A Revue Spirite
de 1864
Allan Kardec
(Parte
14)
Damos prosseguimento
nesta edição ao estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1864. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 26
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Que adjetivo Kardec
usou numa referência
direta ao Cristianismo?
Comentando um texto
publicado pelo padre
Marin de Boylesve, da
Companhia de Jesus, no
qual é dito que as
questões do milagre e do
diabo são essenciais
para a sobrevivência
futura do Cristianismo,
Kardec disse que é muito
frágil a religião que
teme o avanço das ideias
e as descobertas
científicas; contudo, ao
contrário do que afirmou
o padre Boylesve, o
Cristianismo, tal qual
saiu da boca de Jesus,
mas apenas tal qual
saiu, é invulnerável,
porque ele é a lei de
Deus.
(Revue Spirite de 1864,
pág. 202.)
B. É possível a aliança
entre a ciência e a
religião?
Sim. “Se fosse
impossível o acordo
entre a ciência e a
religião, não haveria
religião possível”,
asseverou o Codificador,
acrescentando que a
ciência e a religião são
irmãs para a maior
glória de Deus e se
devem completar
reciprocamente, ao invés
de se desmentirem.
(Obra citada, pp. 203 e
204.)
C. Pode um Espírito ser
mergulhado nas trevas?
Sim. Comentando uma
comunicação espontânea
obtida na Sociedade
Espírita de Paris, por
meio da Sra. Costel,
Kardec disse que,
enquanto uns Espíritos
são mergulhados nas
trevas, outros são
imersos em ondas de luz,
que os ofuscam e
penetram, como setas
agudas. Precipitar um
homem nas trevas ou em
ondas de luz pode
trazer, portanto, o
mesmo resultado. É que,
diversamente do que
ocorre com a justiça
humana, a justiça divina
determina que as
punições devem
corresponder ao grau de
adiantamento dos seres
aos quais são aplicadas.
Igualdade de crime não
constitui igualdade de
pena entre eles. Dois
homens culpados no mesmo
grau podem ser separados
pela distância das
provações, que mergulham
um na opacidade
intelectual, ao passo
que o outro conserva a
lucidez. Então, não são
mais as trevas que
castigam, mas a acuidade
da luz.
(Obra citada, pp. 218 a
220.)
Texto para leitura
162. O perigo que uma
transformação desse
porte pode trazer à
Igreja é formulado na
seguinte passagem de uma
brochura publicada pelo
padre Marin de Boylesve,
da Companhia de Jesus:
“Há, entre outras, uma
questão que, para a
religião cristã, é de
vida ou de morte: a
questão do milagre. A do
diabo não o é menos.
Tirai o diabo, e o
cristianismo desaparece.
Se o diabo não passar de
um mito, a queda de Adão
e o pecado original
entrarão nas regiões da
fábula. Por conseguinte
a redenção, o batismo, a
Igreja, o cristianismo,
numa palavra, não têm
mais razão de ser”. (P.
202)
163. Ora - diz Kardec -,
é muito frágil a
religião que teme o
avanço das ideias e as
descobertas científicas;
contudo, ao contrário do
que afirma o padre
Boylesve, o
cristianismo, tal qual
saiu da boca de Jesus,
mas apenas tal qual
saiu, é invulnerável,
porque ele é a lei de
Deus. (P. 202)
164. As religiões
sofrem, mau grado seu, a
influência do movimento
progressivo das ideias e
uma necessidade fatal as
obriga a se manterem no
nível do movimento
ascensional, sob pena de
submergirem. “Se fosse
impossível o acordo
entre a ciência e a
religião, não haveria
religião possível”,
assevera o Codificador,
acrescentando que a
ciência e a religião são
irmãs para a maior
glória de Deus e se
devem completar
reciprocamente, ao invés
de se desmentirem. (PP.
