uma das
possíveis
penalidades de
que o Estado
dispõe como
detentor do
monopólio da
força e das
várias maneiras
do exercício da
lei. Porém, o
Estado dispõe de
penas
alternativas e,
portanto, não é
obrigado a matar
para aplicar a
lei. Analisar se
a pena de morte
deve ser
imposta, porque
é mais
intimidatória do
que outro
corretivo, é
falácia, basta
constatarmos os
altos índices de
crimes nos
estados
norte-americanos
que adotam essa
prática. A
debilidade desse
argumento reside
no fato de que
não foi obtida
nenhuma
comprovação
segura da força
dissuasória da
pena capital.
Pensar que a
pena de morte
irá inibir o
criminoso é ledo
engano. O
criminoso não
cogita sobre seu
insucesso! Por
isso mesmo, sem
seus
enlouquecidos
planos, nunca
são consideradas
as consequências
jurídicas para
seus atos. Na
verdade, o
delinquente
nunca admite seu
possível
fracasso! O
êxito, segundo
pensa, será dele
e nunca da
lei!...
Reflitamos que a
execução da pena
de morte torna
irremediável o
erro judiciário.
Não há tratado
sobre a pena
capital que não
cite casos
exemplares da
prova da
inocência do
suposto culpado,
descoberta após
a execução do
réu. Por isso,
muitos afirmam
que é melhor que
se salve um
criminoso do que
deixar morrer um
inocente. Nos
EUA, já foram
registradas
centenas de
condenações
errôneas e
várias pessoas
foram executadas
e outras
apodreceram na
prisão. Em 1989,
um Tribunal de
Tóquio declarou
a inocência de
Masao Akabori,
condenado à
morte pelo
assassinato de
uma criança e
preso desde
1954. A
confissão, que
sustentou a
sentença, foi
obtida em face
das torturas
sofridas nas
mãos dos
policiais.
Depois de 12.600
dias (34 anos),
à espera do
enforcamento,
Masao foi solto,
com a
expectativa de
receber uma
indenização de
quase 1 milhão
de dólares, do
governo japonês.
Lembremos que
Deus sempre
reserva um
lugar
para a
misericórdia
Por precauções
éticas, no
Ocidente,
debate-se para
que a pena
máxima seja cada
vez mais rápida,
higiênica e
indolor.
Comparemos os
métodos: a
guilhotina é de
1792, a cadeira
elétrica, de
1889, a câmara
de gás, de 1923
e, mais recente,
a injeção letal,
que surgiu em
1977. Nesse
sentido, pode-se
afirmar que, em
matéria de
execuções
"suaves",
entramos na "era
da injeção
letal", hoje
adotada por
diversos estados
americanos. A
Revista IstoÉ,
de 3 de março de
1999, informou
que no Texas
(EUA), em
fevereiro de
1999, um júri
condenou o
racista John
William King à
pena de morte
por injeção
letal. King foi
condenado por
ter matado, com
requintes de
extrema
perversidade, o
negro James Byrd
Jr.,
arrastando-o
pelo asfalto,
preso à sua
camionete.
Da constatação
de que
"violência gera
violência", é
inaceitável
qualquer
arrazoado mais
forte a favor da
pena máxima,
ainda mesmo
diante de crimes
horrendos. Hoje,
mais do que
nunca, a paz
social também se
atrela à
interrupção
desse sistema. A
abolição da pena
máxima é,
apenas, um
pequeno começo.
Mas é grande o
abalo que ela
produzirá na
prática e na
própria
concepção dos
códigos de
justiça do poder
(de vida e
morte) do
Estado.
Lembremos que
Deus sempre
reserva um lugar
para a
misericórdia.
Não tem lógica
matarmos um ser
humano, mediante
pena máxima a
ele atribuída,
se estaremos
agindo,
exatamente,
conforme eles,
os criminosos,
fizeram para
merecer extrema
condenação.
Segundo o
Relatório da
Anistia
Internacional,
das mais de
5.000 execuções
realizadas em
1996, entre os
94 países que
adotam a pena
capital, 93% das
punições
ocorreram em
apenas 4 países:
China, Ucrânia,
Rússia e Irã. A
China é, de
longe, a
recordista.
Mandou executar,
por fuzilamento,
4.400 pessoas
(85% do total
mundial).
Em fevereiro de
1993, o
Instituto de
Pesquisa
Datafolha
verificou, em
122 municípios
brasileiros, que
55% da população
eram favoráveis
à pena extrema e
38% contra.
Porém, essa
pesquisa estava
sob o impacto de
dois crimes de
grande
repercussão: o
assassinato da
atriz Daniela
Perez, no Rio de
Janeiro, e o da
menina Míriam
Brandão, em Belo
Horizonte. Os
dois crimes
espremeram o
País para uma
situação-limite,
até porque o
levantamento
realizado 17
meses antes,
pelo mesmo
instituto de
pesquisa,
apontou números
diferentes: 46%
a favor e 43%
contra a pena
capital.
Numa época ainda
distante a pena
de morte
será
abolida na Terra
A Constituição
protege o
cidadão da
vontade da
maioria, muitas
vezes marcada
pela
irracionalidade
passional. Isso
porque, quando
ocorrem esses
crimes mais
violentos, os
arsenais da
mídia são
acionados na
polemização do
tema. No
contexto dessas
circunstâncias,
a pena de morte
aparece, sempre,
como solução
miraculosa.
Pinta-se essa
tese com cores
tão fortes a
ponto de levar
parte da
população a
acreditar na
validade desse
flagelo moral,
que, a rigor,
deveria ter
ficado nos
tempos dos
hominídeos.
Destarte,
devemos ponderar
que propor a
extinção do
crime
marginalizado
pelo crime
legalizado é
demonstrar uma
profunda
irracionalidade.
Poder-se-ia
implantar no
Brasil, por
exemplo, uma
segregação mais
longa. Quem
sabe, a prisão
perpétua para
determinados
crimes.
Lamentavelmente,
dos 58 Estados
norte-americanos,
38 praticam a
pena máxima e
cerca de 70% dos
americanos se
declaram
favoráveis à
pena de morte.
Os Benfeitores
Espirituais,
contudo,
afirmam, na
questão 760 de
O Livro dos
Espíritos,
que "a pena de
morte
desaparecerá e
sua supressão
assinalará um
progresso da
humanidade”.
“Quando os
homens estiverem
mais
esclarecidos, a
pena de morte
será
completamente
abolida na
Terra. Não mais
precisarão os
homens de ter
que ser julgados
pelos homens.
Refiro-me a uma
época ainda
muito distante
de vós."
O Universo é
movido pelo Amor
de Deus e, na
sua Criação, o
Pai Celeste
estabeleceu Leis
que nos regem os
destinos. Para
nós, o modelo de
vida é Jesus
Cristo! Ele nos
ensinou o Perdão
e o Amor ao
próximo, como
roteiros de paz
e justiça para
todos os homens.
Fontes:
Revista "Isto É"
Número 1535,
edição de
03/03/1999
Jornal Correio
Braziliense,
Edição de
12/08/1998
Jornal de
Brasília, Edição
de 23/09/1998
Jornal Folha de
São Paulo,
Edição de
26/05/1998
Revista O
Espírita/DF
Edição de jul/set
de 1997
Kardec Allan. O
Livro dos
Espíritos, RJ:
Ed. Feb 1997,
questão 760
Carvalho Filho
Luiz Francisco.
O que é a Pena
de Morte, São
Paulo: Ed.
Brasiliense,
1995.
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