203 e 204)
165. Havendo o jornal de
Constantinopla publicado
três extensos artigos
contra o Magnetismo e o
Espiritismo, os
espíritas daquela cidade
se encarregaram de
responder aos ataques,
em dois artigos
publicados pelo mesmo
jornal. Em carta
dirigida a Kardec, o
advogado B. Repos Filho
resumiu o clima adverso
existente na citada
cidade. “Aqui começou -
disse ele - a
perseguição surda que
anunciastes. Um dos
nossos irmãos deveu à
sua qualidade de
espírita a perda do
emprego, outros são
atacados, ameaçados em
seus mais caros
interesses de família ou
nos meios de
subsistência, pelas
tenebrosas manobras dos
eternos inimigos da luz,
que ousam dizer que o
Espiritismo é obra do
anjo das trevas! Se é
assim que julgam
extingui-lo,
enganam-se.” “Teria a
ideia cristã sido
abafada no sangue dos
mártires?” (PP. 204 a
210)
166. A
Revue transcreve
uma crônica favorável ao
Espiritismo publicada no
Jornal do Comércio
do Rio de Janeiro, em
23-9-1863. Comentando o
assunto, Kardec
escreveu: “Constatamos
com satisfação que a
ideia espírita faz
sensíveis progressos no
Rio de Janeiro, onde
conta numerosos
representantes
fervorosos e devotados”.
E acrescentou: “A
pequena brochura O
Espiritismo em sua
expressão mais simples,
publicada em
português, não
contribuiu pouco para
ali espalhar os
verdadeiros princípios
da doutrina”. (P. 212)
167. Reportando-se a uma
carta que um confrade de
Port-Louis, de Ilha
Maurícia, publicou no
jornal Progrés
Colonial, tendo o
Pe. de Régnon por
destinatário, Kardec
observa: “Se o
Espiritismo tem
detratores, também tem
defensores por toda a
parte, mesmo nas regiões
mais afastadas”. (PP.
213 e 214)
168. Do número de junho
de 1863 da Revue
Spirite d’Anvers, a
Revue transcreve
uma matéria em que se
comenta o forte
movimento que então se
fazia no seio da Igreja
contra o Espiritismo.
(PP. 215 e 216)
169. A
propósito de uma
comunicação espontânea
obtida na Sociedade
Espírita de Paris, sendo
médium a Sra. Costel,
informa Kardec que,
enquanto uns Espíritos
são mergulhados nas
trevas, outros são
imersos em ondas de luz,
que os ofuscam e
penetram, como setas
agudas. (P. 218)
170. Em nota posta
depois de uma mensagem
do Espírito de
Lamennais, Kardec
explica que expiação
é o sofrimento que
purifica e lava as
manchas do passado.
Depois da expiação, o
Espírito está
reabilitado. Há,
contudo, sofrimentos que
podem não ter proveito
para aquele que os
suporta, se tais
sofrimentos não o
tornarem melhor, se não
o elevarem acima da
matéria, se ele não vir
neles a mão de Deus, se
não o fizerem dar um
passo à frente. (P. 219)
171. Precipitar um homem
nas trevas ou em ondas
de luz pode trazer,
portanto, o mesmo
resultado. É que,
diversamente do que
ocorre com a justiça
humana, a justiça divina
determina que as
punições devem
corresponder ao grau de
adiantamento dos seres
aos quais são aplicadas.
Igualdade de crime não
constitui igualdade de
pena entre eles. Dois
homens culpados no mesmo
grau podem ser separados
pela distância das
provações, que mergulham
um na opacidade
intelectual, ao passo
que o outro conserva a
lucidez. Então, não são
mais as trevas que
castigam, mas a acuidade
da luz. (P. 220)
172. Na seção de livros,
a Revue noticia a
publicação do livro A
Educação Materna
(Conselhos às Mães de
Família),
psicografado pela Sra.
Collignon, de Bordeaux,
de autoria de Étienne
(Espírito).(P.
221)
173. Kardec noticia
também a edição em
língua russa de seu
livro O Espiritismo
na sua expressão mais
simples, impresso em
Leipzig por Baer &
Hermann. (P. 223) (Continua no próximo
número.)